O faro de artilheiro de Germán Cano foi fundamental para levar o Fluminense à final da Copa Libertadores. Na decisão contra o Boca Juniors, o argentino terá a oportunidade de igualar ou superar um ícone do Cruzeiro na competição. Para isso, precisa marcar no confronto único de sábado, 4 de novembro, provavelmente às 17h, no Maracanã, no Rio de Janeiro.
Em 11 partidas na Libertadores 2023, Cano tem 12 gols. Foram seis na fase de grupos e seis nos mata-matas, com destaque para os jogos contra o Internacional, nas semifinais, em que balançou a rede duas vezes no Maracanã (empate por 2 a 2) e uma no Beira-Rio (vitória de virada por 2 a 1). Germán ainda estabeleceu hat-trick na goleada por 5 a 1 sobre o River Plate na chave D.
O camisa 14 do Fluminense se aproxima de Palhinha, referência do Cruzeiro na conquista da Copa Libertadores de 1976. Na campanha de 47 anos atrás, o ídolo celeste contabilizou 13 gols em 11 jogos – três nas finais contra o River Plate, da Argentina. O ex-meia-atacante, que morreu em julho de 2023, aos 73 anos, acumulou 25 gols em todas as participações no torneio.
No ranking de gols por edição da Libertadores, Cano está empatado com Pedro, do Flamengo (2022), e Jardel, do Grêmio (1995). Acima deles estão Palhinha, do Cruzeiro (1976), e Alberto Spencer, do Peñarol (1960). O líder é Daniel Onega, com 17 gols pelo River Plate em 1966, seguido de Luizão, do Corinthians (15 gols em 2000), e Norberto Raffo, do Racing (14 gols em 1967).
“Muito lindo. A gente deixou tudo dentro de campo. Jogamos contra um rival muito bom. Estávamos atrás no marcador, mas não deixamos de acreditar nunca, é um time de guerreiros. Estamos muito felizes de chegar à final. Aproveitamos as situações de gols, Graças a Deus pudemos marcar e passar à final”
Germán Cano, do Fluminense, após a vitória sobre o Inter
Números que impressionam
Aos 35 anos, Cano tem números impressionantes no Fluminense. Com o gol diante do Internacional, o argentino chegou a 80 em 120 jogos a serviço do Tricolor. No século 21, perde apenas para Fred, com 199. Entre os estrangeiros, está em terceiro, abaixo do também argentino Adolpho Milmam, conhecido como Russo (155 gols nas décadas de 1930 e 1940), e do inglês Henry Welfare (161 gols de 1913 a 1924).
Em 2023, além dos 12 gols na Libertadores, Germán soma sete no Campeonato Brasileiro (22 jogos), um na Copa do Brasil (quatro jogos) e 16 no Campeonato Carioca (13 jogos). Na temporada 2022, o experiente centroavante fez 44 gols em 70 partidas. O desempenho no Brasil já era positivo na passagem pelo clube anterior, o Vasco: 101 jogos e 43 gols de 2020 a 2021.
Germán Cano também se estabeleceu como ídolo do Independiente Medellín, da Colômbia. Em duas oportunidades – 2012 a 2014 e 2018 a 2019 -, totalizou 129 gols e 21 assistências em 196 apresentações. Os outros clubes são os argentinos Lanús, Chacarita Juniors e Colón; o colombiano Deportivo Pereira, o paraguaio Nacional e os mexicanos Pachuca e León. Segundo o site OGol, Cano tem 290 gols em 577 jogos na carreira.
Seleção Argentina?
Apesar das estatísticas extraordinárias no Brasil, Cano jamais foi lembrado para defender a Seleção Argentina. Uma das explicações é que ele não teve destaque em seu país quando representou Lanús, Chacarita Juniors e Colón. Outra tese é o sucesso “tardio”, a partir de 2018, já aos 30 anos.
O próprio atacante do Fluminense não tem esperanças em ser convocado pelo técnico Lionel Scaloni em meio à concorrência com Julián Álvarez (Manchester City) e Lautaro Martínez (Inter de Milão). Ele respondeu sobre o assunto à Rádio La Red, de Buenos Aires, em abril de 2023.
“É muito difícil pelo processo, com o time armado e sabendo os jogadores que a seleção tem, atuando todos tão bem. Eles nos representam da melhor maneira”.
Germán Cano
Na mesma entrevista, porém, Germán falou do carinho pelo país, a ponto de descartar um hipotético chamado à Seleção Brasileira em caso de naturalização. “Não aceitaria jogar para o Brasil. Gosto muito do meu país e da seleção”.
Quem comemora, no fim das contas, é a torcida do Fluminense, que poderá continuar vibrando com os gols do ídolo sem se preocupar com a temida “data Fifa” reservada a amistosos e competições de seleções nacionais.