CRUZEIRO

Em dois anos, Cruzeiro vai da Série B à final da Sul-Americana

Dias de luta e dias de glória! Assim pode ser definida a trajetória recente do Cruzeiro, que quase quebrou antes de virar SAF no fim de 2021
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Após longa sequência de infortúnios, torcedor do Cruzeiro voltou à normalidade. A espera por um novo título celeste pode estar com os dias contados. Em dois anos, a Raposa foi da Série B do Campeonato Brasileiro à final da Copa Sul-Americana. O momento mais difícil da história do clube parece definitivamente ter ficado para trás.

Com vitória por 1 a 0 sobre o Lanús, nessa quarta-feira (30/10), na Argentina, o Cruzeiro selou a vaga para a decisão continental. Na ida, as equipes haviam empatado por 1 a 1 no Mineirão, em Belo Horizonte.

A final da Sul-Americana será dia 23 de novembro (sábado), em horário não definido, na Nueva Olla, em Assunção, capital do Paraguai. O estádio escolhido para esta partida é a casa do Cerro Porteño, clube mais popular do país.

Cruzeiro viveu crise institucional entre 2019 e 2021

Entre 2013 e 2018, o Cruzeiro viveu temporadas prósperas, com dois troféus da Série A, dois da Copa do Brasil e três do Campeonato Mineiro. Não houve títulos internacionais nesse período, mas a equipe parecia no caminho certo para voltar a conquistar a América do Sul.

O choque de realidade veio em 2019, quando uma série de irregularidades administrativas foi exposta. Em meio às polêmicas extracampo, o time vivia má fase no Brasileirão. A queda de rendimento foi tão brusca que o Cruzeiro passou longos períodos sem vitória.

Mesmo com quatro treinadores diferentes, a Raposa não conseguiu se reabilitar e viveu o seu pior pesadelo: a queda para a Série B. Com apenas 36 pontos, os mineiros foram rebaixados na 16ª posição.

As crises administrativa e esportiva só aumentariam nos anos seguintes. Com trocas na diretoria e problemas financeiros e judiciários, o Cruzeiro enfrentou grande dificuldades em 2020 e 2021.

Esse cenário caótico fora das quatro linhas refletiu no péssimo desempenho na Segunda Divisão. Em 2020, a Raposa ficou apenas na 11ª posição, com 49 pontos. Quatro técnicos passaram pela equipe nessa temporada.

Um ano depois, veio o pior centenário já vivido por um dos grandes clubes brasileiros. Afundado em problemas, o Cruzeiro não conseguiu subir, lutou contra o rebaixamento à Série C e teve quatro treinadores diferentes.

Mas uma notícia positiva foi anunciada em no fim de 2021. Foi aprovada a criação da Sociedade Anônima de Futebol celeste. Antes da temporada acabar, a SAF ainda foi vendida para o ex-centroavante Ronaldo Fenômeno, que iniciou o período de reconstrução do Cruzeiro.

Anos de 2022 e 2023 marcaram o início da era SAF

Em 2022, o clube venceu a Série B e garantiu o acesso à elite nacional. Em paz com a torcida, a Raposa quebrou recordes na competição e teve ano leve, algo que deixou impressão positivo para a temporada seguinte.

Só que 2023 não foi tranquilo para o Cruzeiro. Vencedor da Segundona poucos meses antes, o técnico Paulo Pezzolano pediu para deixar o clube logo após eliminação para o América na semifinal Campeonato Mineiro.

Os dois treinadores seguintes não obtiveram bom desempenho, o que fez o Cruzeiro preferir terminar o ano com uma comissão técnica interina. Apesar de ter lutado durante alguns meses contra a queda, a equipe se distanciou do Z4 e obteve vaga para a Sul-Americana na última rodada da Série A.

Cruzeiro oscilou, mas voltou a prosperar em 2024

Dificuldades seguiram aparecendo ao longo de 2024. No fim de abril, Ronaldo anunciou a venda da SAF para o empresário Pedro Lourenço. O Fenômeno abriu mão do Cruzeiro após atingir teto de investimentos e demonstrar descontentamento com críticas dos torcedores.

Um dos primeiros passos de Pedrinho no comando do clube foi a contratação do CEO e a reformulação de toda a diretoria estrelada. O início da gestão do novo dono celeste marcada por altos investimentos e sete contratações para o elenco do Cruzeiro.

Dentro de campo, o ano foi de oscilações. No início de 2024, Nicolás Larcamón era o técnico. Ele foi demitido por Ronaldo depois de perder a final do Campeonato Mineiro para o Atlético e ser eliminado pelo Sousa, da Paraíba, na primeira fase da Copa do Brasil.

Como substituto, o ex-centroavante apostou no estreante Fernando Seabra, que comandava o Cruzeiro Sub-20. O treinador viveu bons momentos, mas foi demitido por Pedrinho em setembro, mesmo com boa campanha na Sul-Americana. A saída se deu por causa de uma sequência ruim no Brasileirão.

O escolhido para substituir Seabra foi Fernando Diniz, técnico que levou o Fluminense aos títulos da Copa Libertadores de 2023 e da Recopa Sul-Americana de 2024. Dali em diante, porém, nada fluiu até o triunfo sobre o Lanús.

Diniz empatou quatro e perdeu dois dos seis primeiros jogos no comando celeste. Além disso, lidou com forte pressão da torcida e polêmicas como a do atacante Rafa Silva, que agrediu um adversário e foi expulso com três segundos de jogo na derrota por 3 a 0 para o Athletico Paranaense, em Curitiba, na 31ª rodada do Brasileirão.

Mesmo com com cenário negativo, a Raposa superou as adversidades e venceu o Lanús fora de casa na semifinal da Sul-Americana. Com essa vitória, o Cruzeiro garantiu a sua 16ª final continental – a primeira desde 2009.

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