AMÉRICA

Presidente do América detalha negociação e modelos pretendidos para venda da SAF

Embora tenha reforçado que a venda da SAF do América não é uma prioridade, Salum detalhou os planos para realizar
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O presidente da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do América, Marcus Salum, não escondeu o objetivo de negociar as ações do clube até o fim do ano. Embora tenha reforçado que a venda não é uma prioridade, ela implicaria no sucesso do Coelho a longo prazo, segundo o dirigente. Ao No Ataque, Salum detalhou os planos para realizar o trâmite.

Este ano, o América criou uma Comissão para lidar com os assuntos da SAF. Em entrevista exclusiva, Salum disse estar otimista quanto ao desfecho da venda – que ele deseja concretizar até o fim de seu mandato no América, no fim de 2024.

“O momento da SAF não é favorável no Brasil, porque o Brasil está instável juridicamente. O próprio exemplo do Vasco demonstrou isso. Estamos num momento ruim para alguém apostar na nossa economia. Estamos buscando alternativas de investidores e também de parceiros, que dividam o risco com a gente.”

“Montei uma comissão, com dois ex-presidentes e duas pessoas do clube para me ajudar nesse processo, conselheiros do América. Estou otimista que algumas novidades vão surgir. Mas o América sobrevive sem isso”, opinou.

Para Salum, a venda da SAF garante ao América um novo patamar no cenário do futebol brasileiro. Atualmente, o clube ainda enfrenta limite orçamentário, o que impacta nas contratações e consequentemente, no desempenho em campo. O ideal para o presidente é que o investimento seja do nível de clubes da Série A.

“Por que eu tenho esse sonho? Porque eu quero mudar o América de patamar. Os clubes fizeram isso porque não sobreviviam, estavam quebrados. Então, sobreviver sofrendo, como eu sofro todo ano, para pagar as contas e tal, a gente consegue sofrer. Quando a gente tem um investidor e muda de patamar, o América tem mais chance na Primeira Divisão”

Salum, presidente do América

Além disso, Salum apostou no bom desempenho da Série B deste ano para acelerar o processo de venda das ações.

“E na Série A, eu (hoje) consigo trabalhar  com o 15ª, 14ª orçamento. Isso diminui as chances, tem que ter excelência o tempo todo, coisa que faltou ano passado e nos fez cair. Com mais recurso, pode errar mais e tem mais massa de manobra para não acontecer. Eu espero que, este ano, com o bom desempenho, uma sinalização de subida, acelere o processo de venda da SAF”, falou.

CT e Independência entram na venda?

Salum também detalhou o que entra na negociação da SAF – o dirigente não coloca o CT Lanna Drumond e o estádio Independência na porcentagem que seria vendida ao possível investidor. Inicialmente, a ideia do mandatário é alugar os locais.

“O América não vende patrimônio. O América, se for fazer qualquer tipo de negócio, temos duas modalidades. Primeira modalidade é a venda das ações, com aluguel do CT e aluguel do Independência, por um período, com o valor pago. O CT está vinculado à execução de melhorias”

Marcus Salum, presidente da SAF do América

“Do Independência está vinculado a desempenho e melhora do estádio. América venderia parte das ações e daria um bônus por desempenho. Com algumas regras, porque tem o conselho, mas quem vai por dinheiro vai assumir isso. Responsabilidade sobre a dívida, CT e nós queremos o mínimo de investimento em futebol”, falou.

Ainda sobre o modelo de negócio, o presidente salientou que a prioridade é garantir investimento no clube.

“Tenho que ter a certeza que a minha dívida parcelada vai ser paga, e quero investimento, porque se não tiver, não precisa vender. Eu tenho uma folha na Série A de R$ 5 milhões, se alguém comprar, tem que estar próximo de R$ 10 milhões. Tem que estar num nível mais alto, porque tem que ser competitivo. Perdi jogadores ano passado porque eu não podia pagar o salário de 400 mil, 350 mil. Aí você tem que acertar nas duas apostas. Acertamos na maioria das vezes, mas ano passado não fomos felizes”, pontuou.

Inspiração para SAF

Por fim, Salum apontou que gostaria de ter uma SAF como a do Manchester City, devido à expertise que envolve toda a operação do City Football Group – empresa responsável pela administração de uma rede de clubes que envolve, além dos ingleses, times como Girona e Bahia. Nacionalmente, ele se espelha no Bragantino.

“Gostaria muito de ter uma SAF como tem o Manchester City, porque a expertise no futebol é fundamental. Mas (a SAF) do Bragantino tem uma similaridade com a do América. Ela não é SAF, é uma venda efetiva de um clube, mas onde que o Bragantino concentra sua receita? Na formação de jogadores. Eles compram jogador jovem, formam o jogador para poder reciclar. E é vinculado a um grande clube europeu, que tem na Alemanha, Áustria e Estados Unidos. Eu gostaria de ter essa vinculação a clubes que pudessem ter uma parceira para isso. “Ah, mas vai jogador para lá”. Não é problema, desde que tenham regras”

Salum, do América

Um outro modelo avaliado por Salum seria uma parceria com algum algum investidor, em um projeto de formação de jogadores. Neste caso, o América seria detentor da maior parte das ações da SAF, mas receberia um valor menor.

“A outra modalidade é o América ser sócio de algum investidor, num projeto de formação de jogadores. Em vez de entrar com valor muito grande, entra com valor menor e eu fico com um percentual e tenho direito de recompra desse investimento durante 10 anos. É uma modalidade que estamos estudando. Mas, este ano, não acho que eu mudo a história do América com uma venda imediata. Se entrar alguém, vai seguir o que está sendo feito. Tenho uma janela no meio do ano, que vou fazer com ou sem investidor”, finalizou.

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