CRUZEIRO

De problema a solução: setor do Cruzeiro evolui com Jardim e rege resultados positivos

À frente do Cruzeiro desde fevereiro deste ano, Leonardo Jardim deu consistência ao setor defensivo e reduziu a média de gols sofridos

O Cruzeiro demorou, mas engrenou na temporada. Sob o comando de Leonardo Jardim, completamente apoiado pela diretoria celeste, a equipe ganhou sintonia e ajustou questões que vinham sendo decisivas para resultados negativos. O principal destaque é a evolução do setor defensivo.

Problema no setor defensivo

No início da temporada, Fernando Diniz dirigia o Cruzeiro. Até 27 de janeiro, data da demissão do treinador, a Raposa havia sofrido dois gols em três jogos. Na sequência, o auxiliar fixo Wesley Carvalho assumiu interinamente em quatro compromissos: foram cinco bolas nas redes celestes. Ali, a média era de 1,14 gol por partida.

Leonardo Jardim chegou, mas não deu fim ao problema defensivo imediatamente. O português precisou de tempo. Mais que isso. Precisou de respaldo. Os primeiros sete jogos à frente dos celestes não agradaram à torcida, que não contava com a eliminação precoce no Campeonato Mineiro e esperava mais do grupo no início do Campeonato Brasileiro e principalmente na Copa Sul-Americana.

Na época, o zagueiro Fabrício Bruno chegou a pedir para que os números defensivos não fossem analisados de forma rasa: “A gente tem que parar de falar ‘ah, o sistema defensivo foi vazado em todos os jogos’. Não é o sistema defensivo, é o Cruzeiro… O futebol é um conjunto, é coletivo. Da mesma forma que perdemos gols, perde todo mundo, da mesma forma que levamos gols, leva todo mundo”.

No mesmo contexto, o próprio treinador indicou necessidade de evolução, sem responsabilizar os defensores. Em uma oportunidade, destacou a distância entre as funções: “A linha defensiva ainda está longe da linha do meio-campo, temos que nos aproximar”.

Em outra, Jardim destacou a ineficácia na bola aérea: “É preciso ter cuidado. Não podemos jogar com 10 jogadores que não tenham capacidade no jogo aéreo”.

Melhorias em campo

No período de sete jogos, foram uma vitória, dois empates e quatro derrotas. A chave mudou no empate por 1 a 1 com o São Paulo, pela terceira rodada do Brasileiro. Na ocasião, Leonardo Jardim fez mudanças surpreendentes na equipe, mas obteve a resposta que esperava.

Na sequência, o Cruzeiro venceu o Bahia por 3 a 0, também pela Série A, com convicção, o que garantiu mais elogios à equipe que havia se formado. Apesar da postura animadora nos dois compromissos seguintes, o clube precisou lidar com tropeços (derrota por 1 a 0 pra o Bragantino, pelo Brasileiro; e por 2 a 1 para o Palestino, pela Sul-Americana).

A partir dali, os cruzeirenses engataram a quinta marcha. Nos últimos 11 compromissos, a Raposa acumula oito vitórias e três empates. Em sete desses, não sofreu gols.

Desde a chegada do técnico luso, são 19 tentos contra em 22 confrontos, média reduzida para 0,8 por partida. O time tem entregado o que o treinador buscava quando foi apresentado: “Queremos um jogo ofensivo, mas precisamos também ter um equilíbrio… As equipes que querem ganhar títulos têm de ter uma estrutura forte, uma organização defensiva forte”.

Mudanças no Cruzeiro

Além de pedir atenção ao setor nos treinamentos, Leonardo Jardim potencializou alguns jogadores e promoveu mudanças na equipe. A ordem do comandante é que os 10 jogadores de linha ajudem na marcação.

Hoje, atletas que não costumavam ter tal responsabilidade desempenham a função, como é o caso do meio-campista Matheus Pereira.

Os volantes de marcação, Lucas Romero e Lucas Silva, auxiliam a zaga, composta por Fabrício Bruno e Lucas Villalba – o argentino fez a estatura de 1,77m não ser empecilho em campo e conquistou o status de titular.

A entrada de Fagner na lateral direita potencializa o setor, e William tem crescido na função com o passar do tempo. Do outro lado, o veloz Kaiki, destaque inicialmente pelo suporte ao ataque, tem mostrado versatilidade ao auxiliar na retaguarda – na vitória sobre o Palmeiras, por exemplo, anulou Estêvão, principal arma do técnico Abel Ferreira.

Christian, agora utilizado na ponta direita, põe em prática o poder de marcação ainda no setor ofensivo, assim como Wanderson, titular no lado oposto.

E então, de acordo com o adversário, Leonardo Jardim altera a formação – 4-4-2 ou 4-3-3. Quando não necessita de ampla pressão na saída de bola, dá chances a Gabi no ataque.

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