TOMBENSE

Técnico do Tombense lista cinco fatores para reação na Série B

Especialista em recuperar clubes desesperados, Moacir Júnior concedeu entrevista exclusiva ao No Ataque e comentou recuperação do Tombense
Foto do autor
Compartilhe

A esperança de permanência do Tombense na Série B do Campeonato Brasileiro era pequena quando Moacir Júnior chegou ao clube, em agosto deste ano. A equipe mineira estava em 18º lugar, com 20 pontos, a cinco do primeiro time fora da zona de rebaixamento. Contudo, o treinador conseguiu reverter o cenário do time de Tombos, agora 14º colocado e com boas chances de permanência na Segunda Divisão Nacional. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Moacir contou sobre o cenário que encontrou na chegada ao clube e listou fatores que levaram à reação.

Especialista em recuperar clubes em situações dramáticas, Moacir mudou o desempenho do Tombense “da água para o vinho”. Antes dele, o aproveitamento da equipe na Série B era de 26,6%. Desde que assumiu, na 25ª rodada, o rendimento é de 51,5%. O time perdeu apenas duas vezes sob o comando do técnico, empatou seis e conquistou quatro vitórias.

Qual situação Moacir encontrou na chegada ao Tombense?

Moacir descreveu a situação do clube mineiro quando ele chegou. De cara, percebeu os desafios que iria enfrentar.

“O cenário era de vontade de recuperar, mas todos os dias falava para eles que era preciso uma mudança de comportamento para alcançar esse objetivo. E o comportamento mudou, a dedicação aumentou nos treinos e nos jogos. E isso é fruto de conversas diárias, conteúdos que a gente vem passando. E agora estamos mais perto de nos livrar (do rebaixamento) do que de cair para a Série C.”

Quais foram os cinco fatores principais para a reação do Tombense?

Moacir sintetizou cinco fatores que foram determinantes para a recuperação do time de Tombos na Série B.

  1. Mudança de comportamento;
  2. Mais intensidade nos treinos;
  3. Envolvimento de todo o grupo. “Não só os que jogam com frequência, mas também os atletas que não estão jogando, quem não está nem viajando. Promover um engajamento geral”;
  4. Volta para Tombos. “Muriaé nos acolheu muito, mas voltar a jogar em Tombos foi crucial para o nosso time”;
  5. Aguçar a questão espiritual, a fé de todos. “Para sair de uma adversidade grave”.

Saída de Muriaé e volta para Tombos

Quarto fator citado por Moacir para a melhora no rendimento do time, a volta para Tombos após mais de um ano e meio atuando em Muriaé foi muito destacada pelo treinador.

O Tombense está na Série B desde 2022. Como o regulamento exigia capacidade mínima de 10 mil pessoas para os estádios receberem partidas da competição, o clube foi obrigado a deixar o Almeidão, em Tombos, que comportava pouco mais de três mil, e mandar os jogos em casa no Estádio Soares de Azevedo, em Muriaé – que comporta quase 14 mil torcedores.

Assim, a cada jogo em casa, o time tinha que viajar cerca de 60 quilômetros da cidade onde treinava até o local da partida.

A CBF mudou a regra e reduziu a capacidade mínima para seis mil pessoas. Então, sinalizou ao Tombense que o mais importante era a qualidade do estádio. Assim, o clube de Tombos resolveu reformar o Almeidão, melhorar a estrutura e mais que dobrar a capacidade, para que pudesse mandar lá seus jogos na Série B.

Foram 543 dias sem partidas oficiais em seu campo até a reabertura, em outubro, com lugar para 6.555 espectadores. Assim, o Tombense passou a jogar de fato em casa. Fez dois jogos diante de seus torcedores e ainda não perdeu: ganhou do Vila Nova, pela 33ª rodada, e empatou com o Juventude, na 31ª.

O treinador destacou que o retorno a Tombos foi importante, principalmente, pela redução do deslocamento e por aproximar mais os jogadores do torcedor.

“O Tombense é o time que tem a logística mais complicada da Série B. Jogando em Tombos, já tem esse problema, porque as equipes têm que se deslocar do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte para cá. E quando a gente ia jogar em Muriaé, também tínhamos que nos deslocar. Todos os jogos do Tombense, como mandante ou visitante, exigiam deslocamento. Enquanto a maioria dos times só se desloca para jogar fora de casa”, afirmou Moacir.

“A falta do torcedor nativo também era um problema. O Tombense está no Módulo 1 do Campeonato Mineiro desde 2012, ativo há mais de 10 anos, já tem sua identidade. E ele precisa jogar em Tombos, pela honra do torcedor. Hoje, a cidade é conhecida em Minas Gerais, no país e até internacionalmente por causa da equipe de Tombense. Isso é motivo de orgulho para os habitantes”, completou.

Moacir Júnior, o especialista em recuperar clubes desesperados

Ao longo da extensa carreira como treinador, Moacir Júnior tornou-se “especialista” em recuperar times desesperados nas divisões inferiores e nos estaduais. Veja alguns dos feitos do técnico:

  • 2012 – assumiu o Tupi na última colocação do Mineiro e conseguiu terminar a fase inicial em quarto lugar, levando a equipe de Juiz de Fora à semifinal
  • 2013 – assumiu o Betim na zona de rebaixamento da Série C e, no final do campeonato, disputou o jogo de acesso para a Segunda Divisão com o Santa Cruz, mas saiu derrotado
  • 2014 – assumiu o América na lanterna do Mineiro e levou o clube à semifinal do estadual
  • 2017 – assumiu o Cuiabá na lanterna do Grupo A da Série C, com quatro pontos. Após 13 rodadas, somou 19 pontos e terminou na sexta colocação
  • 2018 – assumiu o Volta Redonda na zona de rebaixamento da Série C. Conseguiu livrar a equipe da degola e terminou o campeonato na oitava posição do Grupo B

Próxima missão do Tombense na Série B

O próximo jogo do time comandado por Moacir Júnior pode encaminhar a permanência da equipe na Série B.

O Tombense enfrentará a Ponte Preta no sábado (11/11), às 18h, pela 35ª rodada. Primeira equipe do Z4, a Macaca é adversária direta na luta contra o rebaixamento. Se vencer, o clube mineiro praticamente se salva da queda para a Série C.

Compartilhe