Inusitada e meteórica talvez sejam as melhores palavras para descrever a carreira do ex-lateral-direito Zé Carlos, que morreu nesta sexta-feira (25/10), aos 55 anos, em Osasco, Região Metropolitana de São Pauo, vítima de parada cardiorrespiratória.
Zé teve início tardio no futebol, sem sequer passar por categorias de base. O que antes era um hobby, nas peladas entre amigos e no time da empresa metalúrgica onde trabalhava, tornou-se profissão já quando ele tinha 21 anos, em 1990, após ser “descoberto” por um olheiro.
A ascensão de Zé Carlos também foi tardia – só veio quando o atleta se aproximava da casa dos 30 anos e já acumulava várias passagens sem muito destaque por diversas equipes paulistas. Ele até chegou a cogitar se aposentar, quando apareceu a oportunidade de jogar pelo Matonense, que disputava a Série A2 para o Campeonato Paulista. Meses depois, veio o salto meteórico para o São Paulo e outro passo ainda maior – para a Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1998.
A inusitada carreira de Zé Carlos
Início tardio
Em 1990, enquanto atuava pelo time da empresa metalúrgica onde trabalhava, Zé Carlos foi “descoberto” pelo olheiro do São José, de São José dos Campos. À época, jogava como meio-campista.
A mudança de posição só viria no Nacional-SP, terceiro time da carreira, onde atuou entre 1991 e 1992, em 1993 e em 1994. Lá, ele foi convertido em lateral-direito devido aos bons cruzamentos que fazia e ao vigor físico que apresentava.
Por um bom tempo, Zé Carlos sem grande destaque por diversos times paulistas de menor expressão – além de São José e Nacional, atuou pelo Paulista, em 1990, pelo São Caetano, em 1993, pela Portuguesa, em 1994 e pela União São João e pelo Marília, em 1995.
De desemprego à Copa do Mundo em um ano
Em 1996, após curta passagem pelo Juventude, do Rio Grande do Sul, o lateral ficou seis meses desempregado e cogitou se aposentar – mas tudo mudou quando, no início de 1997, apareceu a oportunidade de jogar pela Matonense, time da Série A2 do Campeonato Paulista. Lá, se destacou, foi campeão do torneio e atraiu o interesse do São Paulo, que o contratou para o restante da temporada.
Zé Carlos, que tinha 29 anos, era visto, inicialmente, como opção para compor o elenco, pois a equipe já tinha outros dois jogadores para a lateral direita. No entanto, ele desbancou a concorrência, assumiu a titularidade rapidamente e, no fim do ano, foi eleito o melhor jogador da posição no Campeonato Brasileiro ao ganhar o tradicional prêmio Bola de Prata, da revista Placar.
No ano seguinte, Zé seguiu em alto nível e foi crucial para o São Paulo conquistar o título do Campeonato Paulista – o maior da carreira dele. As boas atuações do jogador o credenciaram a ganhar, “de última hora”, uma vaga entre os convocados do técnico Zagallo para a Copa do Mundo de 1998, na França – foi a primeira e a única convocação dele para a Seleção Brasileira.
Zé Carlos ganhou a missão de ser o reserva de Cafu. Nas quartas de final, o titular levou o segundo amarelo e, assim, o atleta são-paulino ganhou a chance da vida: atuar em uma semifinal de Copa, contra a poderosa Holanda.
O lateral-direito teve que marcar o rápido ala Boudewijn Zenden, à época um dos jogadores mais promissores do mundo, e deu conta do recado, fazendo partida sólida e ajudando a Seleção a garantir a classificação para a grande final – o jogo terminou empatado por 1 a 1 e, nos pênaltis, o Brasil venceu.
Queda de nível e aposentadoria
A partida diante da Holanda foi a única oficial de Zé Carlos pela Seleção. Na final, em que o Brasil foi goleado por 3 a 0 para a França, ele não saiu do banco. E, após a Copa, o lateral não conseguiu retomar o bom nível. Assim, não voltou a ser convocado.
Em 1999, Zé perdeu espaço no São Paulo e foi emprestado ao Grêmio, onde conquistou o Gaúcho e a Copa Sul. No ano seguinte, rumou à Ponte Preta e, em 2001, foi para o Joinville, onde ficou até 2004 (com rápida passagem pelo Noroeste, em 2002).
Zé Carlos se aposentou em 2005, pela Portuguesa, aos 36 anos.