
O meio-campista boliviano Miguelito, emprestado pelo Santos ao América, foi preso em flagrante por injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, nesse domingo (4/5). Se for considerado culpado, o jogador americano pode pegar até cinco anos de reclusão. Ele nega as acusações.
O caso ocorreu aos 30 minutos do primeiro tempo da derrota americana por 1 a 0, no Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, interior do Paraná, pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Segundo relato feito pelo árbitro Alisson Sidnei Furtado na súmula, Allano acusa Miguelito de tê-lo chamado de “preto cagão”. Logo, começou uma confusão entre os jogadores.
O árbitro, então, sinalizou o protocolo antirracista da Fifa, implementado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e paralisou a partida. Nas arquibancadas, torcedores gritaram “racista” e protestaram.
Pena a Miguelito
Segundo a Polícia Civil do Paraná (PCPR), Miguelito foi preso em flagrante a partir da denúncia de Allano e o testemunho do volante Jacy, capitão do Operário-PR.
A prisão em flagrante foi feita com base na Lei nº 7.716/89, que criminaliza a “discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão.
“Em que pese as imagens oficiais da transmissão não captarem o momento em que ele vira e fala (a ofensa), pois estava de costas para a câmera, tanto a Polícia Civil, quanto o advogado do Operário-PR já entraram em contato com os canais responsáveis para tentar obter uma imagem de outro ângulo”, diz o delegado da Polícia Civil de Ponta Grossa, Gabriel Munhoz.
“Mas, diante do relato da vítima e da análise do contexto da imagem oficial – em que dá para ver que Miguelito passa por Allano, vira e profere algum tipo de ofensa, confirmado pela testemunha de que ouviu ofensa racial -, foi dada a voz de prisão em flagrante”, seguiu.
“O inquérito será finalizado nos próximos dias, eventualmente com a juntada das imagens que corroborem com o que já temos. Uma vez que se trata de um crime com uma pena de dois a cinco anos de reclusão, o jogador está aguardando detido até a audiência de custódia”, completou.
Miguelito nega, e América aciona advogado
Miguelito nega que tenha dito o que Allano o acusa. A reportagem de No Ataque apurou que o América, por sua vez, monitora de perto a situação com um advogado desde a madrugada desta segunda (5/5), no Paraná. A delegação retorna a Belo Horizonte, mas representantes do clube seguirão em Ponta Grossa.