Após o empate em 1 a 1 entre San Lorenzo, da Argentina, e Atlético, no Estádio Nuevo Gasômetro, em Buenos Aires, nessa terça-feira (13/8), pela ida das oitavas de final da Copa Libertadores, o técnico Gabriel Milito voltou a se irritar com pergunta de Guilherme Frossard, repórter setorista do Galo. Nesta quarta-feira (14/8), o jornalista se posicionou sobre a reposta do treinador, considerada “agressiva” por ele.
Em vídeo publicado no Canal do Frossard, no YouTube, o repórter disse que não entendeu por que Milito o respondeu com “tom agressivo”, já que, na visão dele, fez um questionamento “normal”. Guilherme deixou claro que “não vai mudar a postura” em relação ao trabalho do técnico argentino.
Relembre abaixo o atrito entre Milito e Frossard e veja o posicionamento completo do jornalista sobre o tema.
Entenda a situação
Frossard iniciou a pergunta citando erros defensivos do Galo nos últimos dois jogos – contra o San Lorenzo, jogo em que o alvinegro levou gol após passe errado do lateral-direito Renzo Saravia no campo defensivo, e contra o Cruzeiro, no Mineirão, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Antes que pudesse completar, o repórter foi interrompido pelo técnico argentino, que fez uma série de questionamentos a Frossard antes de mostrar irritação com o profissional.
Essa não é a primeira vez em que Milito se irrita durante uma entrevista coletiva. Recentemente, ele não tem gostado de alguns questionamentos da imprensa e já chegou a ter uma pequena discussão com o próprio Guilherme Frossard.
Veja o diálogo entre Frossard e Milito
Frossard: “Nos dois últimos jogos, hoje e no clássico, as principais chances do adversário foram em bolas que o Atlético perdeu em passes errados, em erros individuais defensivos. Você falou, ‘eu transmito a importância desses jogos’, mas tem acontecido com certa frequência, especialmente em jogos grandes.”
Milito: “Perdão, qual partida? Com Cruzeiro? Qual?”
Frossard: “O lance do Barreal, por exemplo, no primeiro tempo. A bola estava com Atlético, perdeu a bola, e houve a chance do Cruzeiro.”
Milito: “E você viu a situação do Scarpa?
Frossard: “Sim”.
Milito: “Sabe quanto tempo a equipe teve a bola? Quanto?”
Frossard: “Muito. Não sei.”
Milito: “Sabe quantos passes fez a equipe?”
Frossard: “Não. Minha pergunta é…”
Milito: “Eu quero contestar isso. Esse dia, que você fala, não importa se temos muito tempo a bola, vai acontecer de a perdemos. Mas não julgamos isso. Por isso falo do Cruzeiro. Foram dois minutos de posse, 38 passes que terminaram com finalização de Scarpa, que quase terminou em gol. Mas você não fala disso, fala hoje da bola perdida. Não vamos seguir julgando isso. Evidentemente, se não a perder, melhor. Mas nem todo perigo, os gols que fazemos vêm através desse estilo de jogo que eu escolhi. Falamos da perda, mas não fala da construção. Você não fala. Depois vou mandar seguir tudo isso, já que falou das perdas, quero que me fala. O que gosta? É isso ou aquilo? Assim entramos em acordo, porque é muito fácil criticar o erro e não elogiar o acerto. Então o que fazemos? Você me assegura que não a teremos e não tomaremos gol? Não pode assegurar isso. Primeiro para falar, há de fazer uma análise profunda, que é o que falta.”
Frossard: “Perfeito. A pergunta era só se você acha que falta um pouco mais de atenção, especialmente no campo de defesa.”
Milito: “Não. É futebol e pode acontecer”.
Veja o posicionamento completo de Frossard
“Faz parte. Não é a primeira e não vai ser a última vez que um treinador fica incomodado com uma pergunta minha em coletiva. O trabalho do jornalista é perguntar em cima daquilo que ele enxerga, desde que seja uma pergunta honesta, como eu sempre fiz, nunca fiz pergunta com o intuito de derrubar ninguém. Eu posso ter me expressado mal na pergunta, mas acho que não foi o caso.
Fato é que ele (Milito) não gostou e respondeu de uma forma que até faz sentido. O cerne da resposta dele me convence. É um discurso que o Fernando Diniz usou muitas vezes em coletivas no Fluminense, ele sempre era questionado quando o time tomava gol depois de perder bola no campo de defesa, respondia dizendo que corria o risco porque eu achava que vale a pena.
A resposta foi por esse caminho e é absolutamente legítima, eu realmente não entendi porque ele foi usou aquele tom mais agressivo, porque é um questionamento absolutamente normal. O Atlético tem episódios de bolas perdidas no campo de defesa, em alguns lances bolas displicentes, que geram perigo para o adversário – ontem (contra o San Lorenzo) tomamos um gol assim. Não foi uma pergunta com intuito de condenar o sistema, falar que não funciona, o Milito levou por esse lado.
Eu discordo (da resposta) pois acho que, mesmo correndo esse risco, dá para ter uma atenção maior e uma concentração maior para não errar esse tipo de jogada. A pergunta foi simplesmente sobre isso, a questão da atenção – ele discordou, tudo bem, é a visão dele, mas não achei que era uma pergunta para que ele ficasse naquele tom de nervosismo.
Vida que segue. Não vou mudar minha postura em relação ao trabalho do Milito por causa disso, não defendo ou ataco o trabalho de um treinador baseado na relação dele comigo, se eu acho o trabalho bom – como acho o do Milito, embora tenha problemas – eu vou sustentar essa opinião, não é porque ele me deu uma resposta atravessada que eu vou começar a ‘bater’ nele.”