CRUZEIRO

‘Gilvan impediu venda que zeraria a dívida do Cruzeiro’, diz ex-dirigente

Segundo o ex-gerente de futebol do Cruzeiro, Valdir Barbosa, ex-presidente Gilvan Tavares pediu a Zezé Perrella para não vender camisa 10
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Ex-dirigente do Cruzeiro, Valdir Barbosa revelou negociação não concretizada que, segundo ele, diminuiria a dívida do clube. De acordo com o antigo gerente de futebol, em 2011, na gestão do ex-presidente Zezé Perrella, a dívida da Raposa estava na casa dos R$ 26 milhões. O valor poderia ter sido reduzido se não fosse Gilvan de Pinho Tavares, sucessor da presidência.

“O Perrella recebeu uma proposta de R$ 22 milhões pelo Montillo, e o Gilvan pediu pelo amor de Deus para não vender. O Zezé ia zerar a dívida do Cruzeiro”

Valdir Barbosa, ex-dirigente do Cruzeiro, em entrevista ao Podcast Bora Pra Resenha

Montillo vestiu a camisa 10 da Raposa entre 2010 e 2012. Naquele período, comandou o meio-campo celeste e conquistou uma edição do Mineiro (2011), além de ser vice do Brasileiro de 2010. Destaque do elenco, o argentino participou de 122 partidas, marcou 36 gols e deu 10 assistências. Ele deixou a Toca da Raposa em janeiro de 2013, quando assinou contrato com o Santos.

Valdir Barbosa elogiou a antiga gestão da Raposa: “O Cruzeiro sabia rodar venda de jogadores. O Cruzeiro vendia bem. E adquiriu credibilidade lá fora. Eu viajei muito quando estava nessa área internacional. Você não imagina a credibilidade do Cruzeiro. O pessoal admirava. Era um clube que todo mundo confiava. Fazia os negócios, dava tudo certo, não tinha roubo, não tinha nada”.

Naquela época, o Cruzeiro tinha pendências financeiras. Para Valdir Barbosa, no entanto, não eram significativas, já que estavam no Refis – programação de recuperação fiscal para regularizar dívidas de forma parcelada.

“O Zezé entregaria o Cruzeiro ao Gilvan com R$ 4 milhões de déficit. Aí falavam ‘ah, mas devia R$ 100 milhões e tanto’. Não. O que estava no Refis, coisas antigas que vinham de muitos anos. Aquilo foi para o Refis. O Cruzeiro pagava um dinheiro que não afetava, não dava um salário de um jogador médio por mês. Se devia R$ 100 milhões, mas pagava R$ 500 mil por mês. Dívida era R$ 26 milhões”, argumentou o ex-dirigente.

Quando a situação do Cruzeiro desandou?

Na opinião de Valdir Barbosa, 2011 foi determinante para o imbróglio do Cruzeiro com as dívidas. Naquele ano, a Raposa se safou do rebaixamento na última rodada do Campeonato Brasileiro, ao golear o Atlético por 6 a 1, na Arena do Jacaré.

“Até as quartas de final da Copa Libertadores, (o Cruzeiro) estava no embalo total. “Barcelona das Américas”. E nós perdemos na Arena do Jacaré para o Once Caldas. Era para ter feito 2 a 0 lá, não fez, e perdeu aqui. Até ali, a coisa estava muito bem. Depois, o ‘troço’ despencou. O Cuca foi embora. Começamos a fazer uma série de mexidas. O negócio foi dando errado, dando errado, dando errado.

Valdir Barbosa, ex-dirigente do Cruzeiro, em entrevista ao Podcast Bora Pra Resenha

Na visão de Valdir Barbosa, o susto de 2011 fez com que o Cruzeiro contratasse muitos jogadores sem necessidade: “O Gilvan entrou, e o medo de dar errado e despencar no primeiro ano como presidente para a Segunda Divisão. Contratou muitos jogadores que praticamente não jogaram. Aí foi acumulando, acumulando”.

Acúmulo de dívidas

Na gestão de Gilvan de Pinho Tavares, a dívida do Cruzeiro subiu de pouco mais de R$ 100 milhões para quase R$ 400 milhões. O passivo superou R$ 1 bilhão na administração de Wagner Pires de Sá, que renunciou à presidência no segundo ano de mandato, em 2019, após o rebaixamento à Série B.

A situação financeira do clube continuou crítica com Sérgio Santos Rodrigues, sobretudo pela permanência na Segunda Divisão em 2020 e 2021. O Cruzeiro começou a se recuperar a partir da venda da Sociedade Anônima do Futebol ao ex-jogador Ronaldo e o consequente retorno à elite do Campeonato Brasileiro.

No ano passado, os credores aprovaram o plano de recuperação judicial do Cruzeiro. A partir disso, Ronaldo pretende quitar a dívida do clube em 18 anos, obtendo um desconto nos débitos trabalhistas e com pessoas jurídicas.

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