Jogadores que se declararam torcedores do Atlético fizeram parte de conquistas importantes do Cruzeiro. Os personagens lembrados por No Ataque deixaram a rivalidade de lado, prezaram pelo profissionalismo e enriqueceram seus currículos no mundo da bola com títulos de Copa Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.
Éder Aleixo
Sem dúvidas, o nome mais emblemático é Éder Aleixo. O ponta revelado na base do América chegou ao clube do coração em 1980. Foram três passagens pelo Atlético: 1980 a 1985; 1989 a 1990 e 1994 a 1995.
Conhecido como “Bomba de Vespasiano” devido aos potentes chutes de pé esquerdo, Éder marcou 122 gols em 368 jogos pelo Galo e venceu o Campeonato Mineiro em seis oportunidades. Por outro lado, não levantou troféu fora do estado no time alvinegro.
Somente em 1993, aos 36 anos de idade, é que Éder se sagrou campeão nacional. Com a camisa 10 do Cruzeiro, ele participou da campanha do primeiro título da Copa do Brasil, com vitória sobre o Grêmio por 2 a 1 na final, no Mineirão.
Éder marcou um gol na competição utilizando sua principal característica. Com um arremate forte de pé canhoto, ele anotou o terceiro tento na goleada por 5 a 0 diante da Desportiva Ferroviária, no Mineirão, pela primeira fase.
Titular do Brasil na Copa do Mundo de 1982, Aleixo também brilhou no Grêmio e vestiu os tradicionais mantos de Palmeiras, Santos, Athletico-PR e Botafogo. Após parar de jogar profissionalmente, foi comentarista da TV Globo. Hoje com 68 anos, Éder é auxiliar técnico do time principal do Atlético.
Veja abaixo o que Éder já disse sobre ser campeão pelo Cruzeiro
Cléber
Mineiro de Belo Horizonte, Cléber nunca escondeu a paixão pelo Atlético. De 1987 a 1991, o ex-zagueiro disputou 110 jogos e marcou 12 gols, sendo vendido ao Logoroñes, da Espanha, na temporada 1991/92.
Em 1993, Clebão regressou ao futebol brasileiro para defender o Palmeiras. E se tornou uma das referências do clube pelo qual jogou até 1999. Entre os nove títulos estão o Brasileirão em 1993 e 1994, a Copa do Brasil em 1998 e a Libertadores em 1999.
Xerifão da defesa palmeirense, Cléber jogou 373 partidas e marcou 21 gols. Em 1998, quando enfrentou o Cruzeiro pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro, o zagueiro falou da torcida pelo Atlético em reportagem da Globo (assista abaixo).
A preferência pelo Galo não impediu o defensor de ir para a Toca da Raposa. Em 2000, o Cruzeiro contratou Cléber em um “pacotão” que também tinha o lateral-direito Zé Maria e o centroavante Oséas, todos do Palmeiras.
O zagueiro foi capitão celeste na Copa do Brasil de 2000, marcada pela vitória de virada sobre o São Paulo, por 2 a 1, em um Mineirão com 85 mil torcedores. Ele ficou notabilizado por tirar uma bola quase em cima da linha nos minutos finais da decisão.
Em cruzamento do lateral-esquerdo Fábio Aurélio, o atacante Marcelinho Paraíba cabeceou para defesa parcial do goleiro cruzeirense André. A bola pingou na pequena área, e o camisa 4 afastou para longe antes que Raí chegasse para pegar o rebote.
Pelo Cruzeiro, Cléber disputou 62 partidas e fez cinco gols. Além da Copa do Brasil de 2000, ergueu a taça da Copa Sul-Minas de 2001. Após atuar por Santos, Yverdon (Suíça) e Figueirense, encerrou a carreira no São Caetano, em 2006, aos 37 anos.
Reinaldo Rosa
Reinaldo Rosa surgiu no time principal do Atlético em 1993, sendo considerado bastante promissor devido às constantes convocações para as seleções de base. Com apenas 18 anos, em 1994, acumulou 13 gols no Brasileirão, em que a equipe terminou na quarta posição.
O ápice de Reinaldinho, como era chamado na época, foi no duelo com o Corinthians, no Mineirão. Ele marcou três gols na vitória atleticana por 3 a 2, no jogo de ida da semifinal.
A classificação do Galo à decisão do Brasileiro só não veio porque o Timão ganhou por 1 a 0 no embate de volta, em São Paulo, e avançou por causa da campanha superior nas etapas anteriores.
Pelo Atlético, Reinaldo Rosa contabilizou 53 gols em 116 jogos. Em 1995, foi vendido ao Anderlecht, da Bélgica, mas não se firmou no futebol europeu. Ainda passou por Palmeiras e Verona (Itália) antes do acerto com o Cruzeiro.
A trajetória na Toca foi breve, mas vitoriosa. O centroavante integrou o time campeão mineiro e da Copa Libertadores, balançando a rede em ambos os torneios.
No estadual, Reinaldo jogou 11 partidas e anotou cinco gols – um deles no empate por 1 a 1 com o Atlético, em clássico que virou clipe da música “É Uma Partida de Futebol”, da banda Skank.
