Viradas na Copa do Brasil depois de perder a primeira partida como mandante são raras. Tratando-se de semifinal, isso ocorreu apenas uma vez. É nessa possibilidade que o Cruzeiro se apega para superar o Corinthians na Neo Química Arena, em São Paulo. As equipes se enfrentam neste domingo (14/12), às 18h, pelo duelo de volta.
Na partida de ida, no Mineirão, a Raposa foi batida pelo Timão por 1 a 0. Logo, para se classificar à final contra Vasco ou Fluminense, terá de ganhar fora de casa por dois gols de diferença – ou, na pior das hipóteses, por um tento para levar aos pênaltis. O No Ataque mostra a seguir o único time a alcançar essa façanha em uma semifinal da competição disputada desde 1989.
O único time a virar uma semifinal depois de perder 1º jogo em casa
O início dos anos 2000 ficou marcado pelos resultados surpreendentes dos clubes pequenos na Copa do Brasil. Em 2002, o Brasiliense avançou à final contra o Corinthians. Dois anos adiante, o Santo André conquistou o título. Já em 2005, foi a vez de o Paulista de Jundiaí erguer o troféu. Por fim, em 2006, o Ipatinga caiu nas semifinais contra o Flamengo.
Um dos “azarões” protagonizou uma virada épica no torneio. Em 2004, Santo André e 15 de Novembro se enfrentaram nas semifinais. Dirigido por Péricles Chamusca, o clube paulista eliminou Novo Horizonte-GO, Atlético, Guarani e Palmeiras. Já a equipe do Rio Grande do Sul, treinada por Mano Menezes, bateu Portuguesa Santista, Vasco, Americano-RJ e Palmas-TO.
No primeiro jogo da penúltima fase, em 26 de maio de 2004, o 15 de Novembro chegou a abrir 4 a 1 sobre o Santo André, com dois gols de Bebeto, um de Patrício e outro de Dauri. Contudo, o time do ABC Paulista, que atuou no Estádio do Pacaembu, diminuiu o prejuízo ao balançar a rede com Tássio e Osmar (Barbieri havia anotado o primeiro tento).
De toda forma, o 4 a 3 para o 15 de Novembro era um excelente resultado, visto que naquela época ainda havia o gol qualificado como visitante na Copa do Brasil. Só que o Santo André buscou o inimaginável no segundo confronto: triunfou de virada por 3 a 1, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, em 9 de junho. Sandro Gaúcho, duas vezes, e Makanaki fizeram os gols do Ramalhão.
Título do Santo André virou livro
A reviravolta na semifinal da Copa do Brasil embalou o Santo André rumo ao título. Na final contra o Flamengo, o time empatou por 2 a 2, no Palestra Itália (antigo estádio do Palmeiras que deu lugar ao Allianz Parque), e venceu em pleno Maracanã, por 2 a 0. Os bastidores da conquista foram contados no livro “Eles Calaram o Maracanã”, do jornalista Vladimir Bianchini, da ESPN.
Além da Copa do Brasil de 2004, o Ramalhão participou da Série A do Brasileiro de 2009, após terminar a B de 2008 na segunda posição. O clube, no entanto, acabou rebaixado em sua única presença na elite na era dos pontos corridos (18º, com 41 pontos). Atualmente, o Santo André está na Série A2 do Paulistão.
Já o 15 de Novembro está licenciado das competições desde 2015. Fundada em 1911, a agremiação de Campo Bom, cidade de 62 mil habitantes a 57 quilômetros de Porto Alegre, tornou-se profissional em 1994 e foi três vezes vice-campeã do Gauchão (2002, 2003 e 2005).
Outras reviravoltas na Copa do Brasil
A Copa do Brasil trouxe outras reviravoltas, mas em fases distantes da decisão. Nas oitavas de final de 2006, o Atlético bateu o Fortaleza por 3 a 1, no Castelão, após perder no Mineirão por 2 a 0. O Galo caiu nas quartas de ao perder para o Flamengo, que viria a ser campeão.
Em 2014, o América de Natal goleou o Fluminense por 5 a 2, no Maracanã, pelo segundo jogo da 3ª fase. O time do Rio Grande do Norte avançou pelo gol qualificado como visitante, pois havia perdido na ida por 3 a 0. Nas oitavas de final, passou pelo Athletico-PR com uma vitória (3 a 0) e um revés (2 a 0). Nas quartas, sucumbiu diante do Flamengo (duas derrotas por 1 a 0).
Cruzeiro já “cedeu” viradas enquanto mandante
O próprio Cruzeiro já “cedeu” viradas aos adversários na condição de mandante no segundo jogo. Isso aconteceu não na Copa do Brasil, e sim na Libertadores.
Em 2011, a Raposa venceu o Once Caldas por 2 a 1, na Colômbia, e perdeu por 2 a 0, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Quatro anos mais tarde, levou 3 a 0 do River Plate, no Mineirão, após ganhar por 1 a 0 no Monumental de Núñez, na Argentina.
O exemplo mais próximo do clube
O feito do Cruzeiro que mais se aproxima ao que o time precisa contra o Corinthians é o título da Copa do Brasil de 1996.
No primeiro jogo da final contra o Palmeiras, o clube celeste saiu atrás no placar (cobrança de falta de longa distância do zagueiro Cláudio) e buscou a igualdade graças ao gol de cabeça de Marcelo Ramos: 1 a 1.
Na partida de volta, a vitória por 2 a 1, em São Paulo, foi de virada: o Verdão começou na frente com gol de Luizão, e os mineiros reagiram em finalizações de Roberto Gaúcho e novamente Marcelo Ramos.
O trofeu da Copa do Brasil de 1996 – o segundo dos seis que o clube possui – abriu caminho para o Cruzeiro erguer outra icônica taça: a da Libertadores de 1997.