O empate por 0 a 0 entre a Seleção Brasileira e Equador na noite desta quinta-feira (5/6) não marcou apenas a estreia do italiano Carlo Ancelotti na área técnica da Amarelinha. Um dos jogadores escalados como titulares pelo treinador na partida também estreou: o zagueiro Alexsandro, que atua pelo Lille, da França.
Alex formou dupla de zaga com Marquinhos, titular absoluto do Brasil há anos e escolhido por Ancelotti como o capitão da equipe contra o Equador, e teve atuação segura.
O defensor de 25 anos teve a segunda melhor nota SofaScore da Seleção na partida – 7,4, três décimos a menos que o volante Casemiro e empatado com o lateral-direito Vanderson. Veja abaixo os números dele no jogo.
Os números de Alexsandro em Brasil x Equador
- Um desarme
- Uma interceptação
- Nenhum drible sofrido
- Seis cortes (maior número do jogo)
- Três duelos pelo chão ganhos (100% de aproveitamento)
- Dois duelos pelo alto ganhos (100% de aproveitamento)
- Nenhuma falta cometida
- Duas faltas sofridas
- Quatro perdas de posse de bola
- 78 passes certos de 82 tentados (95% de aproveitamento)
- Três passes longos certos de quatro tentados (75% de aproveitamento)
- 93 ações com a bola (maior número da Seleção)
- Nota 7.4
A carreira de Alexsandro
Alexsandro teve infância difícil, como o próprio revelou em entrevista ao ge. Natural de Duque de Caxias, cidade fluminense próxima da capital Rio de Janeiro, o jogador cresceu com a mãe vendendo objetivos no lixão de Jardim Gramacho. Foi lá também onde ele ganhou algumas roupas quando criança.
“A situação que a gente estava era muito precária, e eu queria tirar dessa situação. Quando eu abria a geladeira e não tinha nada para comer, abria o armário e não tinha um biscoito. Aquela situação que era negativa, eu transformava em positiva para me reerguer. Foi a falta de tudo, do básico dentro da minha casa que fiz como se fosse positiva. Menti para mim mesmo. Sabia que as coisas poderiam não acontecer, mas voltei a acreditar e fiz acontecer”, disse Alexsandro.
Foi em 2014, quando chegou na base do Flamengo, que o zagueiro começou a ver sinais de um futuro mais próspero. No Ninho do Urubu, fez parte de uma geração vitoriosa e atuou ao lado de Hugo Souza, goleiro do Corinthians, e Vinicius Júnior, atacante do Real Madrid e vencedor do prêmio Fifa The Best.
O sonho de se tornar profissional, entretanto, se afastou em 2016, quando Alexsandro deixou o Rubro-Negro. Ainda na entrevista, ele revelou ter feito testes em mais de 10 clubes após a saída do Flamengo, mas não foi aceito em nenhum. No Fluminense, permaneceu dois meses antes de ser dispensado.
Depois de mais de um ano sem oportunidades no futebol, Alexsandro precisou buscar outras formas de ganhar dinheiro para ajudar em casa. Trabalhou como feirante, catador de latinhas e em obras enquanto ainda sonhava com a carreira nos gramados.
“Foi o ano mais difícil da minha vida. Fiquei sem clube, estava desempregado. Estava buscando um clube para poder mostrar o que sei fazer, mas nenhum conseguia ficar comigo. Estava com a mente muito positiva. Sou irmão mais velho, tenho quatro irmãos. Não podia deixar essas coisas me deixarem pra baixo. No início eu via como aprendizado. Depois de um ano e meio, eu não queria mais. Levei muitos ‘não’, fiquei muito cansado”
Alexsandro
Foi então que, em 2019, por meio de um treinador com quem trabalhou no Fluminense, Alexsandro recebeu a oportunidade para jogar em Portugal. No continente europeu, ele primeiro defendeu as cores do Praiense, que à época disputava o Campeonato de Portugal (a quarta divisão).
Ele ainda passou pelo Amora antes de chegar ao Chaves, que disputava a Segunda Liga, em 2021. O jogador se destacou pela equipe, mas não deu sequência à escalada de divisões em Portugal. O bom desempenho chamou a atenção do Lille, que o contratou em 2022.
Logo de cara, Alexsandro passou a ganhar minutos na equipe, que havia sido campeã francesa na temporada 2020/21. Em 2023, ele já se tornou titular absoluto. Hoje, está mais consolidado que nunca.
