Se você abrir o dicionário verá que talento significa “capacidade inata ou adquirida para realizar determinadas atividades com êxito”. Mas, para o cruzeirense, a palavra é sinônimo de Alex. O camisa 10 que era artilheiro, garçom e capitão. A peça que deixou o clube há exatos 20 anos e nunca será esquecida. O ídolo que escreveu algumas das páginas mais heroicas e imortais que o Cruzeiro já viveu.
Foram 122 jogos entre 21 de julho de 2001 e 16 de maio de 2004, marcados por 64 gols e 61 assistências. O meia capitaneou a Raposa nos títulos do Campeonato Brasileiro de 2003, da Copa do Brasil de 2003 e dos Campeonatos Mineiros de 2003 e 2004.
Como foi a despedida de Alex do Cruzeiro
Alex atuou pela última vez na vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras, no Mineirão, pela sexta rodada do Brasileirão de 2004. Curiosamente, a torcida celeste a chegou vaiar o ídolo na despedida, sem saber que aquela seria a última partida dele com o uniforme do Cruzeiro.
O público no Gigante da Pampulha foi baixíssimo: apenas 6.594 pessoas. Essa pequena adesão e as críticas dos torcedores foram motivadas por mágoa, já que a Raposa havia sido eliminada nas oitavas de final da Copa Libertadores três dias antes.
Foi ali, no mesmo Mineirão, que o favorito ao título padeceu diante do Deportivo Cali, da Colômbia. Depois de perder por 1 a 0 fora, o Cruzeiro venceu o rival por 2 a 1 em casa. Nos pênaltis, um vexame encerrou o sonho do tricampeonato continental: derrota por 3 a 0, com Alex, Edu Dracena e Dudu Carioca desperdiçando cobranças.
O técnico Paulo César Gusmão ‘pagou o pato’ pela eliminação e foi demitido na véspera do jogo contra o Palmeiras. Mesmo sem muito clima, o treinador encerrou esse ciclo no Cruzeiro com vitória.
Alex fez valer a ‘lei do ex’ e balançou a rede no triunfo por 2 a 1 sobre o seu antigo time. Também foi do meia o cruzamento que originou o gol contra feito pelo zagueiro Leonardo, do Palmeiras.
“Eu sabia que aquele seria meu último jogo, pois na sequência eu teria que me apresentar à Seleção Brasileira para a disputa da Copa América. Era um momento triste pela eliminação na Libertadores e também porque soubemos que o PC Gusmão estava demitido. Ali era o fim de uma etapa maravilhosa, então queríamos uma vitória sobre o Palmeiras para sair com gosto positivo de tudo que vivenciamos entre 2002 e aquele pedaço de 2004. Ainda bem que conseguimos”
Alex, em entrevista ao No Ataque
Do Cruzeiro para o futebol europeu
Valorizado pelo bom desempenho no Cruzeiro, Alex desejava voltar a jogar no futebol europeu. Quando o contrato com a Raposa terminou, em junho de 2004, o armador fechou com o Fenerbahçe, da Turquia. Ele permaneceu por lá até 2012.
Em seguida, Alex retornou ao clube que o revelou para encerrar a carreira. O meia jogou pouco mais de dois anos no Coritiba até a oficialização da aposentadoria, em dezembro de 2014.
Ídolo de Coxa, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe, Alex também teve passagens curtas por Flamengo e Parma, da Itália. Pela Seleção Brasileira, atuou em 49 jogos e fez 12 gols.
Alex foi Bola de Ouro em campanha da Tríplice Coroa
Nenhuma temporada das 124 temporadas do Cruzeiro foi tão prolífica quanto a de 2003. Treinada por Vanderlei Luxemburgo, a Raposa encerrou o primeiro semestre com títulos invictos no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil.
E o ritmo não diminuiu na segunda metade do ano. O time venceu o Campeonato Brasileiro com 100 pontos. Feito único até os dias atuais, conquistado com campanha de 72,5% de aproveitamento – 31 vitórias, sete empates e oito derrotas.
O principal jogador do Cruzeiro em todos esses troféus foi Alex. Afetado por transferências malsucedidas no início do século 21, o meia se encontrou em sua segunda passagem pelo Cruzeiro. Em pleno auge da carreira, o Talento Azul entregou gols e assistências e foi eleito o Bola de Ouro do Brasileirão de 2003.
No empate por 1 a 1 com o Flamengo, na partida de ida da final da Copa do Brasil, Alex marcou um golaço de letra que impressionou o Maracanã. O título foi decidido no Mineirão, com outra cartada de mestre: o ídolo celeste deu três assistências na vitória por 3 a 1 sobre o Rubro-Negro.
CRUZEIRO 2 X 1 PALMEIRAS
Cruzeiro
Artur; Maicon, Edu Dracena (Bruno Quadros), Cris e Leandro; Augusto Recife, Maldonado (Sandro), Wendel e Alex; Dudu Carioca (Guilherme) e Jussiê. Técnico: Paulo César Gusmão.
Palmeiras
Marcos; Baiano (Fábio Gomes), Leonardo, Glauber e Lúcio; Alceu, Correia, Magrão e Diego Souza (Claudecir); Vagner Love e Muñoz. Técnico: Jair Picerni.
- Motivo: 6ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro
- Data: 16 de maio de 2004
- Local: Mineirão, em Belo Horizonte
- Gols: Leonardo (contra) e Alex (Cruzeiro); Leonardo (Palmeiras)
- Público Presente: 6.594
- Renda Bruta: R$ 54.486,10