Os torcedores do Cruzeiro voltaram a viver uma noite dramática no Mineirão, nesta quinta-feira (22/8), do mesmo modo que ocorreu nas campanhas dos títulos da Copa do Brasil de 2017 e 2018. Empurrado por mais de 58 mil fanáticos nas arquibancadas, o time celeste, que teve um jogador a mais em campo desde o primeiro minuto, venceu o Boca Juniors por 2 a 1 no tempo regulamentar, pelo jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana. O placar foi o suficiente para levar a decisão da vaga para os pênaltis. Depois de 100% de aproveitamento de ambas as equipes nas nove primeiras cobranças, o Boca desperdiçou a última, e a Raposa celebrou a classificação com 5 a 4 no placar.
No tempo regulamentar, Matheus Henrique abriu o placar para o Cruzeiro aos 8 minutos do primeiro tempo. O meia apareceu como homem surpresa na área para aproveitar rebote cedido pelo goleiro Romero. Doze minutos depois, brilhou a estrela de outro volante. Walace chutou no canto direito e ampliou a vantagem.
O Boca descontou no fim da etapa inicial em lance de desatenção da defesa da Raposa. Milton Giménez desviou a bola e conseguiu superar o goleiro Cássio.
O Cruzeiro teve 100% de aproveitamento nas cobranças de pênalti. William, Matheus Henrique, Marlon, Dinenno e Barreal converteram para os celestes, assim como Rojo, Lema, Blanco e Figal para os xeneizes. Coube a Merential isolar a bola e garantir a classificação cruzeirense.
Por ter conseguido passar de fase, o Cruzeiro garantiu mais US$ 700 mil (cerca de R$ 3,9 milhões na cotação atual) em premiações pagas pela Conmebol ao longo do torneio.
Próximos jogos de Cruzeiro e Boca Juniors
O Cruzeiro agora concentra suas atenções para o duelo com o Internacional, pela 24ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. Os times se enfrentarão neste domingo (25/8), às 19h, no Beira-Rio, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Enquanto isso, o Boca volta a se dedicar ao Campeonato Argentino. Os xeneizes terão pela frente o Estudiantes, nesta segunda-feira (26/8), às 21h, em La Plata, pela 12ª rodada.
A Raposa só voltará a campo pela Sul-Americana na semana do dia 18 de setembro, quando enfrentará o Libertad, do Paraguai, que eliminou o Sporting Ameliano nas oitavas de final. O jogo da volta está previsto para a semana do dia 26.
As datas oficiais dos duelos serão marcadas pela Conmebol. A única coisa certa é a ordem das decisões: o Cruzeiro jogará a primeira partida fora de casa e decidirá a vaga no Mineirão.
O JOGO
Expulsão aos 50 segundos, gols do Cruzeiro e desconto do Boca
Ao contrário do jogo da ida, quando abdicou da bola e entrou com postura reativa em campo, o Cruzeiro foi ofensivo desde o primeiro minuto de jogo no Gigante da Pampulha. A energia que vinha das arquibancadas foi o combustível necessário para que os jogadores conseguissem performar em busca do gol.
Antes mesmo dos ponteiros do relógio do árbitro Wilmar Roldan (COL) darem a primeira volta, o Boca Juniors conseguiu a façanha de ter um defensor expulso. Luís Advíncula chegou atrasado em uma jogada no meio-campo e pisou no tornozelo de Lucas Romero. Ele recebeu o cartão vermelho aos 50 segundos.
Com superioridade numérica, o time celeste encontrou facilidades para chegar mais vezes ao ataque. E não deu outra. Aos 8’, Matheus Henrique fez a alegria dos mais de 55 mil cruzeirenses no estádio. Lautaro Díaz recuperou a bola no meio-campo, acelerou e tocou para Matheus Pereira, que arriscou de fora da área. O goleiro Sergio Romero espalmou para o lado, e viu Matheusinho aparecer como homem surpresa para estufar a rede: 1 a 0.
O jogo coletivo do Cruzeiro cresceu ainda mais após o gol. Na única bobeada da marcação, Zé Ivaldo deu um susto no torcedor ao falhar na frente de Kevin Zenón. O atacante do Boca saiu de frente para o goleiro Cássio, mas pegou mal na bola e isolou por cima da meta.
A resposta celeste veio no lance seguinte, aos 20 minutos, após cobrança de escanteio mal afastada pela zaga do Boca. No rebote, o volante Walace acertou um bonito chute rasteiro no canto direito para colocar o Cruzeiro em vantagem no placar agregado. Romero ainda tentou se esticar para evitar o gol, mas não conseguiu: 2 a 0.
O Cruzeiro teve uma grande chance para coroar a boa atuação no primeiro tempo em lance plástico de Lautaro Díaz. O atacante argentino aproveitou o cruzamento de William e virou um voleio, mas a bola carimbou a trave.
