De quanto tempo Fernando Diniz precisará para implementar sua metodologia no Cruzeiro? Na visão do novo técnico celeste, a ideia de que ele é um profissional que precisa de grande período de adaptação é um ‘clichê’ desconectado da realidade do futebol brasileiro.
Ao longo da coletiva de apresentação, nessa terça-feira (24/9), Diniz refletiu falou sobre o tempo que teve nos últimos trabalhos. O treinador citou várias vezes o prazo curto que é dado pelos clubes para o desenvolvimento de projetos.
“Na vida tem muito disso, e no meio do futebol mais ainda. Esse é um clichê que as pessoas falam, que eu sou o (técnico) que precisa de mais tempo. Mas, geralmente eu sou o que tem menos tempo se as coisas dão errado. Tempo a gente tem só se der certo. Os treinadores só ficam nos clubes se ganham, eu sou uma prova disso. Eu falo de resultados porque vivi isso a minha vida inteira. Você pode pegar os outros treinadores que ficaram muito tempo. Eles ganharam um monte de coisas no início e foram ficando, não foi o contrário”
Fernando Diniz, técnico do Cruzeiro
“No Fluminense e no São Paulo, que são os clubes que eu fiquei mais tempo, eu não permaneci porque eles estavam esperando dar certo. Isso acontece na Europa, aqui no Brasil inexiste. As coisas acontecem aqui conforme o resultado aparece. Você vai ganhando campeonatos e vai ficando. Na hora que as coisas começam a não acontecer, você já fica vulnerável”, complementou.
Diniz chega à Toca da Raposa após passagens como treinador do Fluminense e interino da Seleção Brasileira. Ele venceu a Copa Libertadores de 2023, a Recopa Sul-Americana de 2024 e os Campeonatos Cariocas de 2023.
Diniz cita conexão com a diretoria do Cruzeiro
Segundo Diniz, duas figuras foram essenciais para que fechasse com o Cruzeiro: Pedro Lourenço, dono do clube, e o CEO Alexandre Mattos: “Aqui no Cruzeiro há uma estrutura diferente, não é mais um clube estatutário. E isso me atraiu muito a vir para cá, de ter conexão.”
“As presenças do Pedro Lourenço e do Alexandre Mattos me atraíram. E essa conexão precisa existir, para saber para aonde a gente vai caminhar junto. Não dá para fazer (nada) sozinho. Aqui no Cruzeiro eu senti essa harmonia e foi o que me fez aceitar o convite”, afirmou.
Primeiro desafio de Diniz no Cruzeiro
A primeira missão de Diniz será o duelo de volta das quartas de final da Copa Sul-Americana, com o Libertad. O Cruzeiro enfrenta os paraguaios nesta quinta-feira, a partir das 21h30, no Mineirão, em Belo Horizonte.
“Todo mundo precisa de tempo, mas a gente sabe que precisa conquistar esse tempo. A gente precisa dar resultado rápido”, assegurou o técnico ao falar da realidade da profissão no país.
Se passar de fase, o Cruzeiro terá que disputar apenas mais dois jogos para poder chegar à decisão e brigar pelo título. O adversário na possível semifinal sairá do vencedor do confronto entre Lanús, da Argentina, e Independiente Medellin, da Colômbia.
Últimos cinco trabalhos de Diniz antes de chegar ao Cruzeiro
- Fluminense: foi contratado em abril de 2022 e demitido em junho deste ano. Na primeira temporada, saiu da zona de rebaixamento e terminou o Brasileirão na terceira posição, com 70 pontos. Em 2023, foi novamente campeão estadual e ganhou a Copa Libertadores. Já em 2024, levantou a Recopa Sul-Americana, mas deixou o Tricolor Carioca após início muito negativo na Série A.
- Seleção Brasileira: foi contratado como interino em julho de 2023 e demitido em janeiro de 2024. O aproveitamento abaixo do esperado nas Eliminatórias para a Copa do Mundo foi o fator determinante para a saída do cargo. Diniz conseguiu uma vitória, dois empates e três derrotas, mesmo diante de adversários tecnicamente inferiores.
- Vasco: foi contratado em setembro e deixou o clube em novembro de 2021, após não ter o vínculo renovado. A diretoria cruz-maltina optou pela saída porque Diniz não conseguiu atingir a meta de levar o clube de volta à Série A.
- Santos: foi contratado em maio e demitido em setembro de 2021, depois de uma sequência resultados negativos no Campeonato Brasileiro.
- São Paulo: foi contratado em setembro de 2019 e demitido em fevereiro de 2021, a poucos jogos da Série A de 2020. A competição teve o calendário estendido por causa da pandemia de COVID-19. Diniz iniciou a disputa muito bem e chegou a liderar o Brasileirão entre as rodadas 19 e 30. Depois, caiu vertiginosamente de rendimento, o que culminou na demissão do técnico.