O gol de Renato Marques pelo América na partida contra o Santos se tornou um dos principais assuntos na imprensa esportiva brasileira. O atacante marcou aos 14 minutos do primeiro tempo, depois de o goleiro João Paulo lesionar o tendão do tornozelo esquerdo ao tentar dar chutão para afastar a bola.
O lance foi determinante para a vitória do Coelho por 2 a 1, nessa sexta-feira (24/5), no Independência, em Belo Horizonte. O clube mineiro se manteve no G4 e alcançou os mesmos 15 pontos do Peixe na sétima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Assista aos lances de América 2×1 Santos
A jogada teve alguns pontos de discussão. Renato Marques errou em não interromper o ataque ou tudo ocorreu de forma muito rápida a ponto de ele não perceber que João Paulo se machucou seriamente? E o América? Poderia ter permitido que o Santos marcasse o gol de empate na saída de bola como forma de compensar o “equívoco”? Também não houve consenso – inclusive, os meio-campistas Juninho e Alê tiveram deram opiniões diferentes a respeito do caso.
Santos já ignorou fair play
O próprio Santos, que se queixou da postura do América, já protagonizou situações em que não adotou o fair play. Nas redes sociais, dois episódios foram resgatados.
O primeiro ocorreu em 2001, quando Marcelinho Carioca chutou de fora da área enquanto André, goleiro do Cruzeiro, se contorcia no chão por causa de ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho. Era o segundo gol do Peixe, que venceu de virada por 4 a 2 pelo Campeonato Brasileiro.
Já em 2011, o lateral-esquerdo Léo, hoje integrante da diretoria santista, causou polêmica no clássico com o Palmeiras, também na Série A. Os jogadores pararam no momento em que Danilo caiu no gramado se queixando de dores.
Em vez de colocar a bola para fora, Léo conduziu em direção à grande área, livrando-se de dois marcadores palmeirenses antes de cruzar na segunda trave, na cabeça de Borges, autor do gol do triunfo do Alvinegro Praiano por 1 a 0.
Fair play na Europa
Um dos casos mais icônicos de fair play na Europa ocorreu na Copa da Holanda, em 2005/06. O zagueiro belga Jan Vertonghen, à época com 18 anos, marcou um gol de forma acidental para o time B do Ajax ao devolver a bola à equipe do Cambuur.
Depois de alguns momentos de discussão, os atletas do clube de Amsterdã permitiram que o adversário balançasse a rede com Thijs Houwing (assista abaixo).
O jogo terminou com vitória do Ajax por 3 a 1. E Vertonghen se tornou um dos jogadores mais renomados de seu país, com 154 presenças e 10 gols pela seleção, além de passagens expressivas por Tottenham e Benfica.
Em 2018/19, o Leeds United enfrentava o Aston Villa pela EFL Championship. Aos 27 minutos do segundo tempo, o atacante Jonathan Kodjia caiu no gramado depois de dividida no meio-campo.
Tyler Roberts, meia-atacante do Leeds, deu a entender que paralisaria o jogo ao se livrar da bola, porém seu colega de time, o polonês Mateusz Klich, ignorou os pedidos do adversário, carregou até a área e fez o gol.
Desapontado com a atitude de Klich, o técnico argentino Marcelo Bielsa ordenou que os jogadores ficassem parados na saída de bola. Assim, o Aston Villa teve caminho livre para empatar com o ganês Albert Adomah.
Ao término da segunda divisão inglesa, o Leeds caiu nas semifinais do playoff de acesso. Já o Aston Villa obteve a promoção justamente na repescagem, vencendo o Derby County na final por 2 a 1.
Rodrigo Caio e Jô
No Brasil, o zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo, evitou que o atacante Jô, do Corinthians, tomasse cartão amarelo no clássico pelo Campeonato Paulista de 2017. O camisa 3 do Tricolor avisou à arbitragem que foi o responsável pelo choque com o goleiro de sua equipe, Renan Ribeiro, e não o centroavante do Timão.
Rodrigo Caio recebeu elogios dos próprios companheiros de São Paulo, dos jogadores do Corinthians e de comentaristas esportivos. Tite, então técnico da Seleção Brasileira, convocou o atleta para duelos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. Ele disse que “a honestidade pesou” na escolha.
No mesmo ano, Jô fez gol de mão para o Corinthians na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, pelo Campeonato Brasileiro. Em entrevista na saída de campo, o centroavante desconversou: “Não vi se tocou na mão”. Dias depois, admitiu que bateu o braço na bola, mas “sem a intenção de trapacear”.