O presidente do Mushuc Runa, Luis Alfonso Chungo, era só alegria depois da vitória do time equatoriano por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, nessa quarta-feira (9/4), no Mineirão, pela segunda rodada do Grupo E da Copa Sul-Americana. Apesar do resultado positivo na primeira experiência do clube em solo brasileiro, o dirigente preferiu destacar objetivos que extrapolam os limites das quatro linhas.
Luis Chungo acredita que a vitória em Belo Horizonte contribui para a visibilidade da principal meta do Mushuc Runa: a inclusão da comunidade indígena da cidade de Ambato no futebol profissional. Sem provocações ou polêmicas, o dirigente surpreendeu com uma postura cordial e elogiosa ao adversário de maior porte financeiro e tradição.
“O Cruzeiro é uma das equipes mais representativas. É um clube que atrai muita torcida e tem um dos melhores times do futebol brasileiro, com nomes como Gabigol e Lautaro Díaz, que jogou no Equador [no Independiente del Valle]. Mas, no campo, são onze contra onze”, iniciou Chungo, em entrevista ao No Ataque.
“Nosso objetivo é incluir os indígenas no futebol profissional. Não pensamos necessariamente em gols e dinheiro, mas estamos nesse caminho [da inclusão]. Estamos pela primeira vez no Brasil e está tudo muito bonito. Daqui a dois ou três anos, esperamos estar sempre jogando no Brasil e na Argentina”, projetou o presidente do ‘jovem’ clube de 22 anos.
Gratidão a ídolo do Cruzeiro
Um dos grandes ídolos da história do Cruzeiro, Juan Pablo Sorín se identificou com a proposta humanista do Mushuc Runa. O capitão da Seleção Argentina na Copa do Mundo de 2006 vestiu a camisa do clube em uma partida amistosa contra o Emelec, clube tradicional do Equador, em 2019, no Estádio Mushuc Runa, com capacidade para 8.200 espectadores. O ex-lateral-esquerdo ficou eternizado na história da equipe pela ‘humildade’.
“Sorín é um admirador do clube. Saudações ao Sorín, que talvez assistiu ao jogo. Gostamos muito dele e o respeitamos. Ele é uma pessoa humilde. Ele vestiu nossa camisa e jogou em nosso estádio. Somos uma comunidade a 3250 metros acima do nível do mar. Estamos felizes. Esse é o processo de uma vida”, exaltou.
História do Mushuc Runa
O Mushuc Runa Sporting Club foi criado em 2 janeiro de 2003, em Ambato, no Equador. Esse nome tem origem no quíchua, uma família de línguas indígenas bastante tradicional da América do Sul.
A ligação com os povos originários sul-americanos é motivo de orgulho para o Mushuc Runa, que faz referências às raízes no hino, no escudo, na mascote até na identidade visual do clube nas redes sociais.
Mushuc Runa significa “Homem Novo”. O time carrega o nome de uma cooperativa de poupança comunitária formada por indígenas Chibuleos da província de Tungurahua. Foi nessa região que o Ponchito (apelido da equipe) foi criado.
Classificação do Grupo E da Sul-Americana
- 1º Mushuc Runa, com seis pontos – duas vitórias em dois jogos (2 de saldo)
- 2º: Palestino, com três pontos – uma vitória e uma derrota em dois jogos (1 de saldo)
- 3º: Unión, com três pontos – uma vitória e uma derrota em dois jogos (-1 de saldo)
- 4º: Cruzeiro, com zero pontos – duas derrotas em dois jogos (-2 de saldo)
