Um documentário sobre a Seleção Feminina de Futebol da Espanha divulgado nessa quinta-feira (25/4), pela RTVE – empresa pública estatal de audiovisuais espanhola -, expôs comportamentos machistas do ex-treinador da equipe, Ignacio Quereda, com as jogadoras. Uma das frases que estão causando mais repercussão é uma em que ele se refere à forma física de uma de suas atletas.
Ignacio Quereda comandou a Seleção Espanhola por 27 anos, de 1988 a 2015. Período que é lembrado pelas jogadoras que foram treinadas por ele com revolta e tristeza.
“Se as coisas não saíam como ele queria, eram só gritos. Era uma pessoa déspota. A autoestima da jogadora diminuía e, consequentemente, o seu desempenho”, disse ao documentário Natalia Pablos.
Mar Prieto revelou ter ouvido declarações grosseiras e abusivas do treinador sobre seu corpo. “Não pode vir para a seleção assim, gorda. Precisa emagrecer. Nem consegue nem correr”, contou a ex-atleta.
Ela contou ainda que o ambiente era tóxico permissivo, já que nenhum superior o repreendia pelo comportamento: “Ele não sofria represálias de ninguém, geria o futebol feminino como queria. Quem o confrontasse ficava de fora”.
Documentário sobre a Seleção Espanhola
O documentário “Seleção F, de clandestinas a campeãs” mostra a evolução da Seleção Feminina de Futebol da Espanha nos últimos anos, até a conquista de seu primeiro título de Copa do Mundo, na edição de 2023, disputada na Austrália.
A alegria da conquista, em agosto, foi marcada por um episódio de assédio sexual do então presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, contra a jogadora da Espanha Jenni Hermoso. Ele beijou a jogadora, ao cumprimentá-la, no pódio. Diante da repercussão, um mês depois, Rubiales deixou o cargo.
Outras denúncias de assédio por parte de Rubiales surgiram na sequência, e ele foi banido pela Fifa por três anos. No fim de março deste ano, o Ministério Público espanhol pediu pena de dois anos e meio de prisão para o ex-dirigente por agressão sexual e coerção à atleta.
A Seleção da Espanha alcançou outra grande conquista em campo em fevereiro, com a conquista da primeira edição da Liga das Nações Feminina da Uefa. Na decisão, disputada em Sevilha, venceu a França por 2 a 0.