COPA SUL-AMERICANA

Campeão brasileiro pelo Cruzeiro, Zinho dá palpite para final da Sul-Americana

Ex-jogador do Cruzeiro e hoje comentarista da ESPN, Zinho espera confronto pegado com o Racing na decisão da Sul-Americana
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Zinho está na história do Cruzeiro por ter feito um dos gols da vitória por 2 a 1 sobre o Paysandu, em 30 de novembro de 2003, que valeu a conquista do Campeonato Brasileiro. O campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994 cobrou falta com curva aos sete minutos do primeiro tempo e surpreendeu o goleiro Carlos Germano, referência do Vasco e reserva na Copa de 1998.

Aos 36 anos naquela época, Zinho substituía o craque Alex, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Transcorridas mais de duas décadas, o ex-jogador e hoje comentarista da ESPN puxou pela memória os oito meses vitoriosos na Toca da Raposa e projetou a final da Copa Sul-Americana de 2024. O Cruzeiro enfrenta o Racing neste sábado (23), às 17h, em Assunção, no Paraguai. O duelo no Estádio General Pablo Rojas – “Nueva Olla Azulgrana” -, casa do Cerro Porteño, passará no SBT/Alterosa e na ESPN.

“É um momento de decisão. Estou muito à vontade porque joguei muitas decisões na carreira e participei de projetos em que o resultado veio rápido e de outros que demorou um pouco. O momento do Cruzeiro é de troca de comando, de SAF, treinador, chegadas de novos jogadores. É um ano com oscilações, pois está se formando tudo. Agora, o melhor é poder jogar uma decisão tão importante quanto a Sul-Americana e ser campeão. Isso ajuda na manutenção e lapidação do projeto, esse caminho que o Cruzeiro está traçando. O clube ainda tem muitas coisas para serem organizadas e ajustadas. Com o título ficaria melhor ainda”, afirmou Zinho, em entrevista ao No Ataque.

Ex-jogador - (foto: Reprodução / ESPN)
Zinho, comentarista da ESPN(foto: Reprodução / ESPN)

Experiência que faz diferença

Em mais de 20 anos de carreira, Zinho superou a marca de mil jogos e comemorou muitos títulos de expressão, como a Copa do Mundo de 1994, a Libertadores de 1999, quatro Campeonatos Brasileiros (1992, 1993, 1994, 2003) e três Copas do Brasil (1990, 1998, 2001). Segundo o site Futebol 80, o meia marcou 211 gols – a maior parte por Flamengo (65), Palmeiras (56) e Grêmio (43). Pelo Cruzeiro, foram três tentos em 32 jogos (17 entre os titulares e 15 como suplente).

“Quando a idade chega, você se torna um jogador útil fora de campo. Quando o Vanderlei me convidou, eu sabia da minha importância dentro do campo, mas também a minha conduta, liderança e atitude (fora do campo). Um cara que foi campeão do mundo estava no banco muitas vezes e foi titular em outras”, analisou o comentarista, ao ser perguntado da possibilidade de Lucas Silva, volante de 31 anos, ser a “surpresa” na equipe titular de Fernando Diniz.

“Todo mundo tem uma importância para o grupo. Às vezes o cara que vai decidir não é aquele que jogou todo o campeonato. O Cruzeiro tem vários jogadores. Lucas Silva é um cara experiente, um líder, com várias passagens por outras equipes. Já ganhou títulos no Cruzeiro, é um cara importantíssimo dentro e fora de campo. Se começar jogando, ótimo. Se não começar, serão importantes a liderança, a presença e a motivação dele. Os caras olharem para ele e saberem que ele será útil quando o treinador precisar. Tem cancha e moral para um jogo decisivo”.

Zinho
Diniz em conversa com Lucas Silva - (foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Fernando Diniz pode escalar Lucas Silva na equipe titular do Cruzeiro contra o Racing (Gustavo Aleixo/Cruzeiro)(foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

O adversário

Zinho analisou as características do Racing que desafiará o Cruzeiro na Sul-Americana. Para o comentarista, o time treinado por Gustavo Costas tem “intensidade” e “mental” fortes. Com relação ao favorito, evitou apontar algum, embora considere o clube brasileiro com mais talentos individuais. E disse esperar um confronto de muita estratégia por ambos os lados.

“O Racing tem o espírito das equipes argentinas de não desistir nunca. Um mental forte, uma intensidade forte, sabe jogar a competição. Os jogadores argentinos são malandros para mata-matas e jogos decisivos. O Cruzeiro tem que estar preparado para isso, igualar na parte física, na determinação, não entrar nas catimbas e nas provocações. É jogo único. Um vacilo, um probleminha, um descuido, você joga fora a final”.

