Não foi como o coração alvinegro desejava: o destino reservou uma tarde cruel para os torcedores do Atlético em Assunção, no Paraguai, neste sábado (22/11). Abaixo do que poderia produzir, o Galo perdeu para o Lanús, da Argentina, nos pênaltis, por 5 a 4, no Estádio Defensores del Chaco – depois de empates sem gols tanto no tempo regulamentar como na prorrogação. Com o resultado, o clube amarga o vice da Copa Sul-Americana de 2025.
O Atlético sofreu especialmente por chances perdidas pelo atacante Biel já na prorrogação, além do pênalti não convertido pelo jogador. Em uma partida equilibrada de um modo geral, os lances do camisa 77 ficaram marcados negativamente – e serão lembrados por muito tempo pelos alvinegros.
Este é o quinto vice continental da história do Galo. O clube já havia amargado os segundos lugares da Copa Ouro (1993), da Copa Conmebol (1995), da Copa Master da Conmebol (1996) e da Copa Libertadores (2024).
Próximos jogos de Lanús e Atlético
O Lanús voltará a campo na quarta-feira (26/11), a partir das 21h30, para medir forças com o Tigre no Estádio La Fortaleza, em Lanús. O duelo será válido pelas oitavas de final do Campeonato Argentino.
Já o Atlético voltará a jogar nesta terça-feira (25/11), a partir das 21h30, contra o Flamengo na Arena MRV, em Belo Horizonte. Os rivais interestaduais se enfrentarão pela 36ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
Lanús x Atlético: o jogo
Excesso de disputas e pouco jogo: assim transcorreu o primeiro tempo da final da Sul-Americana no Defensores del Chaco. Atlético e Lanús brigavam intensamente pela bola nos minutos iniciais, com alternâncias do domínio entre os times principalmente no meio de campo.
A válvula de escape do Galo era o lado esquerdo – com Dudu acionado constantemente pelas bolas longas da defesa ou passes em profundidade de Guilherme Arana, nas costas de Gonzalo Pérez. O zagueiro Ruan Tressoldi chegou a dar sustos na torcida alvinegra por falhas na saída de bola, tendo sido imediatamente cobrado pelas arquibancadas por maior atenção.
A primeira boa ocasião do jogo ocorreu aos 17 minutos. Quando o Atlético insistia em cruzamentos, a bola sobrou para Alan Franco na entrada da área. O volante equatoriano finalizou perto do travessão do Lanús e levou perigo.
Instantes depois, Guilherme Arana forçou boa defesa de Nahuel Losada com chute de dentro da área. A arbitragem assinalava impedimento na origem do lance, mas a situação foi mais uma a animar as arquibancadas alvinegras no Defensores.
Na disputa pela taça inédita, o Atlético ficava cada vez mais próximo das redes. Aos 26 minutos, Bernard cobrou falta da quina direita da grande área do Lanús diretamente na trave, próximo ao ângulo esquerdo defendido por Losada.
O time de Jorge Sampaoli apresentava fluidez para construir o jogo desde trás, mas pecava principalmente no acabamento técnico das jogadas. Também faltavam à equipe brasileira mais movimentações e associações no terço final.
Nos minutos finais, o Lanús passou a aparecer um pouco mais no campo de ataque, tentando aproveitar da pausa e da qualidade de Marcelino Moreno para passar mais tempo com a bola. Ainda assim, só ameaçou a meta defendida por Everson nos acréscimos, com chute para fora.
No fim das contas, uma etapa inicial de pouca inspiração no Defensores del Chaco. O Galo foi ligeiramente superior ao adversário argentino, mas produziu abaixo do que podia.
Segundo tempo
Os minutos iniciais da etapa complementar seguiram a mesma tônica do primeiro tempo. Dudu continuava sendo o mais procurado no Atlético, com iniciativa para dribles e verticalidade pelo lado esquerdo.
Concomitantemente, Bernard se apresentava cada mais à partida. Com liberdade para flutuar no último terço, o “Bambino de Ouro” passou a chamar a responsabilidade pelo lado alvinegro, ditando o ritmo e distribuindo bons passes por dentro.
Aos 13 minutos, Dudu voltou a mostrar agressividade e cortou da esquerda para dentro. Com finalização colocada, exigiu nova defesa de Nahuel Losada no Paraguai.
Em meio a este cenário, chamava atenção a dificuldade enfrentada por Hulk, ídolo do Galo, para dar sequência aos ataques. Por diversas vezes acionado em situações de pivô, o camisa 7 tinha problemas para reter a bola diante do acosso de adversários e frequentemente ia ao chão – com sucessivas reclamações junto ao árbitro chileno Piero Maza.
Diante dos desafios de criatividade do Atlético, parte da torcida alvinegra chegou a pedir pela entrada de Gustavo Scarpa na decisão, por volta dos 20 minutos. Com o decorrer do relógio, no entanto, Sampaoli seguia optando por Rony ocupando o corredor direito.
Até que aos 32 minutos, Gustavo Scarpa deixou o banco de reservas para entrar no lugar de Bernard. O camisa 10 do Atlético passou a ocupar a mesma faixa de campo que o antecessor, jogando entre a direita e o centro pelo ataque.
