CRUZEIRO

Os sete erros decisivos do Cruzeiro para o fim melancólico no Brasileiro

Após primeiro semestre acima do esperado, Cruzeiro caiu de rendimento e agora depende de uma combinação de resultados para ir à Libertadores
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Múltiplos erros colocaram o ano de 2025 do Cruzeiro em xeque. Neste domingo (8/12), o clube descobrirá se vai realizar o sonho de jogar a próxima Copa Libertadores ou se terá que se contentar novamente com vaga na Copa Sul-Americana. Para disputar o maior torneio do continente, a Raposa precisa vencer o Juventude às 16h, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro. Além disso, será necessário tropeço do Bahia diante do Atlético Goianiense, no mesmo horário.

Essa é a única combinação de resultados que classifica o Cruzeiro para a Libertadores. Mas tudo poderia ter sido muito diferente se a equipe celeste não tivesse vivido grande crise no segundo semestre. Veja abaixo os sete motivos que levaram a Raposa ao caos que preocupa os torcedores no fim de 2024.

Demissão afobada de Fernando Seabra

Os primeiros meses do Cruzeiro de Fernando Seabra foram ótimos. Contratado em abril, o estreante técnico ia bem no Brasileirão e garantiu o time no mata-mata da Sul-Americana. Só que após julho, tudo mudou. Da 21ª rodada em diante, a equipe caiu de produção e saiu da quarta para a sétima posição da Série A.

Isso custou o emprego de Seabra, que foi demitido em setembro pelo presidente Pedro Lourenço e o CEO Alexandre Mattos. Apesar da queda de rendimento e pontuação, a Raposa estava em um momento avançado da temporada e com resultado encaminhado nas quartas de final da Sul-Americana. A manutenção do cargo poderia ter sido deixada para o fim do ano, caso a diretoria ainda pensasse que o treinador não tinha a experiência necessária para as pretensões do clube.

Fernando Diniz não era o que o Cruzeiro precisava

Ao trocar de técnico, o Cruzeiro fez uma escolha errada. A pouco mais de dois meses do fim de 2024, o clube deveria ter investido em um treinador “bombeiro”, de perfil dinâmico, entrega rápida e soluções mais simples.

Fernando Diniz não é essa figura. O técnico tem um estilo de jogo que requer elenco apropriado, com características que combinem bem com as funções exigidas. Além disso, o profissional vinha de trabalhos ruins no primeiro semestre, quando deixou o Fluminense ‘afundado’ na última posição da Série A.

Falta de repertório custou à Raposa o título da Sul-Americana

Demitido da Seleção Brasileira em janeiro e do Tricolor Carioca em abril, Diniz já sabe que sairá do Cruzeiro após o confronto com o Juventude. Mesmo que vença o Juventude, não haverá grande melhora em seu aproveitamento de 28,6% – duas vitórias, seis derrotas e seis empates. Falta versatilidade ao técnico, que está preso ao mesmo modelo de jogo desde o início da carreira.

As táticas que o levaram ao título da Libertadores de 2023, com o Fluminense, hoje não tem o mesmo apelo, pois são bastante conhecidas e anuladas pelos adversários. Na final da Sul-Americana, o Cruzeiro de Diniz foi facilmente suprimido pelo Racing de Gustavo Costas. A Raposa levou três gols antes dos 20 minutos de jogo – um foi anulado por impedimento milimétrico. O placar final foi 3 a 1, pois os argentinos voltaram a marcar nos acréscimos finais.

Áudio vazado gerou questionamentos sobre Pedro Lourenço

Em julho, vazou um áudio em que Pedro Lourenço fala a uma pessoa que cobrou de Seabra a escalação dos reforços contratados em julho. Apesar do dirigente posteriormente ter negado a interferência no trabalho do técnico, a gravação repercutiu de forma negativa e gerou questionamentos sobre o modus operandi do clube.

Em algumas oportunidades, Pedrinho ainda criticou publicamente o elenco do Cruzeiro. O presidente celeste fez comentários negativos sobre a qualidade do banco de reservas durante coletiva de imprensa, em julho, e reclamou dos atacantes em entrevista à rádio Transamérica, em novembro.

Falta de reforços deixou posições desbalanceadas

Na janela de transferências de julho, o Cruzeiro investiu mais de R$ 170 milhões em novos jogadores. Algumas posições, entretanto, não foram reforçadas. A Raposa não contratou pontas, mesmo com a saída de Arthur Gomes e a escassez do setor. O clube também poderia ter contratado atletas para fazer sombra ao lateral-direito William e o meia-atacante Matheus Pereira.

Cruzeiro pensou no futuro ao invés do agora

Por outro lado, duas jovens contratações poderiam ter sido deixadas para um futuro próximo. O Cruzeiro investiu R$ 8,2 milhões no zagueiro Jonathan Jesus, de 20 anos, e R$ 16,7 milhões no volante Fabrizio Peralta, de 22.

Ambos são nomes promissores, mas para o futuro. Com o dinheiro investido neles, a Raposa teria a possibilidade de buscar peças mais prontas, que ajudariam a equipe de forma imediata e em setores de maior carência.

Destaques da base foram pouco aproveitados

Nenhum jogador formado nas categorias de base teve continuidade ao longo do Brasileirão. O meia Vitinho entrava bastante com Seabra, mas perdeu espaço com Diniz. Japa, que mostrou ser boa opção para o meio-campo em 2023, teve minutagem muito menor nesta temporada.

Kaiki chegou a disputar espaço em um momento de baixa do lateral-esquerdo Marlon, mas isso durou poucos jogos. Se tivesse feito bom proveito desses e de outros pratas da casa, o Cruzeiro teria ganhado um leque maior de opções para a reta final do campeonato. As soluções para os problemas do time talvez pudessem ser encontradas dentro do próprio clube.

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