As memórias de Gabigol acerca da semifinal da Copa do Brasil, entre Cruzeiro e Corinthians, não são as melhores. O camisa 9, que entrou em campo apenas para participar das penalidades, desperdiçou a cobrança que classificaria a Raposa à decisão. Nas horas que sucederam a partida, boatos de que o atacante teria perdido o pênalti de propósito ganharam espaço. Ideia completamente rechaçada pelo atleta.
Leonardo Jardim, então técnico do Cruzeiro, acionou Gabi aos 46 minutos do segundo tempo – decisão equivocada, na percepção do jogador. Àquela altura, a partida, disputada na Neo Química Arena, em São Paulo, tinha o clube mineiro como vencedor parcial (2 a 1). O resultado, entretanto, não era suficiente para a Raposa avançar, já que, no jogo de ida, sediado pelo Mineirão, em Belo Horizonte, o Corinthians havia triunfado por 1 a 0.
Gabi pediu para bater o quinto pênalti e tinha cenário completamente favorável: como Yuri Alberto, do Timão, havia perdido a primeira e o Cruzeiro estava invicto, bastava converter para chegar à final. Entretanto, o camisa 9 não deslocou o goleiro Hugo Souza, que não teve dificuldades para agarrar. Nas alternadas, o volante Walace também perdeu, e o clube celeste caiu.
“É loucura a pessoa falar isso (que errou de propósito). E é loucura também acreditar nisso… Fico muito p*** com isso. Com isso e com mentiras. Falaram que eu estava vendido antes do jogo, depois essa questão do pênalti. É tudo uma narrativa criada. Como é que eu vou bater um pênalti e querer errar? Era a chance de matar ali”
Gabigol, atacante do Cruzeiro, em entrevista ao Podpah
‘Se eu faço, é o predestinado’
O peso da eliminação caiu sobretudo nas costas de Gabi, que demonstrou incômodo com a forma na qual as pessoas tiram conclusões. Na concepção do jogador, os comentários seriam completamente opostos se ele tivesse balançado a rede.
“O mundo é muito louco. Se eu faço o gol, é o predestinado, o maior ídolo da história, ‘estava aqui para isso, se dedicou o ano todo e ficou no banco quieto’. E aí, se eu erro, é o vagabundo… Até o pênalti, eu era jogador de grupo, que estava lá me dedicando todos os dias. Quando se perde o pênalti, já não sou aquele jogador. E é muito pelo contrário. Perder um pênalti daquela dimensão não é fácil psicologicamente para o jogador”, continuou.
‘Não tem desculpa, eu errei’
Sereno, Gabi assumiu a responsabilidade pelo erro e se disse pronto para outro momento parecido: “Eu errei. Tenho que assumir que errei. Foi a primeira vez que perdi um pênalti tão decisivo na minha vida. É um pênalti muito complicado, para mim e para o Hugo (Souza, goleiro do Corinthians), porque a gente treinou uns cinco, seis anos juntos. E não tem desculpa… De uma forma ou de outra, eu bati mal o pênalti. Não tem desculpa, eu errei. Se tiver um pênalti para bater amanhã, vou bater de novo”.
Gabi no Cruzeiro
Parte da torcida do Cruzeiro questionou a permanência de Gabi (contrato até 2028) após a queda na Copa do Brasil. Aliado a isso, o fato de o técnico Tite ter assinado com o clube mineiro abriu espaço para a seguinte pergunta: o atleta segue em Belo Horizonte?
Também em entrevista ao Podpah, o atacante demonstrou serenidade em relação ao assunto: “Minha reapresentação é dia 2 (de janeiro). Meu treino está marcado para o dia 2 e estou de férias. O Cruzeiro sempre foi meu foco… Quando eu acertei com o Cruzeiro, foi para um projeto de quatro anos, não é pra um ano, dois ou três. É claro que as coisas podem ser conversadas para ambas as partes e serem resolvidas”.
Gabi se apresentou à Raposa em janeiro de 2025. Sob o comando de Fernando Diniz, abriu a temporada como titular, mas perdeu espaço com Leonardo Jardim. Ainda assim, encerrou o ano como vice-artilheiro da equipe: 13 gols e quatro assistências em 49 jogos, sendo 23 como titular.