O destino foi cruel para o Atlético na tarde deste domingo (10/11). Nem mesmo o torcedor alvinegro mais pessimista poderia imaginar cenário pior: a primeira comemoração de um título na Arena MRV, novo estádio do clube mineiro em Belo Horizonte, foi justamente do histórico arquirrival Flamengo. Improdutivo, o Galo perdeu para o rubro-negro carioca, por 1 a 0, e amargou o vice da Copa do Brasil – já que também havia perdido o jogo de ida no Maracanã, no Rio de Janeiro, por 3 a 1.
O Atlético demonstrou sérios problemas de criatividade na Arena MRV diante do Flamengo. Por vezes passivo quando teve a bola, o time de Gabriel Milito apresentou poucos mecanismos para desestruturar a defesa adversária e viu o rival criar as chances mais perigosas da partida. Na reta final do confronto, a desorganização defensiva pesou negativamente, e Gonzalo Plata marcou o gol que selou a conquista do Fla em BH.
Bicampeão da Copa do Brasil (2014 e 2021), o Galo sofre com o segundo vice no torneio mata-mata. O primeiro havia ocorrido em 2016, diante do Grêmio.
O clube mineiro, agora, concentra energias para a decisão da Copa Libertadores. Em 30 de novembro, a partir das 17h, o Atlético medirá forças com o Botafogo no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, pela principal taça do continente.
Já o rubro-negro carioca comemora o pentacampeonato da Copa do Brasil: já havia conquistado o título em 1990, 2006, 2013 e 2022.
Atlético e Flamengo voltam a se enfrentar em três dias
Os rivais voltam a se enfrentar na quarta-feira (13/11), a partir das 20h, no Maracanã. O novo clássico entre os times será disputado pela 33ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
O Flamengo é o quinto colocado da competição, com 58 pontos. Já o Atlético ocupa a 11ª posição, com 41.
Atlético x Flamengo: o jogo
No embalo de mais de 40 mil torcedores na Arena MRV, o Atlético deu início à finalíssima adotando a postura já esperada: busca pelo protagonismo a partir do controle da posse de bola e linhas avançadas para preencher o campo ofensivo. O time alvinegro explorava principalmente as construções a partir do lado direito, procurando Gustavo Scarpa no setor.
O Galo priorizava a construção de pé em pé, mas também arriscava bolas longas para tentar encontrar as costas dos defensores do Flamengo. Na primeira metade da etapa inicial, duas finalizações de Hulk exigiram boas defesas de Rossi. O Urubu, apesar disso, levava perigo nos contra-ataques, assustando torcedores alvinegros em situações de exposição da defesa do Atlético.
A tensão crescia nas arquibancadas da Arena MRV na medida em que transcorriam os minutos. A equipe mineira tinha cada vez mais dificuldades em proteger a própria área e observava o Flamengo crescer no jogo.
Faltava ao Galo mais dinâmica para desestruturar a forte marcação adversária e criar reais chances de perigo. Por vezes, a passividade com a bola e a lentidão nas movimentações gerava irritação da torcida alvinegra. Aos 35 minutos, no entanto, um erro na saída de bola carioca quase fez com que Paulinho balançasse as redes.
A agressividade de Lyanco nos duelos individuais era fator determinante para dar fim à boa parte das iniciativas flamenguistas. O zagueiro sérvio-brasileiro chegou a ser advertido com cartão amarelo após entrada dura em Arrascaeta, matando contra-ataque rival – em lance polêmico e de reclamações de atletas e comissão técnica do Fla, que queriam a expulsão do atleticano.
No fim das contas, um primeiro tempo de pouca inspiração por parte do Atlético – inclusive, com certa superioridade do rubro-negro dentro de sua proposta. Foram os comandados de Filipe Luís quem criaram as oportunidades mais perigosas dos 45 minutos iniciais.
