O apresentador do programa de TV espanhol “Al rojo vivo”, Antonio García Ferreras, entrou em discussão tensa com Borja Sanjuán Roca, porta-voz do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) em Valência, sobre o caso de racismo contra Vini Jr na cidade, na partida do Real Madrid contra o time local, no Estádio de Mestalla.
Borja Sanjuán foi chamado ao programa para comentar o que aconteceu com o jogador brasileiro. Um tuíte feito pelo porta-voz já havia repercutido: “Eu nunca defenderei qualquer insulto racista que possa ser dirigido a qualquer jogador, mas não é o que acontece com Vinícius. Esse jogador é uma vergonha para o futebol”.
No programa de TV, o porta-voz se dedicou mais a explicar que apenas uma pequena parte da torcida foi racista do que a comentar o racismo sofrido pelo brasileiro. “Não podemos aceitar o relato imposto de que todo o Mestalla e a torcida do Valencia são racistas”, disse Borja.
O clima ficou tenso quando o apresentador, Ferreras, perguntou a Borja Sanjuán: “Você estava no Mestalla?”. Ele respondeu que não, que viu o jogo de casa.
Ferreras então continuou: “Quando você diz ‘não é o que acontece com Vinícius’, o que quer dizer?”. Borja Sanjuán respondeu: “Em um campo de futebol, seguramente não pode haver nenhum tipo de racista, e também todos temos que demonstrar respeito, os torcedores e também os jogadores. É preciso exigir respeito aos jogadores, inclusive aos que vestem a camisa do Real Madrid”.
O apresentador destacou que os insultos a Vini Jr. começaram antes do jogo, na chegada do ônibus do Real a Valencia: “Começaram a insultá-lo quando ainda estava no ônibus. Nem havia calçado as chuteiras e o chamaram de ‘negro de merda e puto macaco de merda’ (sic)”.
Na sequência, Ferreras pergunta onde faltou respeito do brasileiro ao Valencia. O porta-voz do PSOE respondeu: “Infelizmente, vemos essa recepção em muitos estádios, a muitos jogadores. Eu teria concordado se o árbitro decidisse parar a partida porque houve um insulto racista. Mas acho que Vinícius Júnior não teve respeito com a torcida do Valencia. Ele faltou com respeito de forma muito grave.”
O representante socialista se referia a uma atitude de Vini Jr. no primeiro tempo da partida, em que provocou a torcida valenciana fazendo o numeral “2” com a mão, em referência à “Segunda Divisão”, pois o clube espanhol briga contra o rebaixamento.
Ferreras interrompeu Borja Sanjuán e perguntou se era grave o brasileiro ter provocado a torcida depois de escutar insultos racistas e ameaças de morte. O apresentador seguiu controntando Borja Sanjuán e afirmou que o porta voz do PSOE em Valência estava deturpando a situação. Ainda disse: “Não foram quatro ou 40 (torcedores que insultaram Vini Jr.), foram mais, e você sabe disso. Mas você tem eleições e tem que se vestir como valencianista”.
O apresentador terminou dizendo ao porta-voz que “o racismo é sério e grave o suficiente neste país para não fazer populismo barato”.
Polícia espanhola prende suspeitos de racismo a Vini Jr.
Quatro deles estão supostamente envolvidos com a elaboração de um boneco que representava Vini Jr. enforcado, colocado em ponte de Madri, em janeiro de 2023.
Já as outras três pessoas foram identificadas pelo Valencia como autores dos insultos raciais dirigidos ao brasileiro durante o jogo contra o Real Madrid, nesse domingo (21). Contudo, segundo a imprensa local, as três foram soltas após prestar depoimento.
