A partir da semana que vem, enquanto milhões de pessoas acordarão cedo no Brasil para assistir aos jogos da Seleção na Copa do Mundo Feminina, do outro lado do mundo, na Oceania, outros tantos brasileiros já estarão em festa com churrasco, cerveja e pagode. A promessa desses torcedores que moram na Austrália é fazer a maior festa entre todas as nações que disputam o Mundial. Mais animada, inclusive, do que a dos próprios anfitriões.
“Eles [australianos] não têm a mesma vibe do Brasil, nem de perto. Apesar de terem muitos campos de futebol amador e clubes pelas cidades, apesar de os imigrantes e descendentes de ingleses e irlandeses assistirem a muitos jogos, nem parece que estão no clima da Copa. Não é da cultura deles, apesar do crescente interesse. Você vê que o estádio até lotou na estreia da Seleção da Austrália. Mas os jogos do Brasil serão diferentes”, prevê o nutricionista Carlos Eduardo Revito, de 37 anos, que nasceu em São Paulo, mas mora em Gold Coast, na costa leste da Austrália, há quase cinco anos.
As celebrações antes e após os jogos ocorrerão nos arredores dos estádios das três cidades (Adelaide, Brisbane e Melbourne) em que o Brasil disputará jogos pela Grupo F, contra Panamá, França e Jamaica.
De acordo com a Embaixada do Brasil em Camberra – capital da Austrália -, o último censo realizado em 2021 apontou que aproximadamente 46 mil brasileiros vivem no país. Embora espalhados por todo o continente, eles têm uma comunidade unida, especialmente na cidade de Brisbane, capital de Queensland, terceiro estado mais populoso do país.
A cidade receberá a segunda partida da Seleção Brasileira na Copa, diante da França, em um sábado (29/7), a partir das 7h (horário de Brasília). O Brisbane Stadium, conhecido pelo apelido “The Cauldron” (O Caldeirão, em tradução livre para o português), é o que tem a maior capacidade entre os três estádios em que o Brasil jogará na fase de grupos. A comunidade brasileira promete presença expressiva nessa partida, e os ingressos para os principais setores já estão esgotados, como conta a estudante manauara Caroline Lins, de 25, que faz intercâmbio em Gold Coast há cinco meses.
“Vou [assistir ao jogo] com duas amigas brasileiras. Tem muita gente interessada em ir. Todo mundo quer ingresso e agora praticamente você só pode comprar de outra pessoa, que desistiu de ir por algum problema. As pessoas informam nos grupos de Facebook e em outras redes sociais quando têm algum ingresso sobrando, e os bilhetes saem como água. A comunidade brasileira é enorme, sempre estamos em contato, trocando informações”, ressalta.
Gastos com a Copa
Os brasileiros que vão aos jogos da primeira fase Copa do Mundo Feminina gastaram entre 10 e 40 dólares australianos com os bilhetes – aproximadamente R$ 32 o ingresso para o setor mais barato e R$ 128 para o mais caro.
“Estou indo com minha namorada e mais dois amigos. Até o começo deste mês, ninguém na cidade falava muito do jogo. Mas aí a Fifa começou a enviar e-mails comunicando sobre os ingressos e eu corri para comprar. Havia poucos setores, mas consegui muito barato. Muito barato mesmo comparando com outras partidas. Uma semana depois, começou uma loucura por ingressos. Os brasileiros deixaram para a última hora e agora já tem aqueles espertos vendendo em grupos até por 100 dólares australianos”, lamenta Carlos Eduardo.
Em relação à alimentação no estádio, os torcedores já esperam preços mais caros e pretendem comer fora da arena, com outros brasileiros.
“Vai ter uma festa da torcida brasileira, do movimento verde e amarelo, na rua do estádio. Então, vou acabar consumindo mais lá, antes e depois do jogo, do que dentro do estádio. E vai ter uma festa de pagode após a partida também”, destaca o paulista.
“Tenho certeza que serão valores mais elevados, mas já vou preparada. Comer bem antes de ir, encher o bucho antes, porque vida de estudante na Austrália não é fácil, e a gente faz tudo para economizar. No máximo, vou consumir uma pipoquinha”, comenta Caroline Lins.
Brasileiros em outros jogos
Quem mora distante das cidades onde a Seleção Brasileira jogará na fase de grupos também não perderá a oportunidade de assistir a pelo menos uma partida da Copa do Mundo Feminina, mesmo que seja de outras seleções.
É o caso da jornalista mineira Rosane Meireles, de 27, que reside em Perth, maior cidade da Austrália ocidental, umas das metrópoles mais isoladas do mundo. Ela faz intercâmbio há quatro meses no país e vai acompanhar alguns jogos do Mundial Feminino.
“Os ingressos estão baratos. Vou a três jogos e comprei por 20 dólares australianos cada. Nem tentei comprar para o jogo do Brasil porque os outros estados ficam longe demais para fazer um bate-volta só para assistir. Aqui em Perth, o confronto que mais teve procura por ingressos foi Canadá x Irlanda. Para esse eu não consegui comprar. Aqui tem uma grande comunidade irlandesa”, salienta.
Praticidade e segurança
No clima da Copa do Mundo Feminina, dois grandes clubes ingleses disputaram um amistoso neste mês, em Perth. Apaixonada por futebol, Rosane Meireles foi ao estádio da cidade acompanhar a partida entre Tottenham e West Ham e conferiu um pouco da estrutura preparada para o futebol na Austrália.
“A organização é muito boa. Sem tumulto para entrar, as pessoas se sentam no local em que compraram os ingressos. O que me deixou mais impressionada é que não tem aquela burocracia para validar o ingresso na catraca. Você mesmo coloca o código de barras e pronto. Ficam alguns funcionários perto para ver se você tem algum problema, mas é super tranquilo”, destaca.
“Tem muita comida prática nos estádios. Eles não são acostumados a almoçar. Para eles, basta uma jantinha e pronto. Então, nos estádios é batata frita, pizza, hambúrguer, frangos fritos e muita cerveja. Para quem não gosta de álcool tem sempre um local para comprar ingresso como alcohol-free zone”, encerra.