Um assunto que ainda incomoda os torcedores do Cruzeiro é a polêmica sobre a premiação da final da Copa Libertadores de 2009. Antes da partida decisiva contra o Estudiantes-ARG, no Mineirão, alguns atletas se desentenderam sobre a divisão do “bicho” em caso de conquista do título.
Para o atacante Thiago Ribeiro, a discussão não influenciou no resultado do time em campo. A Raposa não jogou bem e perdeu por 2 a 1 para o clube argentino, que ficou com o troféu continental.
“Isso não atrapalhou, não. Cara, para pra pensar: você está jogando uma final de Libertadores. Claro que ganhar premiação todo mundo gosta. Imagina você no seu trabalho, na sua área, você conseguir uma oportunidade naquilo que é o sonho de muitos. Você pode até ter dinheiro envolvido, mas você não vai pensar no dinheiro, vai pensar no seu sonho. A gente sabe que quem é campeão da Libertadores nos clubes fica marcado na história, nunca mais vai ser esquecido”, disse, em entrevista ao No Ataque.
“O último título do Cruzeiro foi em 1997 e até hoje os torcedores lembram do time campeão, lembram do gol do Elivélton. Aí eu te pergunto: você acha que premiação ia atrapalhar? Podia falar que não ia ter premiação nenhuma. Você acha que os jogadores não iam querer o título do mesmo jeito? Nesse momento, você não está pensando no dinheiro, está pensando em colocar seu nome na história”, acrescentou o atacante.
Thiago Ribeiro disse que debate de como deve ser dividida a premiação é normal no futebol. “Eu acredito que sempre que tem uma premiação os jogadores discutem a forma como a premiação vai ser dividida, tem grupos que decidem de uma maneira, outros de outra maneira. Tudo é combinado e, às vezes, tem um que pensa de um jeito, outros pensam de outro, e isso é normal”.
Como foi a discussão sobre a premiação
Após o empate por 0 a 0 no primeiro jogo da Argentina, os jogadores do Cruzeiro procuraram o então diretor de futebol do clube, Eduardo Maluf, para falar sobre premiação. O meia Wagner, em entrevista à Fox Sports em 2015, revelou bastidores daquele impasse.
“Antes da final, fomos falar sobre premiação. Fui eu, o Marcinho, o Fábio. E fomos conversar com o Maluf. Pedimos que a renda fosse destinada aos jogadores. O Zezé Perrella, impressionante, parece que ele tem uma calculadora na cabeça, ele pensou e falou ‘não, não, vocês vão ganhar muito dinheiro’. E a briga foi porque um jogador titular que jogou a semifinal ganharia 5 mil (valor fictício) se jogasse uma partida e 10 mil (valor fictício) se jogasse as duas”.
“Só que quem foi para o banco nas duas partidas e não entrou ganharia mais do que esse jogador que só jogou uma partida e era titular. Nesse momento eu falei: ‘cara, a gente tem a oportunidade de ganhar a Libertadores, você está pensando em mil reais, dois mil reais, vai ficar um legado para o resto da vida’. Falei: ‘Fábio, tira mil do meu, mil do seu, vamos juntar a gente dá para esse cara e pronto, acabou’”, revelou Wagner, sem citar nomes.
A decisão da Libertadores de 2009
No primeiro jogo, o Estudiantes criou oportunidades claras para ganhar o jogo, mas parou na grande atuação do goleiro Fábio. No fim do jogo, Kléber Gladiador teve uma chance de marcar, mas desperdiçou. O jogo de volta foi truncado, mas o Cruzeiro abriu o placar com Henrique, no início do segundo tempo. O Estudiantes virou com Gastón Fernández e Mauro Boselli. A torcida deixou o Mineirão decepcionada com a perda do título.
“Na Argentina, foi um jogo muito disputado, não teve gandes chances para a gente, o Estudiantes teve algumas chances que o Fábio fez boas defesas. Já no jogo da volta, no Mineirão, apesar de a gente ter saído à frente do placar com o gol do Henrique, a verdade é que a gente não fez um bom jogo. No primeiro tempo, você via que o time não estava rendendo bem. Já no segundo tempo, o Henrique fez o gol e pensei que a gente ia conseguir o título, porque mesmo sem jogar bem, a gente fez o gol, agora a gente se fecha e, no desespero do Estudiantes, a gente pode fazer o segundo e definir o jogo”, disse Thiago Ribeiro.
“Infelizmente, a gente logo tomou o empate, em quatro, cinco minutos. Não deu tempo do Estudiantes se desesperar, porque logo que levou o gol, eles empataram. A postura do Estudiantes foi a mesma. E na bola parada a gente levou a virada. No final do jogo, houve uma bola na trave de um chute meu. Peguei na veia e quando ela fez a trajetória eu pensei que seria gol, mas acabou explodindo no travessão, uma pena, porque seria o empate. Foi muito triste perder aquele título porque o título estava na mão”, completou.
