AMÉRICA

Técnico do América questiona caso de injúria racial de Miguelito: ‘E se não tiver falado?’

Boliviano foi acusado de ter ofendido o atacante Allano, do Operário-PR, em jogo da Série B do Campeonato Brasileiro

O técnico do América, William Batista, questionou o caso de injúria racial de Miguelito, em coletiva nessa quarta-feira (14/5). O meio-campista do Coelho será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na segunda-feira (19/5), a partir das 11h30. O boliviano foi acusado de ter ofendido o atacante Allano, do Operário-PR, em jogo da Série B do Campeonato Brasileiro.

Segundo a acusação, Miguelito ofendeu Allano ao chamá-lo de “preto do c***” durante o primeiro tempo do jogo entre Operário-PR e América, em 4 de maio, no Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, interior do Paraná, pela sexta rodada da Série B.

Miguelito nega ter ofendido Allano. O América disponibilizou suporte jurídico ao meio-campista. O julgamento será no Rio de Janeiro, presencialmente. O treinador disse que vai avaliar com a diretoria se vale a pena levar o jogador à partida contra o Coritiba, que será também na segunda-feira (19/5), às 21h35, no Couto Pereira.

Após o duelo com o Operário-PR, o jogador do América foi preso em flagrante. Para isso, a Polícia Civil levou em conta os relatos de Allano e do volante Jacy, capitão do Fantasma, que foi testemunha.

A prisão em flagrante foi baseada na Lei nº 7.716/89, que criminaliza a “discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão.

“O Miguelito saiu algemado. Quem provou que o Miguelito foi racista? Eu odeio se tiver racismo. Ninguém prova nada. E tem vídeo, parece, que diz que um jogador que ouviu diz no campo que não ouviu. Tem outras coisas no futebol brasileiro que estão acontecendo piores do que o Miguelito até agora. Nem suspensão tomou como o Miguelito tomou. Por que? Boliviano? Porque é o América? Não sei o porquê, sinceramente”, começou William, após o empate com o Paysandu por 2 a 2, no Independência.

Desentendimento com técnico do Operário-PR

William ainda contou sobre desentendimento com Bruno Pivetti, técnico do Operário-PR. Assim que Allano acusou Miguelito, o árbitro Alisson Sidnei Furtado paralisou o jogo com base no protocolo antirracista da Fifa. Na arquibancada, a torcida também inflamou e protestou.

“Espero muito que não tenha sido só algo político. É pesado sair do seu país, ser criado desde os 14 anos no Brasil, ser algemado sem uma prova concreta. De ele tiver dito, tem que pagar pelo o que falou. Mas e se ele não tiver falado? E as pessoas que falaram o que falaram dele? O Pivetti (treinador do Operário-PR) falou assim pra mim ‘não encosta em mim, William’. Aí na coletiva ele falou que tem nojo disso, mas como ele tem nojo se ele não ouviu isso? Eu admirava muito ele, como um cara acadêmico, que veio estudando, que propõe o bem”, falou William.

Por fim, o treinador comentou a punição e julgamento ao qual Miguelito vem sendo submetido. O treinador questionou as provas e cobrou a responsabilidades daqueles que acusaram.

“Estou com ele, se teve racismo tem que ser punido. Mas e se não falou? A responsabilidade dele? Tem que ter responsabilidade sobre aquilo que a gente acusa. Ninguém é melhor do que ninguém, Tem que parar com essa hipocrisia. E se não provar? E se o cara ouviu errado? Onde fica a responsabilidade de quem falou isso? E mesmo se tiver prova, que pague pela lei humana. As pessoas falam que injúria racial é um ato de ódio. E o que as pessoas fazem para combater? Ódio. Se ele falou, que pague, mas se não falou, vai todo mundo pedir desculpa pra ele?”

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