Racing x Cruzeiro será a primeira grande final que uma geração de pequenos torcedores celestes poderá assistir. Viajar até o Paraguai não foi uma tarefa fácil ou barata, mas dois pais investiram alto para realizar o sonho assistir à decisão da Copa Sul-Americana junto dos filhos. A paixão pelo clube é ‘hereditária’ e foi fomentada para as crianças mesmo no período de crise que a Raposa viveu nos últimos anos, com queda à Série B e dificuldades financeiras.
Agora a realidade é outra. Faltam dois dias para a final da Sul-Americana, partida que marca o retorno do Cruzeiro à briga por títulos internacionais. O confronto com o Racing será neste sábado (23/11), a partir das 17h, no Estádio General Pablo Rojas (La Nueva Olla), em Assunção.
Torcedor saiu do interior com o sonho de ver a história se repetir
A expectativa dos cruzeirenses é de voltar a Belo Horizonte com o título na bagagem. Para isso, o time estrelado terá que repetir o feito de 32 anos atrás, quando bateu os argentinos na final da Supercopa Libertadores.
Essa conquista foi relembrada pelo economista ipatinguense Diácomo Sena, de 42 anos, que viu o Cruzeiro golear o Racing por 4 a 0 no Mineirão, no duelo de ida da decisão de 1992. A Raposa perdeu a volta por 1 a 0, mas levantou a taça dentro do Estádio Presidente Perón (El Cilindro), em Avellaneda, na Grande Buenos Aires.
“Para nós é muito gratificante estar aqui hoje. Há 32 anos estive com meu pai na minha primeira final de torneio sul-americano. Eu tinha 10 dez anos, e foi contra o Racing. Agora, 32 anos se passaram, e meu filho está vindo na primeira final sul-americana dele. E contra o mesmo adversário. Por isso, eu vou jogar na mesma pedra que joguei há 32 anos: 4 a 0”, disse o torcedor.
Diácomo foi a Assunção junto do filho Leonardo, de 10 anos. A viagem de família começou em Ipatinga, no interior de Minas Gerais, e teve paradas em Belo Horizonte, São Paulo e Guarulhos.
“Eu espero muito um gol do MP (Matheus Pereira) igual ao que o (Marco Antônio) Boiadeiro fez naquele 4 a 0. Um gol de fora da área, praticamente depois da meia-lua do meio-campo. Um golaço que matou e fechou o caixão. Estamos esperando isso aí e a taça, que eu tenho certeza que o Cruzeiro vai buscar”, disse Diácomo, que contou ter perdido o pai em 2024.
“Gosto muito de (ver os jogos no estádio) porque é melhor que TV e dá para gritar e sentir que está lá junto com a torcida”, pontuou Leonardo.
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Paixão de pai e filho virou perfil de sucesso nas redes sociais
A experiência de Diácomo é similar a de José Augusto Neves, advogado de 44 anos que viajou de BH a Assunção com o filho Heitor, de 10.
O garoto faz sucesso nas redes sociais com vídeos sobre o Cruzeiro. Heitor tem quase 60 mil seguidores no Instagram. Em várias ´publicações do garoto, o pai, que é o maior incentivador, aparece como coadjuvante.
“Estou muito confiante, acho que vai ficar 2 a 1 (para o Cruzeiro). O primeiro gol vai ser do KJ9 (Kaio Jorge), e o segundo do MP10”, palpitou Heitor.
José Augusto repetiu a resposta do filho e cravou: “Eu falei para o Matheus Pereira: você vai fazer o gol do título. E eu acho que o (Fernando) Diniz vai falar com ele lá: ‘você vai fazer o gol do título’. Matheus Pereira, o gol do título é seu! E nós vamos levar a taça para Belo Horizonte!”
Últimas grandes finais do Cruzeiro
Antes de 2024, a última grande final jogada pelo Cruzeiro havia sido a da Copa do Brasil de 2018, contra o Corinthians. Com vitórias por 1 a 0 no Mineirão e 2 a 1 na Neo Química Arena, em São Paulo, a equipe celeste se sagrou hexacampeã do torneio.
No cenário internacional, o jejum era bem mais longo. A Raposa não chegava a uma decisão continental desde 2009, quando perdeu o título da Copa Libertadores para o Estudiantes, da Argentina.
O Cruzeiro empatou o jogo de ida por 1 a 1, no Estádio Jorge Luis Hirschi, em La Plata, na Grande Buenos Aires. Na volta, os mineiros até saíram na frente, mas levaram a virada e foram derrotados por 2 a 1 no Mineirão.