Quase sete anos depois da tragédia envolvendo o voo LaMia 2933, que transportava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, a designer de jóias Luciana Canto e Mello, viúva do repórter Victorino Chermont, revelou uma mensagem de “despedida” deixada pelo marido. Antes de embarcar, o jornalista escreveu um recado para a mulher no celular dela.
“Antes de pegar o avião da Chapecoense, em novembro de 2016, meu marido, Victorino Chermont, que era jornalista esportivo e estava no voo a trabalho, deixou uma mensagem romântica no meu celular dizendo que eu era a mulher da vida dele e que ele era muito feliz comigo. Depois, fui entender que era uma despedida. As pessoas sabem que vão morrer, mas não sabem que sabem, entende? Só percebi os sinais depois. A vida é mesmo um mistério”, afirmou Luciana, em depoimento ao jornal O Globo.
Victorino Chermont estava entre os 77 passageiros do voo LaMia 2933. A queda do avião deixou 71 mortos na Colômbia. O voo que transportava a equipe saiu de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção a Medellín. A aeronave da companhia aérea Lamia, da Venezuela, teria perdido contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.
Não queria ir
Segundo Luciana, o jornalista não desejava acompanhar in loco à final da Copa Sul-Americana daquele ano entre a Chapecoense e o Atlético Nacional.
“A gente sempre foi muito apaixonado. Ele viajava bastante a trabalho, mas sempre se fazia presente. Me ligava o dia inteiro, vivíamos, de fato, um grande amor. Uma semana antes de ele viajar, estávamos caminhando pela Rua Maria Angélica, nosso quintal, e ele falou que realmente não queria ir para aquele jogo. Mas, como trabalho é trabalho, foi”, relembrou.
“Naquela noite, acordei de sobressalto. Meu filho também despertou no início da madrugada. Comecei a contar histórias e, no que ele dormiu, passei a ligar sem parar para o Vitu, mas ele não atendeu… Tomei um calmante e, enfim, apaguei. Na manhã seguinte, fui acordada pela nossa funcionária me perguntando se o Victorino estava no voo da Chapecoense. Liguei a TV, e o avião estava despedaçado no chão. Soube, naquele momento, que ele tinha morrido. Entrei em estado de choque”, completou.