Autor do gol de pênalti que deu o título da Copa do Mundo de 2022 à Seleção Argentina, o lateral Gonzalo Montiel foi acusado abuso sexual, agravado pela participação de duas ou mais pessoas, segundo o jornal Olé.
A denúncia foi feita por uma jovem cuja identidade não foi revelada. Ela alega ter sido violada em festa na casa da família do jogador durante a madrugada do ano novo de 2019.
Lateral do Sevilla, Montiel está de férias na Argentina. Nessa quinta-feira (15/6), o jogador prestou depoimento na Unidade Funcional de Instrução e Julgamento Especializada em Crimes Derivados da Violência Familiar e de Género e em Crimes contra a Integridade Sexual n.º 3 de La Matanza, distrito da capital Buenos Aires.
O que a vítima declarou
A vítima afirmou que estava com amigas na passagem de ano novo quando recebeu, por volta de 1h30 da manhã, “mensagem de Whatsapp de Gonzalo Montiel me convidando insistentemente porque era seu aniversário”, segundo texto ao qual o Olé teve acesso.
A jovem disse que conhecia o jogador pelo Instagram e havia tido dois encontros com o ex-River Plate – em um deles, tiveram relações sexuais consentidas.
Ao chegar na casa de Montiel, a mulher conta que observou que havia por volta de 25 pessoas – uma delas, Marisa, que se apresentou como a mãe do jogador.
Segundo a queixa, alguns convidados ofereceram bebidas à jovem. Ela afirmou que provou duas bebidas, mas não as consumiu por completo.
Posteriormente, a jovem contou que começou a se sentir muito mal: “Minha cabeça doía muito, sentia que ia desmaiar”.
No banheiro, ela enviou mensagem a Montiel dizendo: “Me ajude, por favor, me sinto mal, leve-me a minha casa”, segundo escrito na queixa. Depois de sair do cômodo, a jovem relatou que a última pessoa que se lembra de ter visto foi o jogador
A jovem disse que acordou na entrada da casa de Montiel, “molhada e cheia de lama”. Nesse cenário, segundo ela, “a irmã de Gonzalo me dizia ‘filha da p***, vou te matar, não se meta com meu irmão, não cite o nome dele’ “.
Foi relatado que a irmã do jogador ainda tentou agredi-la, mas outras mulheres presentes a impediram.
Ela conta que, mais tarde, quando voltava para casa, três convidadas que também estavam na festa e compartilhavam a viagem sugeriram: “Nem diga o nome de Gonzalo, a culpa foi sua”.
Elas ainda disseram, segundo relatado, que a suposta vítima “não tinha parado de beber, que era uma bêbada e que ficou cinco horas desmaiada”.
O que aconteceu depois
Já em casa, a denunciante alegou ter sentido dores na vaginaacosta al e constatou hematomas entre as pernas e raspões no antebraço e no joelho. Ao pegar o celular, havia uma mensagem de Montiel perguntando-a se estava bem. Ela contou o que aconteceu e o jogador disse: “Você esteve com alguém”.
A mulher ficou surpresa e disse que negou ao lateral a possibilidade de isso ter ocorrido. Logo depois, ela recebeu mensagem de Marisa, a mãe do jogador, segundo a descrição.
Após ouvir o que aconteceu, Marisa afirmou que a jovem havia sido violada.
Logo depois, a vítima foi a um hospital público e ativou o Protocolo de Abuso Sexual. Contudo, os registros médicos contêm inconsistências em relação ao que foi explicado pela jovem, segundo ela.
Em conversa posterior com Montiel, após insistir em saber quem a violou, ele a respondeu que fora “Alexis Acosta”.
Ao contar a Marisa que queria fazer a denúncia, a familiar de Montiel a desencorajou, pois o jogador estava no River e teria problemas no clube. Ela ainda sugeriu que a vítima se cuidasse, por ser “muito bonita”.
A mulher disse que, a partir do momento, começou seu “inferno”.
A vítima decidiu fazer a denúncia e avisou à mãe de Montiel. Na delegacia, quando começou a relatar o que ocorreu e disse o nome do jogador, os policiais “saíam do escritório e voltavam a entrar”. Ao mesmo tempo, sua amiga, que havia ido com ela até a delegacia e estava em carro nas imediações do local, disse ter visto “movimentações diferentes”.
Na queixa, a vítima diz que foi seguida por dois carros “por dez quarteirões” e que, com o passar dos dias, passou a receber chamadas de um número desconhecido que dizia, com voz masculina: “Esqueça Gonzalo Montiel, apague esse nome da sua cabeça”.
Ela conta que, nas ligações, era elogiada pela roupa que usava no momento e o seu cabelo, o que dava a entender que estava sendo seguida. A jogem ainda relatou ter recebido fortes ameaças de morte.
A versão de Montiel
Ex-River Plate, o argentino declarou à Justiça que tinha conhecido a denunciante meses antes do episódio. Segundo o lateral, eles tiveram apenas um encontro, em que foram à casa dele em Buenos Aires e tiveram relações sexuais consentidas.
Montiel disse que, no dia do episódio, saiu da festa para levar um amigo para casa. O lateral conta que voltou ao local entre 7h e 8h e encontrou todos os convidados do lado de fora.
“Minha mãe e meus amigos me começaram a contar que C. (a vítima) gritava irritada e dizia que tudo era minha culpa porque eu não havia cuidado dela; eu não entendia a que ela se referia”, declarou o jogador.
Ele ainda completou: “Me disseram que Alexis (nome que o jogador fala à vítima após ela insistir em saber quem a violou) a havia levado a sua casa, e antes eles estiveram no carro de meu pai, que estava estacionado dentro da casa”.
Montiel negou conhecer Alexis.
Próximos passos do caso
O caso foi nomeado “Acosta Alexis s/abuso sexual con acceso carnal”. Alexis, entretanto, ainda não foi identificado, assim como a terceira pessoa que também teria participado do abuso.
Foi marcada uma audiência para o dia 22 de junho. Nela, a jovem poderá levar uma testemunha para dar mais detalhes sobre a denúncia.