Segundo tempo
No intervalo, o técnico Gabriel Milito promoveu as entradas de Saravia e Alan Kardec nas vagas de Lyanco e Otávio, respectivamente. Com a mudança, o Atlético passou a atuar com apenas Alan Franco como volante, Arana e Scarpa abertos pelos lados, Zaracho como meia-esquerda e um trio de atacantes por dentro.
Em desvantagem na decisão, o time alvinegro se lançou por inteiro ao setor ofensivo e buscava povoar a área. As principais iniciativas vinham pelos lados, com cruzamentos que buscavam os homens de frente para finalizar.
Com a exposição completa ao ataque, naturalmente, o Galo tinha ainda mais dificuldades para controlar os contra-ataques do Flamengo. Logo nos primeiros minutos da etapa complementar, Bruno Henrique arrancou em velocidade nas costas da defesa atleticana e exigiu boa defesa de Everson em lance à queima-roupa. Aos 17 e aos 20 minutos, mais duas oportunidades parecidas, com o arqueiro alvinegro novamente como herói.
O rubro-negro novamente se via mais próximo de abrir o placar do que o Atlético. Encurralado no campo de defesa com a pressão flamenguista, o time mineiro não conseguia dar continuidade às tramas ofensivas.
Everson era mesmo o grande personagem da partida. Baqueado defensivamente, o Atlético contava com verdadeiros “milagres” do camisa 12 para não ceder o gol ao Flamengo.
Aos 36 minutos, livre na pequena área, Alan Kardec desperdiçou chance incrível de balançar as redes. Logo na sequência, em contra-ataque, Gonzalo Plata teve frieza para encobrir o arqueiro do Galo para abrir o placar e selar o pentacampeonato carioca: 1 a 0 para o Flamengo.
O gol desencadeou grande confusão na Arena MRV. Diversos torcedores alvinegros atiraram bombas, sinalizadores e outros objetos em direção ao campo. Dentro das quatro linhas, atletas também se desentenderam.
No reinício do confronto, um clima melancólico tomou conta da parte preta e branca das arquibancadas, enquanto a parcela vermelha e preta festejava. A torcida do Atlético chegou a entoar o hino do clube e cantar em referência à Libertadores, incentivando o grupo.
Apesar disso, nova atuação pobre por parte do Galo, que viu o Flamengo ser merecedor da conquista. Energias alvinegras, agora, totalmente focadas no principal torneio do continente – depois de um grande baque na Copa do Brasil.
ATLÉTICO 0 x 1 FLAMENGO
Atlético
Everson; Lyanco (Saravia, no intervalo), Battaglia, Junior Alonso e Guilherme Arana (Rubens, aos 31min do 2°T); Otávio (Alan Kardec, no intervalo), Alan Franco, Zaracho (Bernard, aos 23min do 2°T) e Gustavo Scarpa (Alisson, aos 23min do 2°T); Paulinho e Hulk
Técnico: Gabriel Milito
Flamengo
Rossi; Wesley França, Léo Ortiz, Léo Pereira (David Luiz, aos 43min do 2°T) e Alex Sandro; Pulgar, Evertton Araújo, Gerson e Arrascaeta (Fabrício Bruno, aos 13min do 2°T); Michael (Plata, aos 23min do 2°T) e Gabigol (Bruno Henrique, no intervalo)
Técnico: Filipe Luís
- Motivo: jogo de volta da final da Copa do Brasil
- Data: 10/11/2024
- Estádio: Arena MRV, em Belo Horizonte
- Árbitro: Raphael Claus (FIFA-SP)
- Assistentes: Neuza Inês Back (FIFA-SP) e Danilo Ricardo Simon Manis (FIFA-SP)
- VAR: Daiane Muniz (FIFA-SP)
- Gol: Gonzalo Plata (Flamengo, aos 36min do 2°T)
- Cartões amarelos: Lyanco, Igor Rabello (Atlético); Pulgar, Evertton Araújo (Flamengo)
- Cartão vermelho: Saravia (Atlético)
- Público: 44.876
- Renda bruta: R$ 10.410.129,58