O Cruzeiro almeja título inédito da Copa do Brasil Feminina. Para isso, terá de superar um primeiro desafio com cara de decisão. Nesta quarta-feira (6/8), as Cabulosas medem forças com o Corinthians, a partir das 16h30, pela terceira fase do torneio nacional. O palco do confronto? O Castor Cifuentes, ou Alcapão do Bonfim, em Nova Lima, casa da Raposa em muitos jogos na temporada.
O confronto é digno de ansiedade para a torcida celeste, e os números comprovam. São, na história, 10 jogos entre Cruzeiro e Corinthians, com nove triunfos (90%) para as paulistas e apenas um (10%) para as mineiras. Só nesta temporada, dois sucessos das corintianas – pela Supercopa Feminina e pelo Campeonato Brasileiro. Mas o retrospecto não entra em campo, e o No Ataque exibe, a seguir, motivos para que os fãs da Raposa acreditem na classificação.
Temporada de destaque do Cruzeiro
A cultura do futebol feminino está cada vez mais inserida no Cruzeiro. Para agregar, o grupo contou com investimento jamais feito anteriormente – a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube, comandada por Pedro Lourenço, investiu R$ 15 milhões na modalidade.
Ciente da importância do esporte e com caixa para aplicar, a Raposa foi ao mercado. Além de ter renovado com 15 atletas, incluindo a atacante Byanca Brasil, contratou outras 13, com destaque para a chegada da zagueira Isa Haas, recentemente campeã da Copa América com a Seleção Brasileira. No início do ano, a volante Rebeca se transferiu ao Houston Dash, dos EUA; para repor, o Cruzeiro contratou na última semana a paraguaia Monse Ayala.
Aliado a tais fatores, está a estrutura que o elenco usufrui nas atividades diárias, ponto destacado pelo técnico Jonas Urias: “É ilusão achar que vamos competir em alto nível sem qualidade no dia a dia, tanto de profissionais quanto de infraestrutura física. O Cruzeiro, com certeza, é um dos tops do Brasil nesse aspecto. Olha para o futebol feminino com respeito, dignidade e ambição. Isso faz diferença”.
A dinâmica deu resultado em campo. Desde que o clube estrelado deu início ao projeto, em 2019, esta tem sido a temporada mais estável. Ao contrário de 2024, o Cruzeiro não chegou à decisão da Supercopa. Entretanto, exibiu constância na Série A1 e terminou a fase de grupos com a melhor campanha – o que nunca havia ocorrido.
Sensação do torneio nacional, a Raposa fechou a primeira etapa na liderança, com 36 pontos, 11 vitórias, três empates e apenas uma derrota – justamente para o Corinthians, pela última rodada. Nas quartas de final, enfrentará o Bragantino e, em caso de sucesso, cravará a melhor campanha na competição.
Familiaridade do Cruzeiro com o palco
O Cruzeiro não agradou parte da torcida ao definir o Castor Cifuentes como palco do confronto. A distância entre o estádio, situado no centro de Nova Lima, e a capital mineira é o principal motivo da insatisfação. No entanto, deve-se levar em conta a relação do elenco com o estádio.
A Raposa fez oito jogos como mandante em 2025, sendo cinco no Alçapão do Bonfim. São três vitórias (diante de Grêmio, Bahia e Ferroviária) e dois empates (com Flamengo e Sport). Há conhecimento pleno de todo o elenco e da comissão sobre a estrutura do estádio e do campo, fatores positivos.
Desempenho como mandante
Aqui, entra o desempenho das Cabulosas nos próprios domínios, seja no Castor Cifuentes ou no Gregorão, em Contagem: seis triunfos e duas igualdades, o que configura aproveitamento de 83,3%. Fora, no ano, o time de Jonas Urias tem seis vitórias, um empate e dois tropeços (70% de aproveitamento).
Departamento médico quase vazio
O Cruzeiro havia esvaziado o departamento médico do clube até a semana passada, quando anunciou nova lesão de Fabíola Sandoval. Menos de dois meses depois de deixar o departamento médico, a atacante paraguaia precisou passar por cirurgia devido a outra lesão no ligamento colateral anterior de joelho esquerdo.
Por outro lado, voltaram a ficar à disposição de Jonas Urias a zagueira Vitória Calhau, a lateral-esquerda Clara e as atacantes Vanessinha e Byanca Brasil – todas estavam em recuperação ao fim da fase de grupos do Brasileiro.
Vitória do Cruzeiro em 2024
O único triunfo do Cruzeiro sobre o Corinthians diz às Cabulosas que é possível derrotar o time a ser batido. Em 17 de agosto de 2024, Marília (três vezes), Sandoval, Clara, Mariza (contra) e Vitória Calhau marcaram os gols da vitória por 7 a 2, pela 14ª rodada do Brasileiro. Onde? Justamente no Castor Cifuentes.
Mentalidade infinita e liderança
Entre jogadoras, diretoria e comissão técnica, uma filosofia é compartilhada: mentalidade infinita. O termo disseminado pelo técnico Jonas Urias, expoente do Cruzeiro desde o início do trabalho, em setembro de 2023, ganhou completa adesão e rege cada compromisso. A intenção do comandante é que todas queiram sempre mais e se engrandeçam a cada novo desafio.
“Aqui no Cruzeiro assumimos que a dimensão mental condiciona todas as outras. A gente vai olhar para ela em primeiro lugar. Estamos fazendo trabalhos específicos em relação à mentalidade da equipe, em momentos diferentes dos jogos, momentos críticos dos jogos, enfim, estamos indo para todos os lados para que, mentalmente, todas estejam preparadas”, detalhou o treinador.
Nesse processo, a união entre todos os departamentos é essencial. Além disso, contam os princípios, destacados por Bárbara Fonseca, diretora de futebol feminino do clube.
“A gente não estabelece estas metas, a gente estabelece a meta de ser um clube muito competitivo… o que é pauta de discussão é como a gente vai fazer tudo bem-feito para ter uma equipe competitiva. E alcançar o primeiro lugar… é resultado do que a gente pensa, planeja. Todos os dias a gente trabalha fortemente para não abrir mão de alguns princípios, de alguns pilares. O trabalho só pode nos levar a esse lugar. Mas nunca trazer o lugar antes do trabalho”, disse, em entrevista ao No Ataque.
