O Campeonato Espanhol começou nesta sexta-feira (11) com as partida entre Sevilla x Valencia e Almería x Rayo Vallecano. Já sem o atrativo de ter Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Neymar, a liga busca um novo astro mas também, principalmente, deixar para trás a imagem dos casos de racismo ocorridos nos últimos anos. Episódios em que o alvo maior foi o brasileiro Vinicius Junior.
Horas antes da abertura do torneio, LaLiga, entidade que organiza a competição da elite do país, anunciou medidas de combate à discriminação e ferramentas para facilitar denúncias.
Ações de combate ao racismo
A principal ação é a criação de uma nova plataforma, chamada LaLiga vs Racismo. No site laligavsracismo.com, serão anunciadas medidas educativas e preventivas contra comportamentos violentos ou discriminatórios.
“[A plataforma] Está aberta a partes interessadas, incluindo clubes, torcedores, instituições e aqueles que buscam apoiar a abordagem de tolerância zero da LaLiga ao racismo”, diz texto da entidade.
Também estará disponível no site acesso ao canal para que torcedores possam informar incidentes de racismo, dentro e fora do estádio, em tempo real.
A nova plataforma também oferece acesso direto ao canal de denúncias da LaLiga para que membros do público possam fornecer, em tempo real, informações relacionadas a quaisquer atos de ódio ocorridos dentro ou fora dos estádios.
Adesivos com códigos QR, que podem ser lidos e acessados por celulares, estarão disponíveis em todos os campos. Por eles, será também possível ao público realizar denúncias. Os capitães de todas as 18 equipes usarão braçadeiras customizadas com mensagens de combate à discriminação.
O torneio terá um manual para o torcedor e outro para o atleta, com informações de combate ao ódio e a violência. Os diretores da competição continuarão a contar com áudios captados nas arquibancadas para identificar comportamentos discriminatórios.
“O racismo tem sido há muito tempo uma questão de grande preocupação para nós. A LaLiga vs Racismo nos ajudará a avançar em nossa luta contra o racismo e a intolerância no futebol. Por anos, temos condenado incidentes racistas. A partir desta temporada, agora esperamos abordar o problema de forma mais global, com maior envolvimento de clubes, torcedores, parceiros e, esperamos, instituições espanholas que são chaves”, disse Javier Tebas, presidente da LaLiga.
Ataques a Vinícius Júnior
Desde 2021, Vinicius sofre ataques racistas de torcidas adversárias e até mesmo da imprensa espanhola. Isso já aconteceu dez vezes. O último caso de maior polêmica aconteceu durante o segundo tempo da partida contra o Valencia, em maio deste ano. Ele se dirigiu à arquibancada atrás de um dos gols para confrontar torcedores que proferiam insultos e faziam gestos racistas.
Após o episódio, Tebas insinuou no Twitter que o jogador estava sendo manipulado e que não deixaria o brasileiro manchar a imagem da competição.
Vinicius Junior foi ao ataque com fotos, vídeos e mensagens ressaltando episódios de racismo sofridos por ele e por outros jogadores. O atacante recebeu apoios nas redes sociais de nomes do esporte. O governo brasileiro cobrou resposta do espanhol. Protesto em frente ao consulado espanhol em São Paulo chamou LaLiga de “racista”, o que Tebas garantiu não ser.
“O futebol espanhol não é racista. A Espanha não é racista. Eu fui acusado de ser racista e não gosto disso. Sou muito afetado por isso. Nunca fui racista”, afirmaria o dirigente depois, em entrevista para tentar minimizar os danos à imagem da competição.
Segundo ele, procuradores não fizeram nada em diversos casos denunciados pela própria LaLiga. Casos registrados em vídeo na arquibancada que Vinicius Junior sequer teria escutado por estar em campo.
Tebas atacou a Justiça com o objetivo de reforçar o que se tornou uma das metas da entidade nos dias após os xingamentos recebidos pelo brasileiro: que a organização do campeonato tenha poder de aplicar sanções a clubes, jogadores e torcedores em casos de racismo. Algo que, de acordo com ele, seria prerrogativa da Justiça ou da Real Federação Espanhola.