
O dia 30 de novembro de 2024 estará eternamente marcado na memória dos torcedores do Atlético como um episódio doloroso. Essa dor é compartilhada pelo lateral-direito Mariano, ex-Galo e hoje jogador do América, que revelou trauma com a última final da Copa Libertadores, diante do Botafogo, em entrevista ao Charla Podcast.
Mariano foi um dos três jogadores que saíram do banco de reservas do técnico Gabriel Milito no intervalo da partida, quando o placar apontava vantagem de dois gols para o Botafogo no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires. O lateral-direito de 38 anos revelou a reação que teve com a expulsão precoce de Gregore e com os gols sofridos na etapa inicial do confronto.
“Quando o Gregore é expulso, estávamos eu e o Kardec do lado. O Kardec vira para mim e fala: ‘Pô, Mari! Agora vai, irmão!’. Eu falei: ‘Calma. Calma, calma, que o futebol é… Tem suas pegadinhas’. Foi o que aconteceu. Tipo assim… Todo mundo fala: ‘Pô, por que o Milito não mexeu, não fez isso, não fez aquilo?’. De fora, é muito mais fácil. O cara lá dentro, com um zagueiro que já estava acostumado a jogar ali naquela certa posição (Lyanco). A gente achou que ia sair o gol, que o Botafogo uma hora ia ceder. Só que foi ao contrário, né? Os caras têm um contra-ataque e fazem o gol”, relembrou.
“Um a mais com o time que a gente tinha, com os jogadores que a gente tinha, experientes e tudo mais… Não podia. Faz a falta, mata, faz alguma coisa (no primeiro gol). Um a mais em campo? Pegou todo mundo de surpresa. Até a gente! Quando saiu o segundo gol, a gente falou: ‘P*ts, f*deu’. O primeiro ainda, querendo ou não, você vai lá e empata, dá uma pressãozinha nos caras. Os caras com um a menos e tal. Mas foi o que eu mais respondi depois do jogo: ‘Não me fala desse jogo, pelo amor de Deus’. Eu não consegui nem ver, mano. Não consegui ver”, frisou o experiente defensor.
Mariano ainda lamentou o fato de que aquela provavelmente foi sua última oportunidade de disputar a Libertadores na carreira. Com o Coelho, em 2025, o jogador disputará a Série B do Campeonato Brasileiro.
“Para mim, era algo especial. Poderia ser minha última Libertadores, jogar uma final de Libertadores, ser campeão. (…) Você vê os caras com um a menos, o jogo todo pela frente. ‘Pô, ganhamos, velho. Campeão’. Tá maluco! No 11 para 11, a gente sabia que o Botafogo era favorito. Por quê? O Botafogo vinha em uma sequência de Brasileiro e Libertadores ganhando. A gente vinha de 10, 12 jogos sem ganhar. Perdendo a final da Copa do Brasil”, resgatou.

“Tinha que ter uma mudança”, afirma Mariano
O Atlético chegou à final da Libertadores com o peso de uma sequência de 10 jogos sem vitórias, com seis derrotas e quatro empates no período. Na concepção de Mariano, a equipe carecia de mudanças técnicas e táticas antes da final – não promovidas por Milito.
“Acho que foi um diferencial do nosso time, que tínhamos um treinador que dificilmente mudava o esquema dele de jogar. Era o estilo dele. Só que como eu falei, calendário brasileiro e futebol brasileiro são diferentes. Se você não entender, você se perde, fica para trás, os caras te atropelam. Demandava muito (o estilo), muito, fisicamente, e a gente não tinha muitas peças para repor e manter o que o Milito queria. A gente vinha de 10 ou 12 jogos sem ganhar, cara. Tinha que ter uma mudança. Você não vai mudar o time todo – e eu até falei isso em outros lugares, minha opinião. Você tem que mexer. Três, quatro peças ali no máximo, para ver se você dar uma outra cara”, frisou.
Neste início de 2025, Mariano disputou quatro jogos com a camisa do América – dois como titular e dois como reserva. No Coelho, ele disputa posição com Júlio e Samuel.