Instantes depois, mais um susto para o Galo: em uma das primeiras participações na decisão, Scarpa cometeu erro com a bola na defesa e cedeu contra-ataque ao Lanús. Vitor Hugo, no entanto, consertou a falha do companheiro ao cortar cruzamento.
Aos 41 minutos, Alexsander e Caio entraram nas vagas de Alan Franco e Guilherme Arana – ambos deixaram o campo com dores. A tensão crescia com o correr do relógio no Defensores, na medida em que o Granate se aproximava da área do Atlético – que cometia cada vez mais erros.
O cenário era ruim para o lado brasileiro quando o árbitro Piero Maza apitou o fim do tempo regulamentar em Assunção. Prorrogação e tempo extra para que Sampaoli promovesse ajustes.
Lanús x Atlético: a prorrogação
Logo no começo da prorrogação, Sampaoli promoveu a entrada de Biel na vaga de Dudu. O panorama seguia como na etapa complementar, com o Lanús tendo mais a posse de bola, enquanto o Atlético se preocupava em defender e tentar armar contra-ataques.
Aos 7 minutos, boa chance do Galo: Caio tabelou com Biel pela esquerda, e o lateral-esquerdo finalizou rasteiro para fora, perto da trave direita de Nahuel Losada. Três minutos depois, Biel desperdiçou chance incrível ao receber cruzamento quase na pequena área e cabecear fraco para fácil defesa do goleiro argentino.
A evolução do Atlético era nítida. A arquibancada alvinegra respondia ao crescimento do time com cada vez mais estímulo e cantoria. Já no intervalo, Saravia foi acionado no lugar de Rony pelo corredor direito.
Na segunda metade do tempo extra, o Lanús voltou a incomodar o conjunto de Sampaolicom mais subidas ao campo ofensivo. Aos 6 minutos, Biel voltou a desperdiçar oportunidade inacreditável: com passe açucarado de Hulk, mesmo de frente ao arqueiro adversário, o camisa 77 finalizou em cima de Losada na grande área.
No balanço geral, uma prorrogação de prejuízo para o Atlético, que perdeu grandes chances de resolver a situação ainda com a bola rolando. Muita emoção no Defensores del Chaco.
Pênaltis
- 1° pênalti do Lanús: Walter Bou perdeu em defesa de Everson (0 x 0)
- 1° pênalti do Atlético: Hulk perdeu em defesa de Losada (0 x 0)
- 2° pênalti do Lanús: Izquierdoz marcou (1 x 0)
- 2° pênalti do Atlético: Gustavo Scarpa marcou (1 x 1)
- 3° pênalti do Lanús: Marcich marcou (2 x 1)
- 3° pênalti do Atlético: Igor Gomes marcou (2 x 2)
- 4° pênalti do Lanús: Dylan Aquino marcou (3 x 2)
- 4° pênalti do Atlético: Biel perdeu em defesa de Losada (3 x 2)
- 5° pênalti do Lanús: Lautaro Acosta chutou para fora (3 x 2)
- 5° pênalti do Atlético: Everson marcou (3 x 3)
- 6º pênalti do Lanús: Cardozo marcou (4 x 3)
- 6º pênalti do Atlético: Alexsander marcou (4 x 4)
- 7º pênalti do Lanús: Watson marcou (5 x 4)
- 7º pênalti do Atlético: Vitor Hugo parou em Losada (5 x 4)
LANÚS (5) 0 x 0 (4) ATLÉTICO
Lanús
Nahuel Losada; Gonzalo Pérez (Armando Méndez, aos 12min do 1°T da prorrogação), Carlos Izquierdoz, José María Canale e Sasha Marcich; Agustín Medina (Lautaro Acosta, aos 13min do 2°T da prorrogação), Agustín Cardozo, Eduardo Salvio (Franco Watson, aos 3min do 1°T da prorrogação) e Marcelino Moreno (Juan Ramírez, aos 12min do 1°T da prorrogação); Rodrigo Castillo (Walter Bou, aos 3min do 1°T da prorrogação) e Ramiro Carrera (Dylan Aquino, aos 36min do 2°T)
Técnico: Mauricio Pellegrino
Atlético
Everson; Ruan Tressoldi, Vitor Hugo e Junior Alonso; Alan Franco (Alexsander, aos 41min do 2°T), Igor Gomes, Guilherme Arana (Caio, aos 41min do 2°T) e Rony (Renzo Saravia, no intervalo da prorrogação); Bernard (Gustavo Scarpa, aos 32min do 2°T), Dudu (Biel, aos 4min do 2°T) e Hulk
Técnico: Jorge Sampaoli
- Motivo: final da Copa Sul-Americana de 2025
- Data: 22/11/2025
- Estádio: Defensores del Chaco, em Assunção, no Paraguai
- Árbitro: Piero Maza (Chile)
- Assistentes: Miguel Rocha (Chile) e Alejandro Molina (Chile)
- VAR: Juan Lara (Chile)
- Gols: não houve
- Cartões amarelos: Carlos Izquierdoz (Lanús); Hulk, Alan Franco (Atlético)