Após o revés nessa quarta-feira (10/12), quando perdeu para o Corinthians, por 1 a 0, no Mineirão, o Cruzeiro vai enfrentar um cenário desafiador no jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil. Com a partida de volta no domingo (14/12), na Neo Química Arena, em São Paulo, a torcida celeste se apega à esperança de uma reviravolta histórica.
Mas o que dizem os números? Para entender o tamanho da missão do Cruzeiro, a reportagem de No Ataque consultou o doutor em matemática Gilcione Nonato Costa, professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Criador do site Probabilidades no Futebol, ele traçou o cenário estatístico para o confronto.
Virada do Cruzeiro
A análise do professor da UFMG leva em conta o retrospecto recente das duas equipes nas condições específicas do próximo jogo: o Corinthians defendendo a vantagem em casa e o Cruzeiro atuando longe de seus domínios.
Segundo o matemático, uma classificação direta do Cruzeiro – vitória por dois ou mais gols de diferença – é o cenário mais improvável.
“Tomando-se como base a média de gols marcados e sofridos pelo Corinthians jogando como mandante e também a média de gols marcados e sofridos pelo Cruzeiro como visitante, obtém-se que a probabilidade do Cruzeiro vencer por dois ou mais gols de diferença é da ordem de 11,7%”, explica Gilcione.
O caminho dos pênaltis
Se a classificação direta parece estatisticamente difícil, a chance de levar a decisão para a marca da cal é maior. Para isso, a Raposa precisa de uma vitória simples, por um gol de diferença.
“A probabilidade do Cruzeiro vencer por um gol de diferença é de cerca de 19,6%. E admitindo que, em uma eventual disputa de pênaltis, não haveria favorito, teríamos que as chances de classificação do Cruzeiro à semifinal da Copa do Brasil seriam de 21,5%”, detalha o matemático.
Entenda o cálculo
O número final de 21,5% é obtido somando-se a chance de classificação direta (11,7%) com metade da chance de vitória simples (19,6% dividido por 2, resultando em 9,8%). A divisão ocorre justamente pela premissa matemática de que, nos pênaltis, as chances são de 50% para cada lado.
O peso da derrota no Mineirão
Os dados de Gilcione reforçam que a derrota em casa custou caro ao planejamento celeste. O professor destaca que o resultado em Belo Horizonte alterou drasticamente as perspectivas.
“O primeiro jogo tem um peso muito importante na classificação e, com certeza, o Cruzeiro perdeu uma grande oportunidade de abrir uma vantagem para o segundo jogo”, afirma.
Conclui-se, portanto, que o Cruzeiro precisará superar as estatísticas para chegar à final. O cenário mais “palpável” para os mineiros passa pelo sofrimento dos pênaltis.
“Ou seja, vencer o Corinthians por dois ou mais gols de diferença não é algo comum. A maior perspectiva do Cruzeiro seria uma vitória por um gol de diferença, e uma vitória em uma disputa de pênaltis”, finaliza o especialista.