CRUZEIRO

Cruzeiro recebe visita de ídolo que ‘aterrorizava’ goleiros em cobranças de falta

Afamado na década de 1980 pelos potentes chutes, ex-zagueiro Geraldão conversou com jovens do sub-20 na Toca
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Geraldão visitou os jogadores do sub-20 do Cruzeiro na tarde desta segunda-feira (3/6), na Toca da Raposa 2, em Belo Horizonte. Convidado pelo diretor das categorias de base Adilson Batista, o ex-defensor de 61 anos contou passagens de sua carreira e arrancou risadas dos jovens ao falar uma frase em árabe, aprendida nos tempos em que atuou pelo Al-Arabi SC.

“Terror” dos goleiros adversáros em cobranças de falta, Geraldão aconselhou os atletas a sempre escutarem os profissionais mais experientes para terem sucesso na carreira. As palavras vêm de um ex-atleta que se consolidou como zagueiro com mais gols pela Raposa – 30 em 170 partidas.

“Nunca ganhei nada com treinador que dava tapinha nas costas. Só com aqueles que me cobravam. ‘Olha, Geraldão, você está um quilo acima do peso. Duzentos gramas’. O treinador nunca quer o mal da gente. Só quer o bem. Então, escutem bastante quem já tem experiência no meio do futebol, vivam o momento e guardem família e amizades”.

Geraldão, em discurso aos jogadores sub-20 do Cruzeiro

O ídolo cruzeirense também enalteceu a entrada de Pedro Lourenço como acionista majoritário da SAF. “Aproveitem! São poucos com essa oportunidade. Vocês estão num clube que, poxa… o presidente, um cara maravilhoso, que vai dar todas as condições a vocês. Foi um prazer estar com vocês para falar um pouco da minha experiência. Bora lá trabalhar!”.

Quem é Geraldão, ex-zagueiro do Cruzeiro

Natural de Governador Valadares, Geraldo Dutra Pereira iniciou sua trajetória do Cruzeiro ainda adolescente, aos 12 anos, em 1975. Depois de empréstimos ao Social, de Coronel Fabriciano-MG, e ao Al-Arabi, do Catar, o zagueiro jogou na Raposa de 1984 a 1987. Nesse período, destacou-se pelos potentes chutes em cobranças de falta e cabeceios em jogadas de escanteio.

Um gol bastante lembrado pelos torcedores celestes foi na vitória por 3 a 0 sobre o Piauí, no Campeonato Brasileiro de 1986. A falta pelo lado direito era propícia para o cruzamento, porém o camisa 3 decidiu arriscar. O chute de três dedos fez com que a bola tomasse uma curva impressionante, caindo no ângulo direito do goleiro Batista (assista abaixo).

A qualidade de Geraldão para bater faltas era comparada à de Nelinho, um dos grandes chutadores de sua geração. O ex-lateral-direito certamente foi um “professor” para o zagueiro, visto que os dois treinaram juntos no Cruzeiro no início dos anos 80. Nelinho marcou 104 gols com a camisa celeste, 40 deles em tiros livres de fora da área.

Geraldão na Europa

A fama de Geraldão ganhou o mundo quando ele se transferiu para o Porto, de Portugal. Porém, ele demorou um ano e meio para ter chance na bola parada em meio à concorrência com Madjer, António Sousa e Celso Gavião. O palco era o Estádio José Alvalade e o adversário o Sporting, na temporada 1988/89 do Campeonato Português. O caso foi relembrado pelo próprio ex-zagueiro em entrevista ao site português Mais Futebol, em setembro de 2016.

Geraldão contou que foi ironizado pelo meio-campista António André na primeira oportunidade – afinal, a bola estava quase no meio-campo. “Eu cheguei ao Porto e havia Madjer, Sousa e Celso, todos especialistas nesses lances. Tive de esperar, claro. E foi em Alvalade, quando ninguém estava à espera. A bola estava muito, muito longe e eu disse ao André ‘vou arriscar, cara’. Ele vira-se para mim e diz logo ‘ui, tá bom Eusébio, arrisca”.

Ao mandar o “coice” do meio da rua, Geraldão se mostrou aos aficionados do Dragão uma de suas principais virtudes. A bola ainda quicou na pequena área, enganando Jorge Vital, goleiro do Sporting. O Porto ganhou por 2 a 1. O ex-zagueiro do Cruzeiro, que até então havia balançado a rede somente de cabeça, passou a alegrar os adeptos nos arremates de média e longa distância.

No Porto, Geraldão disputou 128 jogos e marcou 23 gols, conquistando duas edições do Campeonato Português, duas da Taça de Portugal, uma Copa Intercontinental e uma Supercopa Europeia. O zagueiro também representou o Paris Saint-Germain, da França; o América, do México; e os brasileiros Grêmio e Portuguesa. Ele parou de jogar ainda jovem, aos 30 anos, em 1993.

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