ENTREVISTAS DO ATLÉTICO

Ousado? Milito explica diferentes táticas para título do Atlético

Atlético foi campeão mineiro diante do Cruzeiro com diferentes táticas ao longo dos 90 minutos; técnico Gabriel Milito explicou em entrevista
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Ousado? O técnico Gabriel Milito adotou diferentes táticas para que o Atlético conquistasse o título do Campeonato Mineiro pelo quinto ano consecutivo – naquele que também se tornou o primeiro título do ex-zagueiro argentino como treinador. Em entrevista concedida após a vitória do Galo sobre o Cruzeiro (3 a 1) no Mineirão, em Belo Horizonte, no último domingo (7/4), o comandante alvinegro explicou os distintos “planos de jogo” que idealizou antes e durante o clássico.

A escalação do Atlético para a final surpreendeu diversos atleticanos. Milito optou por uma dupla de zaga com Bruno Fuchs e Jemerson e acionou, ao menos em tese, três meio-campistas com mais características de marcação: Otávio, Battaglia e Alan Franco.

A ideia chamou atenção, já que o Galo estava em desvantagem na decisão e, na teoria, precisaria de mais atletas com características predominantemente ofensivas para pressionar o arquirrival desde os minutos iniciais. Gabriel Milito, no entanto, deixou claro que também se preocupou com o aspecto defensivo: não queria sofrer prejuízo ainda maior na final, controlando as subidas dos jogadores celestes.

“O primeiro plano de jogo era não jogar com linha de três zagueiros, mas com dois, e outros dois na contenção: Battaglia e Otávio. Isso para controlar muito bem os interiores deles: de um lado Matheus Pereira e, do outro, Mateus Vital. Com Saravia, tentar controlar muito o Arthur Gomes. Depois, com Arana, tentar controlar a subida do William. Eles atacam muito em 3-2-2-3. Então, nós, com quatro defensores fixos, íamos controlar esses três atacantes”, explicou.

“Queríamos controlar no meio esse quatro contra quatro, com Otávio e Battaglia contra os dois interiores e Zaracho e Alan Franco contra os dois meio-campistas de contenção deles. E jogar na frente com Hulk e Paulinho contra a linha de três deles. Era mais um atrás, mas um a menos na frente. Esse era o plano inicial, porque tínhamos a certeza de que um gol iríamos fazer. O que não podíamos era tomar gol, para ficarmos o tempo todo com a eliminatória viva”, acrescentou.

Atlético com um zagueiro após o gol de empate

No segundo tempo, Milito já preparava uma alteração tripla quando o placar apontava 1 a 0 para o Cruzeiro no Gigante da Pampulha. Aos 20 minutos da etapa complementar, Saravia empatou com belo gol de cabeça e, ainda assim, o argentino manteve as propostas de substituição.

Atlético e Cruzeiro no Mineiro - (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Jogadores do Atlético em comemoração após gol de Saravia contra o Cruzeiro(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Nesse momento do jogo, entraram Gustavo Scarpa, Igor Gomes e Eduardo Vargas nas vagas de Bruno Fuchs, Battaglia e Otávio, respectivamente. Alterações que transformavam radicalmente a disposição tática da equipe alvinegra.

“Depois do gol, não necessitávamos mais de um gol, mas sim dois. Então, decidimos jogar com um zagueiro e fechar Saravia e Arana [na linha defensiva]. Jogar com Zaracho mais recuado, junto com Alan Franco, para fazer uma saída de 3+2. Scarpa e Igor Gomes à frente, com um ‘triplo 9’ contra os três zagueiros deles: Vargas, Hulk e Paulinho. Atrás deles, associando muito pela direita, Scarpa e Igor Gomes. Ali, sentíamos que naquele setor teríamos profundidade e íamos atacá-los muito mais pela direita. E com as subidas do Arana pela esquerda quando pudéssemos, junto a Paulinho e Zaracho”, prosseguiu Milito.

Após o gol da virada, Atlético de Milito passou a ter três zagueiros

Cinco minutos após o gol de pênalti marcado por Hulk, que selou a virada para o Atlético, Milito optou pelas entradas de Mauricio Lemos e Igor Rabello nos lugares do próprio Hulk e de Saravia, respectivamente. As substituições tinham o objetivo de manter a intensidade da equipe, em virtude do desgaste físico dos atletas, e reforçar o setor defensivo para que a proposta passasse a ser sair em contra-ataques.

“Deu certo, mas tínhamos que assumir esse risco. Sabendo que, em qualquer contra-ataque, poderíamos tomar outro gol. Mas é isso: para conquistar a taça, tínhamos que fazer essa mudança [após o gol de empate] – que já havíamos analisado previamente para tentar primeiro empatar e depois estar outra vez na eliminatória para ganhar. E logo depois de passar a ganhar, modificamos, porque a equipe teve um grande desgaste. Voltamos a montar uma linha de cinco, com um 5-4-1, para roubar e atacar no contra-ataque – como foi o terceiro gol, do Scarpa”, encerrou Milito.

Igor Rabello e Gabriel Milito - (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Igor Rabello comemora título do Campeonato Mineiro com o técnico Gabriel Milito(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

“Com um gol, não alcançávamos [o título] mais. Precisávamos fazer outro gol para ganhar. O empate não servia. Uma vez que conseguimos empatar, seguimos com esse plano de jogo de sermos bem ofensivos. E era muito importante finalizar nossos ataques. Se nossos ataques fossem interrompidos pela defesa adversária, poderiam contra-atacar. Aí sim, estávamos com 3+2 (Arana, Jemerson e Saravia, mais Zaracho e Alan Franco) para defender. Com esse posicionamento, se conseguíssemos não perder a bola e tentar finalizar, sabíamos que íamos “empurrar” o Cruzeiro para o seu próprio campo. E teríamos que fazer isso se quiséssemos conquistar a taça.”

Gabriel Milito, técnico do Atlético

O Atlético tem pouco tempo para comemorar a conquista do Campeonato Mineiro. Já na quarta-feira (10/4), o Galo volta a campo para medir forças com o Rosario Central (Argentina) na Arena MRV, em Belo Horizonte, pela segunda rodada do Grupo G da Copa Libertadores.

Campeão pela primeira vez como treinador no Atlético, Gabriel Milito terá pouco tempo de trabalho para o próximo compromisso no torneio continental. Na estreia, o time alvinegro superou o Caracas (Venezuela), por 4 a 1, em Caracas.

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