
O América superou alguns desafios para chegar à final do Campeonato Mineiro. Em temporada que começou com parte da torcida apreensiva em relação ao desempenho do time, o Coelho retomou a confiança e tem chance de repetir feito de 2016, quando venceu o Atlético e levantou o troféu do Estadual pela última vez.
Em 2025, América passou por remontagem do elenco e precisou se adaptar ao estilo de novo treinador. Com respaldo da diretoria, William Batista conquistou jogadores e implementou esquema que tem dado certo.
Com apenas uma derrota no Mineiro, equipe iniciou o campeonato com certa folga, mas se viu em situação desesperadora na última rodada da primeira fase. Contando também com a sorte, soube administrar resultados e foi eficiente na estratégia contra o Cruzeiro – se classificou nos pênaltis, depois de empate no tempo regulamentar.
O No Ataque lista cinco desafios que acompanharam o América nessa caminhada até a decisão do Mineiro de 2025.
Ano de investimento reduzido
Com a permanência na Série B do Campeonato Brasileiro, o América se viu em situação delicada financeiramente. O investimento teria que ser ainda mais reduzido do que em 2024, já que o clube vai enfrentar mais um ano sem grandes recompensas financeiras – como premiações do Brasileiro e cotas de televisão.
O clube reduziu salários, se desfez de jogadores que representavam um alto gasto e demitiu funcionários. Com o orçamento baixo, veio o desafio de montar um elenco competitivo para as competições do ano: Mineiro, Série B e Copa do Brasil.
A diretoria ressaltou que o América não faria nenhuma ‘loucura’ financeira – iria investir dentro do que tinha em caixa. Para que a situação melhore, o desejo é encontrar investidor para a SAF – isso se tornou, então, uma das principais metas para 2025.
Poucas contratações
Com o orçamento limitado, o América recorreu ao mercado em busca de reforços viáveis – sem aportes milionários e que não comprometessem a folha salarial. Para esta temporada, foram seis contratações.
O goleiro Matheus Mendes, os meio-campistas Miquéias e Cauan Barros, os atacantes Figueiredo e David Lopes e o lateral-direito Mariano foram os reforços. Desses, apenas Mariano e David Lopes chegaram de forma definitiva – os outros assinaram por empréstimo.
O clube evita comentar assuntos de mercado. Os dirigentes deixaram claro que estão de olho em possíveis movimentações, mas que isso não é uma prioridade.
Treinador jovem
A grande aposta do América para 2025 começa pelo treinador William Batista, de 31 anos. O jovem comandante é um velho conhecido do Coelho – esteve à frente das categorias de base e tem a confiança da diretoria.
Em busca de um nome que carregasse os ideais do América, os dirigentes deram a William a chance de comandar um time profissional pela segunda vez na carreira. Antes disso, ele foi treinador do Vasco, além de ter acumulado passagens como auxiliar técnico – na Chapecoense, no Bragantino e no próprio América.
Apesar de jovem, o técnico tem obtido bom desempenho e, principalmente, sinergia com os jogadores, que elogiam o trabalho feito por ele no dia a dia no CT Lanna Drumond. Em 10 jogos no Coelho, são três vitórias, seis empates e uma derrota. E a classificação à final do Mineiro.
Para o treinador, a força mental é o maior trunfo na caminhada para conquistar o título e quebrar o jejum de nove anos.
Elenco jovem
Já que tinha o orçamento baixo e pouco poder para ir ao mercado, o América fez outra aposta: confiou nos jogadores da base. O clube tem a tradição de dar revelar jogadores e se vangloria pelo ‘DNA formador’.
Neste ano, o Coelho integrou quatro jogadores da base ao profissional: o lateral-direito Samuel Alves (20 anos) e o lateral-esquerdo Paulinho (20), zagueiro Rafa Barcelos (20) e o volante Kauã Diniz (20).
Além desses, dois subiram em definitivo os meio-campistas Thauan Willians, de 20, e Yago Santos, de 21. Os dois já haviam estreado no elenco principal e chegaram a ficar no banco de reservas em alguns compromissos do profissional em 2024. Nesta temporada, passam a integrar o grupo oficialmente.
Para William Batista, a mescla dos jovens com os experientes tem sido um sucesso: “Fica a sabedoria para qualquer treinador, seja para mim também, de não analisar jogador por ser menino ou mais velho. É pelo que eles fazem no dia a dia. Gratidão imensa deles performando como performaram, sabendo que tem que ter consistência”, comentou.
Quase eliminação
Para chegar à final, o América atravessou um momento de grande turbulência. Apesar de ter feito boa campanha na primeira fase do Estadual, foi à última rodada com a classificação ameaçada.
Diante do Aymorés, precisava vencer para avançar de fase. Além disso, tinha que torcer contra o Athletic, que era o líder do Grupo B – enquanto o Coelho era o segundo. Nessa etapa do campeonato, apenas o primeiro de cada chave e o segundo melhor geral se classificavam.
No Independência, o América passou sufoco. Não conseguiu vencer o Aymorés – o jogo terminou empatado por 0 a 0 – e ficou dependendo do resultado do Athletic para se classificar. A tragédia parecia questão de tempo, mas o time de São João del-Rei também não fez a parte dele.
Contando então com a sorte, o América viu o Athletic perder por 4 a 1 para o Betim e cair para o segundo lugar do Grupo B. Com isso, o alviverde assumiu a ponta e conquistou a classificação à semifinal, aliviado.