COPA DO MUNDO FEMININA

Durante Copa do Mundo Feminina, Infantino vai ignorar desigualdades

Presidente da Fifa deixou claro que vai ignorar desigualdades entre futebol feminino e masculino durante a Copa do Mundo Feminina; "estratégia de felicidade" de Infantino não é nova
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Questionado sobre desigualdade nos salários e premiações para homens e mulheres no futebol, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse querer falar apenas sobre “coisas positivas” durante a Copa do Mundo iniciada nesta quinta-feira (20).

Seleções como Inglaterra, Nigéria, Canadá e Estados Unidos têm ou tiveram brigas com suas federações locais sobre o assunto. As inglesas viajaram para o Mundial sediado por Austrália e Nova Zelândia sem um acordo firmado sobre o dinheiro que vão receber.

“Até 21 de agosto, vocês vão ouvir apenas coisas positivas sobre todos os assuntos e todas as pessoas. Se alguém ainda não está feliz sobre algo, sinto muito. Estou feliz com tudo e amo a todos. Depois de 21 de agosto, vamos focar em outros temas ao redor do mundo e lidar com os problemas que surgirem”, disse ele.

A data citada por Infantino é um dia após a final da Copa do Mundo Feminina.

A estratégia de felicidade do dirigente é um novo recurso para escapar de questões incômodas direcionadas à Fifa. Pressionado pelo desrespeito aos direitos humanos, pelas legislações punitivas à força de trabalho imigrante e pelas discriminações à comunidade LGBQIA+ no Qatar, sede do Mundial masculino do ano passado, Infantino partiu para o ataque contra países ocidentais e, em uma versão diferente de “amo a todos”, afirmou: “Hoje me sinto qatariano, me sinto árabe, me sinto africano, me sinto gay, me sinto portador de necessidades especiais, me sinto um trabalhador imigrante.”

Infantino ignorou diferenças de premiação

Ele também se recusou nesta quinta-feira a falar sobre as diferenças de premiações para as seleções participantes dos torneios masculino e feminino.

A Fifa vai distribuir US$ 152 milhões (R$ 728 milhões pela cotação atual) para as seleções como remuneração às jogadoras. A entidade se vangloria que o valor é três vezes superior ao que foi pago há quatro anos, na Copa da França. No ano passado, para os homens, no Qatar, a Fifa disponibilizou US$ 440 milhões (US$ 2,1 bilhões).

“Embora a premiação tenha aumentado, ainda é apenas 25% do que os homens conseguem. A Fifa tem divulgado que isso é igualdade. Não há nenhuma garantia que isso vai existir”, reclama Katie Gill, chefe executiva da Associação de Jogadoras da Austrália, uma das sedes do Mundial.

Infantino lembrou que o número de acordos de transmissão para os jogos da Copa feminina cresceu, o que vai levar o torneio a mais países. Foi a primeira vez que os direitos foram vendidos individualmente e não como pacote em que a atração principal era o Mundial masculino. No ano passado, o dirigente reclamou que as ofertas feitas pelas emissoras eram muito baixas e exigiu que elas aumentassem as propostas.

Ele também ressaltou que a Fifa vai distribuir compensação financeira para todas as jogadoras participantes, garantindo que as atletas terão um rendimento durante o período em que estão afastadas dos seus clubes.

“Dinheiro sempre foi uma questão traiçoeira. Estou bem feliz que, antes de eu ser presidente, a premiação era menor do que é agora. Temos consultado federações e jogadoras para ir pelo caminho certo. Os pagamentos vão passar pelas federações e elas vão pagar as jogadoras”, explicou o presidente.

De acordo com a Fifa, 1,37 milhões de ingressos foram vendidos para a Copa do Mundo, número superior ao atingido há quatro anos, na França.

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