Dois homens argentinos, de 26 e 36 anos, foram presos nesta quinta-feira (10), acusados de racismo contra torcedores do São Paulo, durante partida entre o time paulista e o San Lorenzo (ARG), no estádio do Morumbi, pela Copa Sul-Americana.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os casos foram registrados como preconceito de raça ou cor na 6ª Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva). O crime de racismo não é passível de pagamento de fiança, por isso eles ficarão presos e à disposição da Justiça.
Os dois, identificados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo como Matias Ezequiel Ramirez e David Emanuel Benedetto, passaram por audiência de custódia e tiveram as prisões em flagrante convertidas em preventiva.
Na audiência, eles foram representados pela Defensoria Pública de São Paulo. “Como de praxe, não nos manifestamos publicamente sobre casos criminais em andamento”, informou a assessoria do órgão.
A prisão preventiva não tem um prazo estipulado. Dessa forma, eles ficarão presos durante todo o processo de investigação ou até conseguirem uma decisão judicial que reverta o quadro.
Durante o intervalo da partida, policiais militares foram acionados pelas vítimas, um garoto de 12 anos e o pai dele, de 29. Os dois relataram os gestos racistas praticados pelos acusados e apresentaram vídeos em eles são flagrados nas ações.
Um deles foi registrado jogando uma banana na direção da torcida do São Paulo, que acabou acertando o menor de idade, enquanto o outro, que estava em um camarote destinado a dirigente do clube argentino, foi visto mostrando uma foto de um macaco para os torcedores são-paulinos.
Questionada pela reportagem, a assessoria do San Lorenzo disse que o homem não é diretor nem trabalha no clube.
Em nota, a agremiação argentina afirmou que os dois homens viajaram ao Brasil para torcer pela equipe. O clube alegou, ainda, que “teve de acomodar nos camarotes os torcedores que estavam sendo assediados pela torcida local, para resguardar sua integridade física” deles.
O San Lorenzo repudiou o tratamento recebido pelos seguranças e espectadores locais.
“O clube agradece a disposição do Consulado e Embaixada da Argentina que estiveram presentes no local e estão colaborando com o estado e situação processual dos detidos, juntamente com três dirigentes da instituição que, após o ocorrido, permanecem em São Paulo”, finaliza o comunicado oficial.
Ao Uol, o delegado Cesar Saad, da Drade, disse que as prisões em flagrante foram feitas com base principalmente nas imagens e também no depoimento das vítimas.
“As imagens acabam falando por si só, fica um pouco mais difícil de conseguir uma outra justificativa que não o gesto de macaco em si”, afirmou o delegado.
Após tomar conhecimento do ocorrido, o São Paulo procurou a família do garoto de 12 anos e o convidou para assistir um treino da equipe no CT da Barra Funda.
A família mora na Zona Leste de São Paulo e costuma frequentar os jogos da equipe tricolor no Morumbi. O garoto ficou bastante abalado com o ocorrido, o que motivou seu pai a levar a denúncia a diante.
Casos no futebol sul-americano
No mês passado, o preparador físico do time peruano Universitário, Sebastian Avellino Vargas, foi preso em flagrante por fazer gestos racistas contra a torcida do Corinthians durante uma partida na Neo Química Arena, em Itaquera.
Semanas depois, no entanto, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) tornou o profissional réu por injúria, mas determinou a sua liberdade pelo crime não ter sido cometido com violência física ou grave ameaça e por considerar que ele possui bons antecedentes.