Em jogo de dois tempos completamente distintos, o Cruzeiro se sobressaiu ao Fluminense em pleno Maracanã, no Rio de Janeiro, e venceu por 2 a 0. O triunfo, nesta quinta-feira (17/7), pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro, deu à Raposa a liderança do torneio. O sucesso, na visão do técnico Leonardo Jardim, deve-se à versatilidade da equipe.
“Nossa equipe é boa. Eu acredito que uma equipe tem que jogar nas várias fases do jogo. Muitas vezes tem que jogar em transição, outras vezes tem que jogar no futebol mais apoiado”, iniciou.
Inicialmente, o comandante destacou o segundo ponto levantado, em que os jogadores se aproximam para trocar passes e buscar espaços. Para ilustrar, mencionou o primeiro gol diante do Fluminense e o último tento na vitória por 4 a 1 sobre o Grêmio, pela 13ª rodada.
“O nosso primeiro gol, nós circulamos a bola, fomos à esquerda, fomos à direita, procuramos um espaço e, depois, com a posse no meio-campo adversário, a gente conseguiu descobrir o Mateus. Há três dias, fizemos um gol com o Grêmio, tivemos dois minutos com a posse de bola, circulamos, circulamos, quando o Romero encontrou por dentro o passe no Kaio”, disse.
Algumas estratégias nem sempre serão eficazes todo o tempo, o que exige adaptação. Quando recupera a bola, o Cruzeiro aposta no ataque rápido, explicou Leonardo Jardim: “E também temos os momentos em que estávamos mais baixo e tínhamos espaço para fazer a transição. Eu acho que uma boa equipe tem que saber viver nestes dois momentos do jogo”.
Segundo tempo diferente do Cruzeiro
O Cruzeiro deixou o gramado no intervalo com o 2 a 0 garantido no placar. Assim, retornou ao segundo tempo com outra proposta, a de segurar o ataque do Fluminense, que povoou o setor. Aqui, entra a versatilidade destacada pelo comandante.
Temos que sofrer quando o adversário consegue ter a bola no nosso meio-campo. Estávamos mais juntos, mais próximos, defendendo os interesses da equipe e não sofrer gols. Mas nos dois momentos a gente tem que saber que: mesmo defendendo baixo, pode-se atacar, e mesmo defendendo alto, recuperando a bola, também pode-se atacar. Por isso temos que saber dar resposta às duas situações que é o futebol. Eu não acredito numa equipe que não seja versátil, que não tenha a capacidade de analisar os momentos do jogo e dar resposta”
Leonardo Jardim, técnico do Cruzeiro
Cruzeiro não tem apego à posse de bola
Uma das características do Cruzeiro comandado por Leonardo Jardim é a falta de apego à posse de bola. Na maioria dos confrontos, a equipe não abusa dos passes, escolhendo, portanto, a eficiência quando recupera a redonda. Tais contextos dependem, evidentemente, de cada confronto.
“A posse de bola depende do que estamos a fazer no momento. Há jogos em que o adversário não nos pressiona. Nós vamos ter mais posse de bola, porque vamos ter espaço para circular. Quando o adversário nos pressiona, onde está o espaço? Nas costas do adversário. Se está nas costas do adversário, então vamos explorar a transição”, argumentou.
O comandante deu um exemplo: o segundo gol do Cruzeiro contra o Fluminense. Na ocasião, Fagner roubou a bola na lateral direita e, com velocidade, encontrou Matheus Pereira aberto pela esquerda. Mantendo o ritmo acelerado e com espaço, o camisa 10 levantou a cabeça e acionou Kaio Jorge, que precisou de um toque para balançar a rede.
“O segundo gol do Fluminense. O Fluminense está nos a pressionar. O espaço está nas costas do adversário. A gente aproveita a transição para conseguir finalizar”, explicou.
Jogando diante da torcida, o Fluminense marcou em cima. Naquele momento, segundo Leonardo Jardim, abusar da posse de bola representaria perigo: “A gente não vai fazer posse de bola com eles nos pressionando, porque isso é um risco muito grande. Perdermos a bola, e o adversário está próximo da nossa trave. Por isso que eu disse, o futebol é adversidade”.