Com exceção de uma breve declaração nas redes sociais, Gabigol preferiu se enclausurar depois da eliminação do Cruzeiro na semifinal da Copa do Brasil, para o Corinthians. Além de ter perdido um dos pênaltis do confronto e atraído críticas de parte da torcida, o atacante lidou com a informação de que trabalhará com Tite, técnico com quem desenvolveu relação de conflito. Devido ao cenário, havia a expectativa de que o camisa 9 fechasse as portas para a Raposa. Entretanto, na primeira declaração pública após a sequência de fatores, o atleta indicou compromisso com o clube mineiro.
O Cruzeiro, que havia perdido o primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil por 1 a 0, venceu o Corinthians na volta, por 2 a 1, e levou a vaga na final para os pênaltis. Gabi, reserva sob o comando do então técnico Leonardo Jardim, entrou na reta final da etapa complementar apenas para participar das cobranças.
Desgaste de Gabi com a torcida do Cruzeiro
Confiante, contou, pediu para bater a quinta, decisiva. Àquela altura, a vantagem era do Cruzeiro, já que apenas Yuri Alberto, atacante do Corinthians, havia desperdiçado. No entanto, Gabi não deslocou o goleiro Hugo Souza e perdeu a oportunidade de classificar a Raposa. Na sequência, o volante Walace também desperdiçou, e o clube mineiro se despediu do torneio.
Natural de São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, Gabi preferiu permanecer na capital paulista e encontrar com a família. Portanto, não voltou com a delegação a Belo Horizonte. Naquele momento, parte da torcida do Cruzeiro se virou contra o atacante. Boatos de que o jogador havia perdido o pênalti de forma proposital e de que estaria vendido ao Corinthians antes mesmo do embate ganharam forças.
Em um primeiro instante, Gabi não concedeu entrevistas, apenas mandou um recado à torcida pelas redes sociais: “Não era a forma que merecíamos acabar o ano depois de uma grande temporada. Obrigado, nação azul, pelo apoio incondicional. Assumo minha responsabilidade e meu erro. Tenho certeza que voltarei mais forte e sempre pronto para ajudar quando for necessário”.
O breve comentário também incomodou os adeptos celestes. Além de ter recebido xingamentos virtuais, Gabi viu um grafite com seu rosto, na Toca da Raposa 1, ser vandalizado com a seguinte mensagem: “Vai embora, seu lixogol”.
No dia que sucedeu a eliminação, o Cruzeiro comunicou a saída do técnico Leonardo Jardim. E gastou pouco mais de 24 horas para anunciar a contratação de Tite. O fato de o novo treinador manter relação não muito amistosa com o atacante intensificou o debate acerca do futuro de Gabi na Toca da Raposa.
Gabi vai a público e esclarece temas
Exatamente cinco dias depois da eliminação do Cruzeiro, Gabi foi a público e esclareceu diversos temas em entrevista ao Podpah. O atacante assumiu a responsabilidade pelo pênalti perdido, explicou a permanência em São Paulo, rechaçou as acusações de que teria desperdiçado a cobrança por querer, elogiou Pedro Lourenço (sócio majoritário da SAF do Cruzeiro), garantiu que seguirá as ordens de Tite e informou a data da reapresentação. Em suma, mostrou comprometimento com o clube, sempre deixando aberta a possibilidade de ‘conversas’.
Responsabilidade pelo pênalti perdido
Gabi admitiu que bateu mal o pênalti que poderia ter garantido o Cruzeiro na final da Copa do Brasil. O camisa 9 tentou descolar Hugo Souza, goleiro do Corinthians, ainda na corrida e não buscou a ‘bochecha’ da rede nem aplicou força. No entanto, o arqueiro fez melhor leitura, identificou o lado e agarrou a bola. Apesar da experiência ruim, o atacante garantiu que está pronto para viver novo momento parecido.
“Eu errei. Tenho que assumir que errei. Foi a primeira vez que perdi um pênalti tão decisivo na minha vida. É um pênalti muito complicado, para mim e para o Hugo (Souza, goleiro do Corinthians), porque a gente treinou uns cinco, seis anos juntos. E não tem desculpa… De uma forma ou de outra, eu bati mal o pênalti. Não tem desculpa, eu errei. Se tiver um pênalti para bater amanhã, vou bater de novo”, esclareceu.
