Grande joia do futebol brasileiro na atualidade, o atacante Estêvão realizou sonho de forma “precoce”: com apenas 17 anos, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira principal nesta sexta-feira (23/8). Destaque do Palmeiras, o jovem iniciou trajetória no futebol no Cruzeiro, mas deixou o clube sem contrato após escândalo.
Estêvão chegou à Toca da Raposa em 2017, quando tinha apenas 10 anos. Na época, ele já era considerado grande promessa do futebol brasileiro e tinha até o apelido de “Messinho”, devido à grande habilidade com a bola no pé e ao fato de ser canhoto, assim como o astro Lionel Messi. Também com 10 anos, ele tornou-se o atleta mais jovem a ter contrato com a Nike.
Quatro anos depois, em 2021, aos 14 anos, o atacante deixou o Cruzeiro sem contrato e acertou com o Palmeiras, onde hoje é destaque do time principal, com sete gols e seis assistências em 33 partidas disputados no ano. Graças às grandes atuações no primeiro ano em que integra exclusivamente a equipe profissional, o jovem foi vendido para o Chelsea por quantia milionária e recebeu chamado de Dorival para defender a Seleção em duas partidas das Elimintórias para a Copa do Mundo, no início de setembro.
A história de Estêvão, no entanto, poderia ser diferente. A saída da joia do Cruzeiro foi reflexo das intensas turbulências vividas pelo clube nos anos recentes. Em maio de 2019, quando o atacante tinha apenas 12 anos, ele foi pivô de escândalo de irregularidades cometidas pela diretoria celeste – fato que certamente contribuiu para a saída do clube dois anos depois. Abaixo, entenda como a Raposa perdeu a joia.
Como o Cruzeiro perdeu Estêvão?
Em maio de 2019, Estêvão ganhou os noticiários nacionais pela primeira vez, quando foi envolvido em escândalo de irregularidades cometidas pela diretoria do Cruzeiro.
Uma reportagem da TV Globo revelou que o então vice-presidente de futebol (2018-2019), Itair Machado, colocou os direitos econômicos do jogador como garantia de pagamento a um empréstimo feito por empresários. A ação é ilegal e fere conjunções da Lei Pelé, da Fifa e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Pai de Estêvão, Ivo Gonçalves trabalhou no Cruzeiro durante esse período. Entre 2019 e 2021, o homem ocupou o cargo de assessor de relações sociais e captação (olheiro) do clube.
No ano em que o esquema foi exposto, a Raposa entrou em grande crise esportiva e administrativa. Rebaixado à Série B no fim da temporada, o Cruzeiro passou por dificuldades financeiras nos anos seguintes.
Sem conseguir ampliar o vínculo com Estêvão, a diretoria celeste viu o meia-atacante se transferir para o Palmeiras em 2021. O presidente da Raposa era Sérgio Santos Rodrigues (2020-2023), que criticou publicamente o Verdão.
Em nota publicada nas redes sociais, o Cruzeiro acusou o coordenador das categorias de base do Palmeiras, João Paulo Sampaio, de aliciamento e comportamento inadequado. O dirigente negou as acusações.
Em junho de 2024, o Palmeiras acertou a venda de Estêvão ao Chelsea. A equipe alviverde pode receber até 61,5 milhões de euros (R$ 358 milhões) pela negociação. São 45 milhões de euros (R$ 262,1 milhões) fixos, e 16,5 milhões de euros (R$ 96,1 milhões) em metas esportivas.
