O América completa 112 anos nesta terça-feira, 30 de abril, e busca retomar os princípios que levaram o clube aos anos de maior glória. Se a escalada foi demorada e trabalhosa, o Coelho precisa se reerguer para devolver ao torcedor o orgulho de estar na Série A do Campeonato Brasileiro – como foi nos últimos dois anos.
A queda à Segunda Divisão foi um baque difícil de aceitar. Em 2023, o América tinha um bom elenco, mas dentro de campo os momentos de desorganização sobressaíram. O clube caiu em ano de receita recorde – com alto investimento, além de participação em competições nacionais e internacionais – Copa do Brasil e Copa Sul-Americana.
Verdade é que o América virou a página e o planejamento para 2024 já está em execução: foco total no retorno à elite. Para Euler Araújo, membro do conselho de administração do clube, o fundamental para que a meta seja alcançada é retomar a essência, que foi mascarada na última temporada.
“A gente não pode se afastar da essência. O América sempre fez muita coisa com pouco. Então a gente voltando para a nossa essência, tentar resgatar o nosso DNA, de muita luta e resiliência. A gente não pode nos afastar dessa origem. É o principal. É um clube que abraça todo mundo, que é uma verdadeira família. Ano passado deixamos isso um pouco para trás e temos que resgatar isso, nossa essência para voltar a Série A”, falou o dirigente ao No Ataque.
A ideia é compartilhada com o presidente Alencar da Silveira Júnior, que salientou a importância do clube se manter como uma família, ainda que com a ‘divisão’ entre associação e Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
“O América só é que o que é porque somos muito unidos, amigos. Queremos sempre o melhor para o clube. Com a chegada da SAF, alguns ficaram com receio, acharam que alguma coisa poderia mudar, mas nós continuamos aí e vai continuar. A Associação sempre vai estar presente, pra cobrar, acompanhar de perto.”
“Nós queremos que esse trabalho só cresça, para que a gente recoloque o América na Série A. Então precisamos continuar jogando o bom futebol. O América sempre funcionou como um clube de investimentos baixos, com pé no chão. Vamos continuar assim, temos limitações, e provamos que é possível”
Alencar da Silveira Júnior, presidente do América
Desafios
Se o clube deseja se reerguer, algumas mudanças precisam ser feitas. Um dos pilares para o crescimento do América passa pelo torcedor americano. O desafio é trazer a torcida para perto, como aliada no processo de melhoria e avanço no cenário nacional. Para isso, o Coelho planeja reverter estratégias que foram traçadas há oito anos e já clamam por atenção.
“A gente planeja já esse ano, rever o planejamento estratégico feito em 2016 e construir um novo planejamento para o América por cinco anos. E nesse planejamento queremos ouvir muito a torcida. Para ter contato direito e identificar produtos que levem a torcida do América ao campo. O grande desafio hoje é levar esse torcedor. Já temo um rejuvenescimento grande da torcida, com muitos jovens e crianças, temos que incentivar para que eles continuam indo e criar motivação e entusiasmo que os levem. Temos condições de aumentar ainda mais essa presença”
Euler Araújo, membro do conselho administrativo do América
O novo planejamento, contudo, não é tão simples. O América deseja alinhar as necessidades e novas ideia com os princípios estabelecidos pela cúpula americana ao longo dos 112 anos.
“Nós convidamos uma série de pessoas do clube, torcedores, dirigentes, jogadores, funcionários, para estabelecer essas metas. Mas tem alguns pilares do América que são muitos fortes. A questão da sustentabilidade, a questão da credibilidade que temos no mercado de cumprir compromissos. Tudo o que formos fazer de metas, tem que estar alinhado com esse valores e princípios. Um ambiente familiar que todos se sentem bem. As metas serão estabelecidas na reunião e as ações para elas serem alcançadas”, detalhou Euler.
Objetivo a longo prazo
Se nos últimos anos o América alcançou grande notoriedade nacional, com a disputa de Copa Libertadores, semifinal de Copa do Brasil (2020) e quartas de final da Copa Sul-Americana, o desejo é ir adiante. Para os dirigentes do clube, todos os planos apontam para o objetivo a longo prazo: colocar o Coelho a nível de grandes competições.
“(O objetivo é) Estar entre os grandes clubes da Série A, de forma permanente, ter condições de competir e permanecer um longo período. Paralelo a isso, conquistar títulos, que é o que vai fazer o torcedor ir ao estádio”
Euler Araújo, dirigente do América
Mensagem ao torcedor
Tanto Alencar quanto Euler estão no América há anos. À frente do clube, os dois estiveram presentes nos altos e baixos – quando na Série B e em incansáveis ‘idas e vindas’, como nos melhores momentos, em grandes campeonatos.
O presidente do clube reforçou a mudança de patamar e galgou voos ainda mais altos para os anos seguintes. Além disso, relembrou momento inédito que a torcida pode viver.
“Estou no clube há 60 anos, desde criança, meu pai sempre foi americano. A gente viu o crescimento do América de perto. O América mudou completamente. Pudemos dar orgulho para a torcida, colocar o clube em outro patamar. No último ano proporcionamos algo que as gerações mais velhas nunca puderam ver, que foi o América disputar uma Sul-Americana. Então isso mostra a grandeza do América. É o que queremos continuar fazendo”, disse.
Por fim, Euler falou da responsabilidade que é estar na diretoria. O mandatário está nos bastidores do departamento de futebol, além de acompanhar diariamente os atletas no CT Lanna Drumond.
“Sentimento de muito orgulho e alegria. Poder participar da história do América não só na arquibancada torcendo, mas contribuindo de alguma forma o crescimento, é de muito orgulho e gratidão aos dirigentes que ajudaram a construir o que o América é hoje. Uma responsabilidade muito grande de continuar essa história e de bastante energia de continuar ajudando, no conselho deliberativo ou de administração”, disse.