Errou de propósito e está vendido?
Gabi rechaçou as acusações de que teria perdido o pênalti propositalmente: “É loucura a pessoa falar isso. E é loucura também acreditar nisso… Fico muito p*** com isso. Com isso e com mentiras. Falaram que eu estava vendido antes do jogo, depois essa questão do pênalti. É tudo uma narrativa criada. Como é que eu vou bater um pênalti e querer errar? Era a chance de matar ali”.
O atacante contou que chegou a perguntar para Pedro Junio, vice-presidente do Cruzeiro, se de fato estava vendido (conforme diziam os boatos) e recebeu um não como resposta. O dirigente tocou no tema depois da eliminação e expressou desejo pela permanência do camisa 9: “Tem mais três anos de contrato, é um atleta do clube, e a tendência é permanecer… ele segue no elenco normalmente. Proposta para qualquer atleta é comum no futebol. Vai ser para o Gabriel, para o Matheus, para o Fabrício. A gente trata de uma forma natural”.
O peso da derrota caiu sobretudo nas costas de Gabi, que demonstrou incômodo com a forma na qual as pessoas tiram conclusões. Na concepção do jogador, os comentários seriam completamente opostos se ele tivesse balançado a rede.
“O mundo é muito louco. Se eu faço o gol, é o predestinado, o maior ídolo da história, ‘estava aqui para isso, se dedicou o ano todo e ficou no banco quieto’. E aí, se eu erro, é o vagabundo… Até o pênalti, eu era jogador de grupo, que estava lá me dedicando todos os dias. Quando se perde o pênalti, já não sou aquele jogador. E é muito pelo contrário. Perder um pênalti daquela dimensão não é fácil psicologicamente para o jogador”, continuou.
Tite será um problema para Gabi?
Aparentemente, a chegada de Tite não é um problema para Gabi: “A situação é muito clara. Até mesmo o Pedrinho brincou na apresentação. Ele é o treinador do time, não tenho nada contra. Estamos pelo Cruzeiro. Não é sobre o Gabriel ou sobre ele. Ele sabe o que vivemos no Flamengo, não tivemos nenhum problema, nenhuma discussão. O respeito como respeito todos meus treinadores. Ele que vai mandar e eu sou o jogador. O que eu tiver de fazer pra ajudar o Cruzeiro, vou fazer”.
Os atritos entre ambos se iniciaram em 2022, quando Tite não convocou Gabi para a Copa do Mundo do Catar. Eles se reencontraram no Flamengo, e o treinador não deu muitas oportunidades ao atacante, o que intensificou o desgaste e gerou declarações polêmicas.
Gabi fica ou sai do Cruzeiro?
Diante do cenário, Gabi garantiu que o empresário não abriu conversas com nenhum outro clube e detalhou que a reapresentação no Cruzeiro está prevista para o início de janeiro: “Meu treino está marcado para o dia 2 e estou de férias. E o Cruzeiro sempre foi meu foco”.
Sob o comando de Fernando Diniz, Gabi iniciou a temporada como titular, mas perdeu espaço com Leonardo Jardim. Ainda assim, encerrou o ano como vice-artilheiro da equipe: 13 gols e quatro assistências em 49 jogos, sendo 23 como titular. Dito isso, o atacante pregou compromisso com o Cruzeiro ao dizer que topou um projeto longevo e que recusou investidas de outras equipes no meio de 2025. Ele também se diz aberto a conversas com a Raposa acerca do futuro em Belo Horizonte.
“Quando eu acertei com o Cruzeiro, foi para um projeto de quatro anos, não é pra um ano, dois ou três. É claro que as coisas podem ser conversadas para ambas as partes e serem resolvidas. No meio do ano os times procuraram o Cruzeiro e nunca foi uma opção eu sair”, declarou Gabi.
Ao longo da entrevista, o camisa 9 soltou elogios ao presidente Pedro Lourenço: “Ele é um cara totalmente especial, me trata muito bem, minha família muito bem. Temos uma relação incrível e durante esse ano só aumentou. Como presidente, foi o melhor que eu tive”.
