
O atacante Dudu, do Cruzeiro, se defende em um processo movido pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira, na Justiça. Na argumentação contra a dirigente palmeirense, o atleta cita um ex-companheiro e atual rival local: o também atacante Rony, do Atlético. O No Ataque teve acesso aos documentos das duas partes envolvidas e traz detalhes a seguir.
Leila Pereira acionou Dudu judicialmente em 27 de janeiro e cobra o pagamento de R$ 500 mil por danos morais. Caso a acusação seja julgada procedente, a presidente alviverde pede que o valor seja destinado a uma instituição que atue em defesa das mulheres, a escolha do juiz.
O processo se deve a postagens no Instagram. Em janeiro, ao falar sobre a possível venda de Rony pelo Palmeiras, Leila disse que ele sairia pela porta da frente, diferentemente de Dudu. Foi quando o novo camisa 7 do Cruzeiro, que havia deixado o alviverde de forma conturbada, respondeu.
“O caminhão estava pesado e mandaram eu sair pela porta do fundo!!! (sic) Minha história foi gigante e sincera, diferente da sua, sra. Leila Pereira. Me esquece, vtnc”, escreveu Dudu, na rede social.
Em outra ocasião, também no Instagram, Dudu diz que Leila é “mais falsa que nota de R$ 2” – uma gafe, já que notas de R$ 2 existem.
Esses dois episódios embasam a cobrança de Leila na Justiça. Dudu, por sua vez, defende que não apenas não cometeu danos morais, como foi vítima de danos morais e psicológicos por parte da presidente palmeirense.
No documento, a advogada do atleta diz que a sigla “VTNC” – que popularmente significa “vai tomar no c*” – poderia ter sido usada por Dudu para expressar “Vim Trabalhar No Cruzeiro“.
Além disso, acusa Leila de ter “barrado” o jogador das partidas do Palmeiras na reta final de 2024 e cobra ao menos R$ 500 mil de indenização. A defesa de Dudu sugere que o valor seja destinado a instituição de caridade em prol de crianças em situação de vulnerabilidade a escolha do juiz.
Onde Rony entra na história?

Dudu e Rony foram companheiros de Palmeiras. O primeiro deixou o clube rumo ao Cruzeiro em dezembro de 2024, após assinar acordo de rescisão contratual com o alviverde. Segundo a defesa, o jogador abriu mão de aproximadamente R$ 25 milhões, já que tinha contrato até o fim deste ano.
Já Rony saiu do Palmeiras em fevereiro de 2025. Ele também tinha vínculo em vigor com o Verdão, mas, com pouco espaço no time comandado pelo técnico Abel Ferreira, passou a buscar um novo clube.
Com isso, acertou com o Atlético em uma negociação tensa, que quase caiu por conta de uma proposta do Vasco. O clube carioca ofereceu mais dinheiro a Rony, após o jogador ter dado o ‘sim’ ao Galo. Leila, então, disse que manteria a ‘palavra’ e não o negociaria com o Cruzmaltino.
Rony é citado diversas vezes no documento de defesa de Dudu, que contém 64 páginas e data de 11 de abril. Inicialmente, a advogada escreve que a situação do atleticano se assemelhava ao que o cruzeirense viveu no Palmeiras: ambos não estariam dispostos a deixar o clube paulista, mas teriam sido pressionados por Leila.
“Na mesma declaração concedida à mídia em que a Autora/Reconvinda (Leila) expôs publicamente o Réu/Reconvinte (Dudu), também anunciou, de forma unilateral, o fim do ciclo do atleta Rony no Palmeiras, jogador com 29 anos de idade, contrariando sua vontade expressa, mesmo estando ele com contrato vigente com o clube até 2026”, lê-se no documento.
“A Autora/Reconvinda (Leila) não apenas determinou a saída do atleta, como também impediu que ele aceitasse uma proposta contratual mais vantajosa financeiramente apresentada pelo Clube de Regatas Vasco da Gama, cuja remuneração ultrapassava R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) mensais. Em vez disso, determinou que o atleta celebrasse contrato com o Clube Atlético Mineiro, mesmo sendo a remuneração inferior”, segue.
De acordo com a defesa, Leila repetiu com Rony o que teria feito com Dudu. Nesse contexto é que o jogador teria aceito a proposta para defender o Atlético.
“O jogador Rony, diante dessa situação, aceitou a proposta menos vantajosa por receio de sofrer a mesma retaliação imposta ao Réu/Reconvinte, ou seja, ser mantido no elenco, mas relegado ao banco de reservas e alvo de hostilidade por parte da direção do clube”
Defesa de Dudu na Justiça
Em seguida, a defesa de Dudu cita que tanto ele, quanto Rony se envolveram em casos com “similitudes significativas, sobretudo no que se refere à ausência de poder de decisão quanto ao encerramento de seus ciclos no Palmeiras, mesmo possuindo contratos vigentes com o clube”.
É nesse contexto que a defesa alega que Leila teria repetido comportamentos e a acusa de “retaliações, assédio moral e psicológico” contra Dudu e de “abuso de poder”. Assim, conclui o processo cobrando os seguintes pontos:
- Que Dudu não seja considerado culpado;
- Que Leila seja proibida de mencionar o nome de Dudu ou a fatos relacionados a ele, sob pena de multa diária de pelo menos R$ 100 mil por cada menção;
- Que Leila seja condenada a pagar R$ 500 mil por danos morais (com correções monetárias e incidência de juros de mora de 1% ao mês a partir da data do “evento danoso”. Sugere-se que o valor seja destinado a uma instituição de caridade em prol de crianças em situação de vulnerabilidade;
- Que Leila faça uma retratação pessoal em uma declaração pública a veículos de comunicação. Na retratação, a dirigente deve dizer que Dudu não causou prejuízos ao Palmeiras, não saiu pela porta dos fundos e sempre exerceu a profissão com disciplina e cumpriu obrigações contratuais. Caso não cumpra, que pague multa de R$ 100 mil por dia;
- Que Leila veicule a retratação também nos canais de comunicação oficiais do Palmeiras; nos telões do Allianz Parque em áudio/vídeo em todas as partidas do clube pelo período de um ano, obrigatoriamente após a entrada dos jogadores em campo e no intervalo. Caso não cumpra, que pague multa de R$ 1 milhão por partida;
- Que Leila pague as custas processuais e honorários advocatícios.