
O técnico Leonardo Jardim recorreu à experiência no comando do Monaco, da França, para falar sobre a estratégia de uso de jovens jogadores no Cruzeiro. Entre outros atletas, o comandante português citou o astro francês Kylian Mbappé, atacante do Real Madrid.
Jardim foi o responsável por lançar Mbappé na equipe profissional do Monaco, na temporada 2015/2016. Logo, o garoto se destacou e chamou a atenção do Paris Saint-Germain, que o contratou em 2017/2018. No ano passado, o atacante chegou ao Real Madrid, já consolidado como um dos principais futebolistas do planeta.
Mas, segundo Jardim, foi preciso paciência para não queimá-lo. O treinador disse que Mbappé se tornou fundamental ao time profissional do Monaco aos poucos, em um processo gradual. E é isso o que ele pensa para os garotos formados na base cruzeirense.
“Tudo tem um processo. Eu falo isso porque eu trabalhei com muitos jovens, seja no Sporting, seja no Monaco, tive muitos jogadores jovens. Bernardo Silva, Lemar, Fabinho, Kylian Mbappé… Eles demoraram um ano, um ano e meio, muitas vezes até se afirmarem”, pontuou Jardim.
“Jogaram aos poucos, evoluíram, para um dia serem imprescindíveis na equipe. Não é fácil tirá-los e, num toque de mágica… Posso queimar os jogadores se eu fizer isso, porque se eles vão mal uma vez, as pessoas já não querem saber mais (deles)”, completou.
Atualmente, o time titular do Cruzeiro conta com três jogadores formados nas categorias de base: o zagueiro Fabrício Bruno, o lateral-esquerdo Kaiki e o volante Lucas Silva. Aos 32 anos, este último, aliás, tem desempenhado um papel nos bastidores, segundo Jardim.
“Em relação à formação, vocês sabem que eu sou um treinador que acredito que a formação é importante em todos os clubes, não só no Cruzeiro. Temos que abrir portas para os jogadores da base. São jogadores criados, que têm o DNA do clube. Lucas Silva, que foi da base e é muito mais experiente, é um jogador que transmite os valores de ser cruzeirense, e isso é importante para mim”, declarou.

Base não deve ‘resolver problemas’
Na avaliação de Jardim, a base não pode ter a responsabilidade de “resolver os problemas da equipe principal”. Para o treinador, a formação deve servir de apoio ao elenco de cima, formado majoritariamente por atletas mais experientes.
“Com certeza, a nossa base neste momento não tem jogadores para resolver os problemas da equipe principal, mas tem os jogadores que, aos poucos, com 17 ou 18 anos, vão ganhando experiência de estar com o grupo, experiência de jogar a Copa do Brasil, a Sul-Americana. Temos meninos de 16 anos que já jogaram como titulares a Sul-Americana”, disse.
“Com essas experiências, eles vão crescer até se afirmar ou não. Mas acredito que os jogadores da base não podem fazer a diferença na equipe principal. Se for uma equipe competitiva e que lute por objetivos altos, não é fácil colocar um menino da base na equipe principal para ele resolver os problemas”, completou o treinador.