Na Libertadores, o atacante entrou em campo sete vezes e fez dois gols – nas vitórias em cima dos peruanos Alianza Lima (2 a 0) e Sporting Cristal (2 a 1) pela fase de grupos.
Nos mata-matas, o camisa 7 perdeu a posição para Marcelo Ramos, que voltou ao Cruzeiro depois de jogar por uma época no PSV Eindhoven, da Holanda. O time bateu El Nacional (Equador), Grêmio, Colo-Colo (Chile) e Sporting Cristal (Peru) e celebrou o título continental.
Aposentado do futebol desde 2007, Reinaldo é cantor de pagode e já integrou os grupos “Rei do Pagode” e “Purarmonia”.
Assista ao clipe “É Uma Partida de Futebol”
Ronaldo Drummond
Por oito anos seguidos, Ronaldo Gonçalves Drummond dedicou sua habilidade ao Atlético. Foram 270 jogos, 66 gols e os títulos do Campeonato Mineiro de 1970 e do Campeonato Brasileiro de 1971.
Em 1972, Ronaldo acertou com o Palmeiras, onde permaneceu até 1975. Em quatro anos, marcou 31 gols em 185 partidas e festejou quatro títulos: dois Brasileirões (1972 e 1973) e dois Paulistas (1972 e 1974).
Depois de rápida estada no Santos, Ronaldo Drummond retornou a Belo Horizonte para representar a Raposa. Segundo o Almanaque do Cruzeiro, o ex-atacante anotou nove gols em 33 jogos pelo clube.
Em entrevista ao Superesportes em julho de 2016, Drummond contou como participou dos três gols do Cruzeiro na vitória por 3 a 2 sobre o River Plate, da Argentina, na decisão da Copa Libertadores de 1976.
“No primeiro, disputei a bola com o defensor que colocou a mão e cometeu pênalti. No segundo, driblei o adversário e dei o passe para o Eduardo marcar. E no terceiro, sofri a falta que o Joãozinho entrou na frente do Nelinho e fez o gol”.
Ronaldo Drummond
Ronaldo morreu em 9 de junho de 2020, aos 73 anos, em consequência de uma hemorragia gástrica. Uma curiosidade sobre o ex-jogador é que ele era primo de Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, maior artilheiro da história do Cruzeiro, com 245 gols.
Os lances de Cruzeiro 3 x 2 River Plate na final da Libertadores de 1976
Marcelo Oliveira
Marcelo Oliveira dedicou grande parte de sua vida no futebol ao Atlético. Natural de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ele iniciou na base alvinegra aos 14 anos, em 1969. A partir de 1974, consolidou-se titular na equipe principal.
Segundo a enciclopédia Galo Digital, Marcelo Oliveira fez 104 gols em 285 jogos pelo Galo. Em 1977, o camisa 10 alcançou a temporada mais artilheira, com 26 gols pelo clube e dois na Seleção Brasileira. Naquele ano, o Atlético foi vice-campeão brasileiro invicto ao perder a final em jogo único para o São Paulo, nos pênaltis, no Mineirão.
De 2001 a 2007, Marcelo trabalhou na base do Atlético. Em diversas ocasiões, foi acionado para ser interino do elenco profissional. A primeira saída do clube ocorreu no fim de 2008.
Marcelo Oliveira deu sequência como treinador no Ipatinga, em 2009. No ano seguinte, comandou o Paraná. Até que em 2011 veio a grande chance da carreira no Coritiba.
Em dois anos no Coxa, o técnico obteve 76 vitórias, 26 empates e 32 derrotas. Foi bicampeão paranaense, duas vezes vice da Copa do Brasil e terminou o Brasileirão em oitavo e 13º lugares.
Por causa da identificação de Marcelo com o Atlético, grande parte da torcida do Cruzeiro rejeitou sua contratação para 2013. Contudo, a diretoria celeste se manteve firme no propósito e bancou Oliveira, que levou o clube ao bicampeonato da Série A.
Em 2013, o Cruzeiro somou 76 pontos no Brasileirão, 11 a mais que o Grêmio, vice-campeão. Na edição de 2014, a campanha foi ainda melhor: 80 pontos, 10 acima do segundo colocado, o São Paulo.
Jogadores daquele elenco geraram grande receita ao Cruzeiro, casos do volante Lucas Silva, vendido ao Real Madrid por 14 milhões de euros, e do atacante Ricardo Goulart, comprado pelo Guangzhou Evergrande, da China, por 15 milhões de euros.
Em dois anos e cinco meses no Cruzeiro, Marcelo Oliveira superou 69% de aproveitamento. O retrospecto foi de 106 vitórias, 32 empates e 31 derrotas. Além dos dois Brasileirões, ele venceu o Campeonato Mineiro de 2014.
Atualmente com 70 anos, Marcelo Oliveira reside em Belo Horizonte e curte a aposentadoria do futebol. Seu último trabalho como técnico foi pela Ponte Preta, em 2020. Antes, dirigiu Palmeiras, Atlético, Coritiba e Fluminense.