“Creio que será um jogo de pegada, de disputa, de marcação, vontade, aplicação. É assim um jogo decisivo. Não acredito que vão de peito aberto. É o momento do jogo, um jogo igual, parelho, não tem um grande favorito. Um pode ter experiência maior, outro pode ter qualidade individual melhor – acho que o Cruzeiro tem. Mas o Racing é uma equipe forte e motivada. Quem estiver mais concentrado no jogo, isso pode ser decisivo”.

A passagem pelo Cruzeiro

No Cruzeiro de 2003, Zinho fez tanto o papel de camisa 10 quando Alex não estava em campo quanto jogou ao lado do ídolo cruzeirense. A contratação do experiente meio-campista ocorreu a pedido do técnico Vanderlei Luxemburgo.

Zinho comemora gol pelo Cruzeiro na vitória por 2 a 1 sobre o Paysandu (Jorge Gontijo/Estado de Minas – 30/11/2003)

“Foi um ano complicado pela minha saída do Palmeiras. Aceitando o projeto do Vanderlei, fui já sabendo que tinha um grupo fechado e que deveria buscar meu espaço. Era para ser um jogador de momentos importantes para o Vanderlei”, relembrou o comentarista, elegendo, em seguida, o momento mais marcante pela Raposa.

“Foram vários momentos importantes, mas o principal, claro, foi o jogo contra o Paysandu. O Alex, craque do time e melhor jogador do Brasil no ano, estava suspenso. Daí o Vanderlei, justamente nesse jogo, me colocou na posição em que o Alex jogava. Fui premiado em fazer o gol aos sete minutos do primeiro tempo. Todo mundo tenta tocar na bola, não pega em ninguém e entra direto. Um gol histórico e marcante, que abre para confirmar o título. Depois tivemos o gol do Mota, e o Paysandu descontou”.

Zinho

Zinho também alcançou uma marca especial no jogo contra o Juventude, em que o Cruzeiro perdeu de virada por 2 a 1, no Mineirão. “Bati o recorde de ser o jogador com mais partidas no Campeonato Brasileiro. Na época, cheguei a 331 jogos e me tornei recordista no Brasileiro”.

Cruzeiro campeão brasileiro de 2003

No Brasileirão de 2003, o Cruzeiro somou 100 pontos em 46 rodadas. A campanha teve 31 vitórias, sete empates e oito derrotas, com 102 gols feitos e 46 sofridos. O time mineiro abriu 13 pontos para o vice-campeão, Santos.

O quarteto formado por Alex (23), Aristizábal (21), Mota (15) e Deivid (15) foi responsável por mais de 72% dos tentos celestes na competição. Márcio Nobre (5), Marcinho (4), Zinho (3), Cris (3), Edu Dracena (3), Felipe Melo (2), Maurinho (2), Wendel (2), Leandro (1), Alex Alves (1), Thiago Gosling (1) também balançaram a rede.

Em pé: Artur, Maldonado, Leandro, Edu Dracena, Maurinho, Maicon, Felipe Melo, Thiago, Cris e Gomes. Agachados: Márcio Nobre, Aristizábal, Zinho, Sandro, Wendel, Augusto Recife, Marcinho e Mota. Foto: Paulo Filgueiras/EM D.A Press

Racing x Cruzeiro

Racing e Cruzeiro se enfrentam no sábado, a partir das 17h, no Estádio General Pablo Rojas (La Nueva Olla), em Assunção. A Conmebol vendeu 40 mil ingressos para a finalíssima da Sula.

O time argentino conta com o artilheiro Adrián Martínez, autor de nove gols no torneio. Na fase de grupos, La Academia passou em primeiro, com 15 pontos, à frente de Bragantino, Coquimbo Unido (Chile) e Sportivo Luqueño (Paraguai). No mata-mata, superou Huachipato (Chile), Athletico-PR e Corinthians.

Por sua vez, o clube mineiro somou 12 pontos na chave B, que contava com Universidad Católica (Equador), Alianza FC (Colômbia) e Unión La Calera (Chile). Nas fases eliminatórias, passou por Boca Juniors, Libertad (Paraguai) e Lanús.

Últimos títulos continentais

O título continental mais recente da Raposa foi em setembro de 1999, quando bateu o River Plate, da Argentina, na final da Recopa (edição de 1998).

Já o Racing, se vencer a Copa Sul-Americana, quebrará jejum ainda maior. Curiosamente, o último troféu internacional da Academia foi justamente diante do Cruzeiro – a Supercopa Libertadores, em junho de 1988.

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