ARBITRAGEM

Árbitra de Cruzeiro x Uberlândia foi primeira mulher a apitar final masculina em MG

Jornalista de formação, Andreza é pioneira na arbitragem feminina de Minas Gerais; conheça a trajetória dela

A partida entre Cruzeiro e Uberlândia, neste sábado (2/3), às 16h30, no Mineirão, pela 8ª rodada do Campeonato Mineiro, será apitada por uma pioneira. Andreza Helena Siqueira, de 37 anos, foi a primeira mulher a apitar uma final de campeonato masculino em Minas Gerais.

O jogo da Raposa será o terceiro de Andreza como árbitra principal nesta edição do Estadual. Antes, ela apitou a vitória do Uberlândia por 1 a 0 sobre o Democrata, pela terceira rodada, e o empate por 2 a 2 entre Itabirito e Patrocinense, pela sétima rodada.

Além disso, participou de partidas como árbitra de vídeo e quarta árbitra, função que exerceu no empate por 1 a 1 entre Atlético e Tombense, pela quinta rodada do Mineiro, e na goleada do América por 6 a 0 sobre o Pouso Alegre, pela primeira rodada.

Na véspera de Cruzeiro x Uberlândia, Andreza relembrou os dias mais “importantes” da carreira, contou ao No Ataque sobre a trajetória e as metas como árbitra, revelou a principal conquista e analisou o cenário da arbitragem feminina em Minas e no Brasil.

Trajetória de Andreza na arbitragem

Andreza sempre foi apaixonada por esportes. Nascida em BH, ela viveu em Divinópolis durante a infância e voltou à capital mineira para fazer jornalismo.

Jornalista formada, ela conta que nunca exerceu a profissão, mas revela que a escolheu por um motivo especial: “Eu me formei em jornalismo, mas nunca atuei. No entanto, se fosse para atuar, com certeza seria no esportivo. Foi para isso que estudei jornalismo! Porém, a vida me direcionou para a arbitragem e hoje, além de ser árbitra, sou administradora. Tenho um restaurante”.

Andreza se formou no curso de arbitragem da Federação Mineira de Futebol (FMF) no segundo semestre de 2016 – assim, está próxima de completar oito anos de carreira.

A primeira partida profissional masculina que ela apitou foi em 2019 – Figueirense x Santarritense, pela Segunda Divisão do Campeonato Mineiro.

Além do Módulo 1 do Mineiro, competição em que estreou neste ano, os torneios mais importantes nos quais já apitou são a Série D do Campeonato Brasileiro e a Série A1 do Brasileiro Feminino.

Hoje, ela diz que tem como principais metas da carreira trabalhar numa Copa do Mundo, no torneio de futebol da Olimpíada e na Série A do Brasileiro.

Duas conquistas em três dias

O intervalo entre os dias 18 (quinta-feira) e 20 de dezembro (sábado) de 2021 reservou a Andreza um turbilhão de emoções.

Na quinta, ela foi convocada de última hora para ser a árbitra do segundo jogo da final da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, entre Uberaba e Varginha. João Luiz Gomes Neto era o juiz responsável pela partida, mas um imprevisto mudou tudo: ele fraturou o pé direito em acidente de carro na antevéspera da decisão.

Até então, os planos dela para o fim de semana eram outros: comandaria a arbitragem de uma partida feminina amadora em Nova Lima.

Enquanto se arrumava para viajar até Uberaba, na sexta (dia 19), Andreza recebeu outra notícia arrebatadora: passaria a integrar o quadro de árbitros da Fifa a partir de 2022.

A árbitra diz ao No Ataque que esse foi o “momento mais marcante” da carreira. E relembra: “Até hoje não sei descrever em palavras o que senti. Foi um mix de emoções. Uma alegria muito grande, mas tive que controlar a emoção porque uma final exige muito do nosso mental”.

Ao apitar a vitória do Uberaba na decisão, que rendeu ao time o título da Segunda Divisão do Mineiro, a belo-horizontina fez história para a arbitragem feminina. Ela foi a primeira mulher a apitar a final de um torneio masculino em Minas Gerais.

Cenário da arbitragem feminina

Nos últimos anos, as mulheres vêm ganhando mais espaço na arbitragem. Contudo, ainda há caminho longo a ser percorrido: dos 17 árbitros Fifa no Brasil, apenas cinco nunca apitaram partidas da Série A: todas mulheres.

Das seis árbitras Fifa brasileiras, apenas uma, Edna Alves, trabalhou em partidas da elite do futebol masculino.

Apesar da desigualdade ainda latente, Andreza destacou o aumento da aceitação para a arbitragem feminina no futebol e mostrou-se otimista com o futuro.

“Acho que não só no cenário mineiro, mas no brasileiro e até mesmo mundial, a arbitragem feminina está numa crescente. Acredito que isso está acontecendo em decorrência do crescimento e evolução do futebol feminino. Com relação à aceitação acredito que já subimos muitos degraus, e a aceitação está melhorando também. O importante é fazer um bom trabalho. Sendo homem ou mulher. É isso que o futebol e os times pedem e querem”

Andreza Siqueira árbitra mineira
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