O goleiro Cássio foi submetido ao protocolo de concussão e precisou deixar o clássico entre Atlético e Cruzeiro, nesta quarta-feira (15/10), pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Arena MRV, aos 25 minutos de jogo. Mas, afinal, o que essa medida significa?
O lance ocorreu após um ataque do Atlético, no qual o atacante Rony cruzou a bola na área, e Cássio saiu para fazer o corte. Antes de mesmo de o goleiro poder intervir no lance, o zagueiro Jonathan Jesus afastou a redonda. No desenrolar da jogada, o lateral-direito William atingiu a parte de trás da cabeça do arqueiro com a chuteira.
Imediatamente, os médicos do Cruzeiro entraram em campo para atenderem Cássio. O goleiro permaneceu no chão por alguns minutos enquanto a própria boca sangrava. Como o lance envolveu a cabeça do jogador celeste, foi ativado o protocolo de concussão – o que permite que ambos os times façam seis substituições ao longo da partida.
Cássio foi encaminhado a um hospital de Belo Horizonte para ser melhor avaliado. Por volta de meia-noite desta quinta-feira (16/10), a assessoria de comunicação do Cruzeiro atualizou a situação do goleiro e informou que ele está “bem e estável”.
O que é o protocolo de concussão?
Como o arqueiro celeste sofreu forte choque de cabeça, sua saída foi pelo protocolo de concussão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), aplicado a jogadores que sofrem fortes pancadas na cabeça durante os jogos e implementado originalmente pela International Football Association Board (IFAB), órgão que regula as regras do futebol mundial.
A medida visa evitar que o jogador siga em campo e seja afetado por uma concussão – “lesão cerebral traumática leve, geralmente causada por um impacto na cabeça, que faz o cérebro se mover dentro do crânio”, segundo o site NHS Inform
O que diz a IFAB sobre o protocolo
Introdução
Após aprovação na 138ª Assembleia Geral Anual (AGM) da IFAB, realizada na Escócia em 2 de março de 2024, as Leis do Jogo permitem que competições autorizem o uso de substituições permanentes adicionais por concussão.
Uma substituição permanente adicional por concussão ocorre quando um jogador com concussão real ou suspeita é substituído e não participa mais da partida. Essa substituição não conta como uma das substituições “normais” permitidas (ou oportunidades de substituição, quando aplicável).
A referência a substituições permanentes adicionais por concussão aparece em:
Lei 3. Os Jogadores
3.2 Número de substituições – Substituições permanentes adicionais por concussão
Competições podem usar substituições permanentes adicionais por concussão de acordo com o protocolo listado em “Notas e modificações”.
Nota: embora dois protocolos diferentes tenham sido usados durante os testes, um único protocolo foi aprovado na AGM da IFAB e deve ser usado em sua totalidade.
Princípios
- Cada equipe está autorizada a usar no máximo uma “substituição por concussão” em uma partida.
- Uma “substituição por concussão” pode ser feita independentemente do número de substituições já utilizadas.
- Em competições em que o número de suplentes nomeados é igual ao número máximo de substituições “normais” que podem ser usadas, o “substituto por concussão” pode ser um jogador que já foi substituído e pode ser usado a qualquer momento, independentemente do número de substituições já feitas.
- Quando uma “substituição por concussão” for usada, a equipe adversária tem a opção de usar uma “substituição adicional” por qualquer motivo.
Procedimento
- O procedimento de substituição funciona em conformidade com a Lei 3 – Os Jogadores (exceto quando indicado de modo diferente abaixo).
- Uma “substituição por concussão” pode ser feita:
imediatamente após uma concussão ocorrer ou ser suspeitada;
após avaliação em campo e/ou avaliação fora de campo;
ou em qualquer outro momento em que ocorra ou se suspeite uma concussão, inclusive quando um jogador já foi avaliado e retornou ao campo de jogo. - Se uma equipe decidir fazer uma “substituição por concussão”, o árbitro / quarto árbitro deve ser informado, preferencialmente usando um cartão de substituição / formulário de cor diferente.
- O jogador com concussão ou suspeita de concussão não está autorizado a participar de mais nenhum momento da partida, incluindo cobranças de pênalti (em disputas), e deve, quando possível, ser acompanhado até o vestiário ou a uma instalação médica.
- A equipe adversária será informada pelo árbitro / quarto árbitro que possui a opção de usar uma “substituição adicional” e uma oportunidade de substituição adicional, que pode ser usada simultaneamente com a “substituição por concussão” feita pela outra equipe ou em qualquer momento posterior (exceto conforme as Leis do Jogo prevejam de modo diferente).
Oportunidades de substituição
- Fazer uma “substituição por concussão” é algo separado de qualquer limite no número de oportunidades de substituição “normais”.
- No entanto, se uma equipe fizer uma substituição “normal” ao mesmo tempo que uma “substituição por concussão”, essa substituição “normal” contará como uma de suas oportunidades de substituição “normais”.
- Depois que uma equipe tiver usado todas suas oportunidades de substituição “normais”, ela não poderá usar uma “substituição por concussão” para fazer uma substituição “normal”.
- Quando uma equipe faz uma “substituição por concussão”, a equipe adversária pode usar um “substituto adicional” e recebe uma oportunidade de substituição adicional. Essa oportunidade adicional pode ser usada somente para o “substituto adicional” e não para um substituto “normal”.
Oficiais de partida
O árbitro e os outros oficiais de partida, especialmente o quarto árbitro:
- não fazem parte do processo de decisão da equipe sobre se um jogador deve ser substituído ou não, nem se deve ser substituído por um substituto “normal” ou por um “substituto por concussão”;
- não devem decidir se uma lesão real ou suspeita qualifica o uso de uma “substituição por concussão”;
- devem fornecer apoio apropriado quando um jogador tenha lesão real ou suspeita, inclusive informando o capitão, o treinador e/ou a equipe médica se suspeitarem que um jogador precisa ser avaliado ou tratado;
- devem apoiar a decisão do capitão, do treinador ou da equipe médica de que um jogador lesionado não pode continuar jogando, o que pode exigir que o árbitro adie o reinício até que o jogador tenha deixado o campo de jogo;
- devem informar as autoridades apropriadas se houver preocupações de que uma “substituição por concussão” foi feita de forma inapropriada.