Assunção – O Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi (ASU), localizado na cidade de Luque – a apenas 15 minutos do centro de Assunção -, virou, nos últimos dias, uma vitrine do movimento de torcedores rumo à final da Copa Sul-Americana, entre Atlético e Lanús. É ali que Ricardo de Richalon, 53 anos, motorista de táxi, acompanha de perto a chegada de brasileiros e argentinos.
Entre malas, correria e conversas rápidas, fica claro para ele o cenário: os atleticanos estão dominando o desembarque e mais confiantes.
“Eles chegam gritando… ‘Aquí é Galo!’”, conta, soltando uma gargalhada ao misturar português e espanhol do jeito espontâneo e divertido que só quem vive na fronteira cultural produz. “Este ano tá diferente. Eles chegam confiantes demais.”
A percepção, diz, contrasta com a do ano passado, quando o Cruzeiro disputou a final da Copa Sul-Americana 2024 contra o Racing. O placar foi 3 a 1 para os argentinos, em jogo único no Estádio La Nueva Olla, em Assunção. “Os cruzeirenses vinham quietos, inseguros… Todo cliente tinha um pé atrás. Agora, os mineiros parecem que já ganharam.”
Torcedor apaixonado do Sportivo Luqueño, time da cidade onde ele trabalha, Ricardo fala com orgulho da fervorosa La Barra de Luque, do lendário goleiro Chilavert, e especialmente de Romerito, ídolo eterno do Fluminense. Depois dele, a Seleção Paraguaia nunca mais teve um 10. “Romerito jogava como brasileiro. Muito bom! Até hoje o Fluminense vem buscá-lo para homenagens. É ídolo no Brasil”, repete, orgulhoso.
Torcida pelo Atlético
Entre risadas, Ricardo recorda que já viveu outra decisão envolvendo o “Mineiro”. “Em 2013, torci para Ronaldinho e companhia na final contra o Olímpia, rival do meu time…”, diz. Depois filosofa, com humor e sinceridade: “Futebol é rivalidade no mundo inteiro. Vença quem for… menos o rival”.
Para esta final, ele admite: “Vou torcer pelo Mineiro outra vez. Acho que nem precisa: o Mineiro tem Hulk. Ele joga demais. Para mim, ele decide o jogo”.
Enquanto dirige em direção a Assunção, Ricardo resume o clima no aeroporto. “Os fanáticos do Mineiro tão confiantes… ‘Aquí é Galo!’”, repete, imitando o coro alvinegro e rindo alto.
No fim da corrida, já na porta do hotel, ele mostra que, assim como Romerito jogava como brasileiro, ele tem seu próprio jeitinho brasileiro: Ricardo comenta que, se por acaso pegasse um torcedor argentino do Lanús, a conversa poderia mudar rapidinho – só para agradar o cliente e dizer que acreditava na vitória dos argentinos. Em seguida, dá uma piscada marota e reafirma: “Vou torcer pelo Mineiro.” Por pouco não falava “aqui é Galo”.