As diferenças de estrutura entre as competições femininas e masculinas organizadas pela Conmebol seguem escancaradas. A meio-campista Ary Borges, do Brasil, denunciou as condições precárias que estão sendo oferecidas às seleções durante a Copa América Feminina, disputada em Quito, no Equador.
Nessa quarta-feira (16/7), após a vitória da Seleção Brasileira sobre a Bolívia por 6 a 0, Ary falou que o espaço de treinamento antes das partidas é minúsculo. As atletas nem sequer podem se aquecer no campo. Os jogos da competição são disputados apenas em dois estádios: Complejo Independiente del Valle e Chillogallo. São duas partidas por dia, uma às 18h e outra às 21h.
“Parece que a gente está jogando na várzea, a várzea é muito melhor. Não existe isso, a gente está jogando uma competição que vale vaga para a Olimpíada, e não tem VAR. Não consegue pisar no gramado, fomos para o jogo sem saber como era o campo. E o pior de tudo, aquecendo num gramado sintético, debaixo de um cimento, dentro de um espaço de 10, 15 metros, fedendo a tinta”, comentou a jogadora do Racing Louisville, dos Estados Unidos.
Em tom de cobrança, Ary citou o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, e comparou a situação com a Copa América masculina, disputada ano passado nos Estados Unidos, em que a Argentina foi a grande campeã.
“É muito difícil, porque ano passado a gente teve uma Copa América masculina em bons horários, em bons estádios, e agora a gente vê um descaso. Pra mim a palavra é essa, descaso com o futebol feminino. É uma vergonha para a Conmebol estar nesta situação. Fica a lição para o Alejandro, como presidente, para ele experimentar, vir se aquecer durante cinco minutos na altitude para ver como está sendo ruim e prejudica o espetáculo”, disse a atleta.
Kerolin citou diferenças
Nas redes sociais, nesta quinta-feira (17/7), Kerolin ecoou as críticas da companheira de equipe. A atacante do Brasil citou que a Eurocopa Feminina, que está sendo realizada na Suíça, tem a devida estrutura para as atletas.
“Estou assistindo a Euro. E é surreal a diferença de estrutura, audiência, investimento… Chega a ser desanimador, não queria vir aqui falar sobre isso, mas estrutura seria o mínimo para nós. Não tem como o mundo todo evoluir e aqui não ser feito nem questão”, desabafou a jogadora.
Estou assistindo a Euro hoje… e cara…
É surreal a diferença de estrutura, audiência, investimento..
Chega ser desanimador, não queria vir aqui falar sobre isso, mas estrutura seria o mínimo pra nós.
Não tem como o mundo todo evoluir e aqui ser feito nem questão. Pelo mesmo…— Kerolin (@kerolinnicolii) July 17, 2025
Arthur Elias também criticou estrutura
Na entrevista coletiva, o técnico Arthur Elias havia criticado a mesma estrutura. Ele contou que caso uma atleta precise ser cortada de última hora, por qualquer problema físico, por exemplo, a substituta deve entrar em campo sem o devido aquecimento.
“A questão do aquecimento me preocupa muito porque hoje, por exemplo, tivemos uma jogadora no final do aquecimento que sentiu uma possibilidade de problema muscular. Mas o que eu penso é na outra atleta que não aqueceu, porque não tem espaço, ela vai entrar sem se aquecer”, criticou o comandante da Seleção.
A Conmebol vetou o aquecimento em campo com a justificativa de preservar o gramado, já que dois jogos são realizados no mesmo dia. As salas pequenas que foram disponibilizadas geraram confusão entre as atletas das duas equipes, que tiveram que usar o mesmo espaço antes da partida.