Nos acréscimos, o Boca Juniors descontou em uma falha do sistema defensivo cruzeirense. Livre de marcação, Milton Giménez – substituto de Edinson Cavani na partida – desviou cruzamento pelo lado esquerdo. Cássio caiu antes e não agarrou a bola que parecia fácil: 2 a 1.
Boca amarrou o segundo tempo e levou a decisão para os pênaltis
A equipe celeste não voltou bem do intervalo. O nervosismo para conseguir aumentar a vantagem no placar agregado parece ter tomado conta dos jogadores. O Cruzeiro forçou alguns passes na transição ofensiva e ‘chamou’ o adversário para cima, dando impressão de igualdade numérica novamente.
Com a atitude apática, Seabra fez três mudanças para renovar as energias do time. O treinador tirou Lucas Romero, Kaiki e Lautaro Díaz e colocou Álvaro Barreal, Marlon e Arthur Gomes em campo. Contudo, as mexidas não surtiram o efeito imediato esperado.
A tensão tomou conta do jogo. Enquanto isso, o Boca Juniors pareceu satisfeito com o placar e começou a esfriar o jogo com a famosa ‘catimba argentina’.
Aos 37′, Matheus Pereira arrancou um grito da torcida do Cruzeiro. Mas foi de quase gol. O camisa 10 mandou por cobertura em cima de Romero, que só olhou a bola tocar na trave e rolar em cima da linha. A defesa do Boca estava atenta no lance e conseguiu afastar o perigo.
No fim, Arthur Gomes teve a grande chance da Raposa de marcar o terceiro e evitar os pênaltis. O atacante mergulhou de cabeça, mas parou em Romero. No rebote, a zaga argentina voltou a espanar a bola para longe.
O Boca também perdeu uma chance incrível. Em falha da defesa do Cruzeiro, Cássio deixou o gol para tentar cortar a bola, ficou vendido no lance e viu João Marcelo tirar em cima da linha.
Pênaltis
William cobrou no canto direito e abriu o placar para o Cruzeiro: 1 a 0.
Marcos Rojo chutou no alto e empatou para o Boca: 1 a 1.
Matheus Henrique bateu rasteiro no canto esquerdo e recolocou a Raposa em vantagem: 2 a 1.
Lema acertou a rede no canto esquerdo e empatou para os xeneizes: 2 a 2.
Marlon mandou forte no canto direito e ampliou para os celestes: 3 a 2.
Blanco cobrou alto no meio do gol para empatar: 3 a 3.
Dinenno chutou rasteiro no canto esquerdo: 4 a 3.
Figal mandou forte no meio do gol: 4 a 4.
Barreal mandou forte no canto direito: 5 a 4.
Merentiel isolou por cima do gol e deu a classificação ao Cruzeiro.
CRUZEIRO 2 (5) X (4) 1 BOCA JUNIORS
Cruzeiro
Cássio; William, Zé Ivaldo, João Marcelo e Kaiki (Marlon, aos 18 min do 2ºT); Walace (Kaio Jorge, aos 32 min do 2ºT), Lucas Romero (Álvaro Barreal, aos 10 min do 2ºT), Matheus Henrique e Matheus Pereira; Lautaro Díaz (Arthur Gomes, aos 18 min do 2ºT) e Juan Dinenno
Técnico: Fernando Seabra
Boca Juniors
Sergio Romero; Luis Advíncula, Cristián Lema, Marcos Rojo e Lautaro Blanco; Cristian Medina, Pol Fernández (Belmonte, aos 38 min do 2ºT), Augustín Martegani (Figal, aos 4 min do 1ºT) e Kevin Zenón (Gary Medel, aos 21 min do 2ºT); Miguel Merentiel e Milton Giménez (Saracchi, aos 38 min do 2ºT)
Técnico: Diego Martínez
- Gols: Matheus Henrique, aos 8 min do 1ºT; Walace, aos 20 min do 1ºT (Cruzeiro); Milton Giménez, aos 47 min do 1ºT (Boca Juniors)
- Cartões amarelos: Zé Ivaldo, Matheus Pereira, Matheus Henrique (Cruzeiro); Lautaro Blanco, Pol Fernández, Kevin Zenón, Diego Martínez, Milton Giménez, Marcos Rojo, Gary Medel (Boca Juniors)
- Cartão vermelho: Luis Advíncula, aos 50 segundos do 1ºT (Boca Juniors)
- Motivo: Jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana
- Data: 22 de agosto de 2024
- Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
- Árbitro: Wilmar Roldan (COL)
- Assistentes: John León (COL) e John Gallego (COL)
- VAR: Juan Lara (CHI)
- Público: 58.323 torcedores
- Renda: R$ 3.911.669,00