
Principal e mais emblemático estádio de Belo Horizonte, o Mineirão divide a agenda para receber jogos de futebol e eventos – como shows nacionais e internacionais. O maior lucro do Gigante da Pampulha, contudo, é imbatível: as partidas que unem duas grandes torcidas rendem muito mais aos cofres do que apresentações de artistas relevantes no cenário da música.
O futebol é tratado como prioridade pelo Mineirão. Com a construção da própria arena, o Atlético não tem mais mandado jogos na Pampulha – a não ser em casos específicos, como troca de gramado da Arena MRV. Com isso, o Cruzeiro se tornou o principal clube que negocia com o Gigante.
Para tentar atenuar a questão dos conflitos de agenda, a conversa pela busca de datas tem sido feita com maior antecedência, já que o Mineirão se divide entre receber jogos, shows e outros eventos. Alguns deles, inclusive, na esplanada.
Essas incompatibilidades no cronograma obrigaram a Raposa a levar alguns de seus jogos para outros estádios. Em abril, por exemplo, o time enfrentou o Vasco no Parque do Sabiá, em Uberlândia, porque o cantor Gusttavo Lima fez show no Gigante no dia anterior.
Para evitar que isso ocorra com tanta frequência, o diálogo entre as duas partes está mais ativo, com a gestão de Pedro Lourenço no Cruzeiro. As negociações também. Já houve caso de o clube entrar em contato com a CBF e pedir a alteração da data de uma partida para se adequar à disponibilidade do Mineirão.
Futebol dá mais lucro
Nem sempre a alteração no calendário é possível, e aí o Cruzeiro precisa buscar outro estádio. Em novembro do ano passado, o Gigante da Pampulha recebeu o show do cantor norte-americano Bruno Mars. A apresentação internacional impediu que o Cruzeiro mandasse jogo importante do Campeonato Brasileiro no Mineirão.
A data do show coincidiria com Cruzeiro x Flamengo, que certamente seria mais rentável para o estádio que o show, e esse cálculo passa pelo fato de os eventos terem um valor fixo de aluguel.
Segundo apurou o No Ataque, um evento dentro do Mineirão não sai por menos de R$ 1 milhão – o montante depende se a atração é internacional, nacional e até do tempo de show. Nesses casos, os gastos são custeados pelo produtor do espetáculo, e o Mineirão só entra com apoio técnico.
O jogo entre Cruzeiro e Flamengo, por exemplo, seria mais lucrativo em função do formato de negociação entre Cruzeiro e Minas Arena.
De forma geral, os números deixam clara a diferença: 73% das receitas do estádio são provenientes do futebol e 27% dos eventos.
Ganhos do Mineirão e do Cruzeiro em 2024
Em 2024, o Cruzeiro mandou 26 confrontos no Mineirão – um sem público, na derrota por 2 a 1 para o Palmeiras, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. Segundo a Minas Arena, a arrecadação bruta foi de R$ 47 milhões.
Desse montante, o Cruzeiro embolsou, líquidos, 46,99% (cerca de R$ 22 milhões). O Mineirão, por sua vez, ficou com 14,92% (pouco menos de R$ 7 milhões).
As despesas operacionais correspondem a 22,5% (aproximadamente R$ 10, 5 milhões) do total, enquanto 15% (algo em torno de R$ 7 milhões) se referem a outros custos como impostos e taxas.